sábado, 8 de abril de 2017

Advogado que espancou a ex-namorada em BH tem histórico de violência

Preso ontem, homem já responde processo por agressão a outra ex-namorada e tem passagens por uso de drogas e embriaguez ao volante

 
    
 postado em 06/04/2017 06:00 / atualizado em 06/04/2017 07:41

Túlio Santos/EM/DA Press
Um homem com histórico de violência doméstica, que responde a processo por agressão a uma ex-namorada, ocorrida em 2014, e que também tem passagem na polícia por uso de drogas e por dirigir embriagado. Os antecedentes do advogado Demétrio Antônio Vargas de Mattos, de 45 anos, contribuíram para que ele fosse preso preventivamente no final da manhã de ontem por acusação de tentativa de feminicídio contra a auxiliar de escritório Kely Loyola Pereira, de 41 anos, com quem ele manteve um relacionamento recentemente. A agressão foi registrada no último sábado, na casa da vítima, no Bairro Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte, e teve como motivo o término do namoro, anunciado por Kely, sob alegação de que Demétrio era muito possessivo e tinha comportamentos violentos. A reação do acusado foi brutal: ele espancou a mulher com socos e chutes. Ela teve 31 lesões, no rosto e pescoço, constatadas no exame de corpo e delito. 

Diante da gravidade do caso, do passado de violência de Demétrio, e do potencial risco de agredir outras mulheres, a delegada decidiu pedir a prisão preventiva do suspeito, autorizada pela Justiça. O mandado foi cumprido pela Polícia Civil, que esteve em quatro endereços até encontrar Demétrio na Avenida Álvares Cabral, próximo à residência da mãe dele, no Centro. De acordo com a delegada Amanda de Menezes Curty, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) Barreiro, ele não ofereceu resistência no momento da prisão, mas se negou a prestar qualquer esclarecimento durante a oitiva e informou apenas que se manifestaria em juízo. Demétrio foi levado para o Ceresp Gameleira e por estar preso preventivamente, não tem prazo para ser liberado.

Segundo a delegada, o indiciamento por tentativa de feminicídio, cuja pena varia de 12 a 30 anos, foi determinado pelas características da agressão. No dia em que Demétrio espancou Kely, ele havia ligado para ela e dito que iria à casa dela para pegar alguns pertences pessoais que lá estavam. Ela então desceu à portaria com a uma sacola, para entregá-los, quando foi surpreendida por uma rasteira dada pelo agressor. Ela caiu na calçada e ele começou a agredi-la com vários socos e chutes no rosto. Moradores que presenciaram a cena contaram à Polícia Militar que o homem “pisava na cabeça da vítima e a batia sobre o meio-fio do passeio. Segundo a delegada, as testemunhas disseram que ele só saiu do local depois que os vizinhos prestaram o socorro, o que mostra que a intenção dele seria realmente prosseguir com a as agressões”, disse. Por causa dos ferimentos, Kely perdeu os sentidos e ficou dois dias internada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Muito abalada, ela está fora de Belo Horizonte. Viajou na tentativa de se recuperar do trauma. Feminicídio: Vidas em risco na América Latina 

OUTRAS VÍTIMAS A advogada Isabel Araújo, que representa a auxiliar de escritório, afirmou ontem que sua cliente não é a primeira vítima de Demétrio. Segundo ela, ele responde por outro caso de violência doméstica praticado contra a ex-namorada Flávia Crepaldi, em 2014, quando a mesma terminou o namoro. A agressão, segundo a prima da vítima, a psicóloga Luciana Crepaldi, ocorreu na casa de Flávia, nos mesmos moldes do que fez com Kely. “Ela também morava no Buritis e ele conhecia o porteiro do prédio. Então foi à casa dela e a espancou até achar que ela havia morrido. Ela teve fraturas no crânio, nariz e mandíbula, esmagamento de dois dedos da mão direita e sequelas irreversíveis no cérebro. Ficou dois meses internada e tomou tanta medicação que desenvolveu uma cirrose e hoje está na fila do transplante”, lembra. A prima lamenta a morosidade da Justiça.

Ao sair da porta da Delegacia de Atendimento à Mulher, no Barro Preto, para onde foi levado inicialmente, o advogado chegou a justificar os crimes. “Eu tenho problema com alcoolismo. É um problema que eu já tentei vencer, mas sempre tenho recaídas. Eu jamais teria feito isso não fosse esse problema”, disse. Na avaliação da advogada de Kely, o depoimento é uma tentativa de amenizar a culpa, o que não vai ocorrer, ela acredita, diante da gravidade dos casos.

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