Em documentos revelados com exclusividade pelo Jornal Nacional, os dois delatores falam de uma fazenda que poderia ser de propriedade do presidente, além de uma medida de Temer para beneficiar a J&F no Porto de Santos. Segundo a reportagem, a J&F comprou uma área da Rodrimar para construir um terminal de cargas e escoar a produção da Eldorado Celulose.
No depoimento à PF, ainda segundo o JN, o ex-executivo também contou que o deputado federal Paulinho da Força, do Solidariedade, comentou com ele que Temer possui uma fazenda no interior de São Paulo em nome da Argeplan ou mesmo do coronel Lima. A Argeplan é a empresa do coronel reformado da PM de São Paulo João Baptista Lima Filho, amigo do presidente.
Saud disse que, inclusive, Paulinho da Força disse a ele que Temer havia lhe telefonado solicitando auxílio quando da invasão da fazenda de “um amigo” em questão pelo movimento dos sem terra (MST). Segundo o JN, Joesley também falou da fazenda em seu depoimento. Disse que “se recorda que Paulinho da Força comentou o depoente que existe uma fazenda no estado de São Paulo, em nome do coronel Lima ou da Argeplan, mas que na verdade seria de Temer. A fazenda, que seria a "Esmeralda", tem cerca de 1,5 mil hectares e foi invadida pelo MST em 2017.
Na semana passada, o delegado da PF Cleyber Malta Lopes, responsável pelas investigações, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prorrogação do inquérito por 60 dias. Caberá ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, analisar o pedido. O ministro já pediu um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a prorrogação. A PGR informou ao JN que “por iniciativa própria”, já pediu a ampliação do prazo de quebra do sigilo bancário e fiscal de “vários investigados, pessoas físicas e jurídicas”, inclusive de Temer.
A Secretaria de Comunicação da Presidência declarou ao JN que Temer não possui nenhuma fazenda e que o presidente jamais teve reunião com Saud para tratar sobre a Eldorado, nem interferiu a favor da empresa na Codesp. Paulinho da Força disse que em nenhum momento afirmou que a propriedade era de Temer.
A investigação foi alvo de polêmica nas últimas semanas, depois que o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, sinalizou possível arquivamento do inquérito que cita Temer. A declaração foi divulgada em entrevista à agência de notícias Reuters. A declaração levou Barroso a intimar o delegado a depor. Segovia negou ter dado a declaração, alegando que foi mal interpretado.
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