terça-feira, 11 de abril de 2017

MPF processa Bolsonaro por ofensas à população negra em evento no Rio


Bolsonaro faz discurso de ódio no Clube Hebraica Em palestra no Clube Hebraica do Rio na segunda (3), o deputado Jair Bolsonaro prometeu acabar com todas as reservas indígenas e quilombolas caso seja eleito presidente. Enquanto ele recebia aplausos no auditório do clube, do lado de fora, integrantes da comunidade judaica protestavam contra a sua presença no local.

Se condenado, deputado federal pode ter que pagar indenização de R$ 300 mil por danos morais coletivos. 'Ultrapassa qualquer limite constitucional', dizem procuradores sobre fala de Bolsonaro.

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
O deputado federal pelo RJ Jair Messias Bolsonaro (PSC-RJ) está sendo processado pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro por danos morais coletivos a comunidades quilombolas e à população negra em geral. A ação foi protocolada nesta segunda-feira (10).
O MPF informou que na segunda-feira (3) o deputado realizou uma palestra no Clube Hebraica, em Laranjeiras, e lá ofendeu e depreciou a população negra e indivíduos pertencentes às comunidades quilombolas. O órgão também entendeu que o parlamentar incitou a discriminação contra estes povos. O G1 tentou entrar em contato com o deputado para receber um posionamento sobre a ação do MPF, mas, até a última atualização desta reportagem, o parlamentar não respondeu.
Na ação, os procuradores da República sustentam que Bolsonaro distorceu informações e fez uso de "expressões injuriosas, preconceituosas e discriminatórias com o claro propósito de ofender, ridicularizar, maltratar e desumanizar as comunidades quilombolas e a população negra".
No Hebraica, segundo MPF, o deputado afirmou, por exemplo, que visitou uma comunidade quilombola e "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas". Ainda citando a visita, disse também: "não fazem nada, eu acho que nem pra procriar servem mais". Para os procuradores da República Ana Padilha e Renato Machado, as afirmações "desumanizam as pessoas negras, retirando-lhes a honra e a dignidade ao associá-las à condição de animal".
"Com base nas humilhantes ofensas, é evidente que não podemos entender que o réu está acobertado pela liberdade de expressão, quando claramente ultrapassa qualquer limite constitucional, ofendendo a honra, a imagem e a dignidade das pessoas citadas, com base em atitudes inquestionavelmente preconceituosas e discriminatórias, consubstanciadas nas afirmações proferidas pelo réu na ocasião em comento", concluem os procuradores na ação.
Se for condenado, o deputado federal pode ser obrigado a pagar indenização coletiva no valor de R$ 300 mil pelos danos morais causados ao povo quilombola e à população negra em geral, a ser revertida em projetos de valorização da cultura e história dos quilombos, a serem indicados pela Fundação Cultural Palmares.

Deputados pedem investigação à PGR

Na última semana, parlamentares de PT e PCdoB protocolaram uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo para que o órgão apure se o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) cometeu racismo ao discursar em uma palestra no Rio de Janeiro.
O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão de 1 a 3 anos mais multa. Na época, o G1 procurou a assessoria de Bolsonaro, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
A representação do parlamentares se baseia em declarações dadas por Bolsonaro durante uma palestra no Clube Hebraica, nesta segunda (3), na qual o deputado disse que, se for eleito presidente em 2018, não destinará recursos para ONG e não vai ter "um centímetro demarcado" para reservas indígenas ou quilombolas.

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