sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Guedes, tome o último cafezinho. Ao sair, deixe a luz acesa

 Na próxima semana, o mais tardar, o Governo deverá anunciar, com atraso (como nas ações contra Covid-19), medidas preventivas para dias piores. O Palácio do Planalto, portanto, admitirá escalada no desemprego e longo prazo deste colapso global.


O expediente, em tese, caberá ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Acontece que Guedes está de saco cheio, pois, há um ano e meio, só faz retirar pedras colocadas em seu caminho pelo próprio Governo. Mas, a próxima missão poderá ser dividida com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Este é o nome de peso que resta pasta da Economia, e poderá retirar a apatia que o ministro agregou aos seus discursos.

Depois da recessão, o agravamento de uma economia segue dois estágios: depressão (recessão persistente, com PIB abaixo do potencial) e estagnação (longo período de falta de crescimento).

Guedes esperneou. Bolsonaro fingiu

A “debandada” de uma penca de secretários, além da anunciada futura saída do presidente do Banco do Brasil, Rubens Moraes, Paulo Guedes, ontem (12/08pôs o gato em cima do telhado. Bradou, então, que sem apoio à sua política liberal, que passa por desestatização e freio gastos públicos, seria a última semana de Governo.

Paulo Guedes foi iniciado nas doutrinas liberais dentro da Universidade de Chicago. Teve como principal orientador nada menos que Milton Friedman, o pai intelectual da geração de “Chicago Boys” da geração do ministro brasileiro. O ministro é ex-banqueiro – um dos quatro fundadores do BTG Pactual.

Baixas na mesa de Guedes:

  • – Presidente do BNDES, Joaquim Levy (2019)
  • – Receita Federal, Marcos Cintra (2019)
  • – Secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo (maio)
  • – Secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida (julho)
  • – Diretor de Programas da Secretaria Especial de Fazenda, Caio Megale (julho)
  • – Secretário Especial de Desestatização, Salim Mattar (agosto)
  • – Secretário Especial de Desburocratização, Paulo Uebel (agosto)
  • – Presidente do Banco do Brasil, Rubens Moraes (anunciada para setembro)

Na falta de uma distração melhor, Bolsonaro fingiu que balançou com o gato do ministro. Armou circo com os chefes do Legislativo. Prometeu à Guedes aquilo que nunca fará: acatar suas ideias.

Rogério Marinho (E) desagradava Paulo Guedes (D) desde os tempos da Reforma da Previdência – Foto Agência Brasil

Marinho de bem na caserna

Bolsonaro está muito mais para o “Pró-Brasil”, o ‘plano Marshall’ dos generais do Planalto. À frente do plano, o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Neto.

mas, os generais, ao contrário do ministro da Economia, querem mais gastos públicos. Eles elaboraram projetos que somarão R$ 300 bilhões. Desses, contudo, R$ 50 bilhões devem sair do Tesouro Nacional como ponto de partida. Os militares não querem saber, portanto, grandes privatizações nem ficar refém do teto de gastos!

Os quatro estrelas chamaram o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Simonetti Marinho, para o lançamento. Guedes ficou de fora. Como secretário da Previdência e Trabalho, portanto, subordinado ao ministro da Economia, Marinho agradou aos militares. Os generais obtiveram aquilo que exigiram na Reforma da Previdência (outubro de 2019).

Hoje, então, os dois ministros civis têm conversas de bicudos. Não se dão.

É com esse plano que os generais pensam fazer o país navegar no pós-pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Generais do Planalto:

  • – Casa Civil, general Braga Neto
  • – Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos
  • – Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno

Entre dois ex-deputados

Na quarta-feira, Enquanto a batata do Guedes ardia no pregão da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) e mesas de câmbio, Bolsonaro e Marinho observavam. Nos momentos de suspiro, acertavam a viagem desta manhã – passeio, por obras da área portuária de Belém (PA).

Antes, porém, a dupla esteve obras de combate à seca no Nordeste. E seguirá um roteiro de viagens pelo país soprado sabe por quem? Respondeu Marinho? Acertou! Marinho é ex-deputado pelo PSDB-RN. Ou seja, conviveu com Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

O ministro da Economia, porém, não se deu conta de que, há algum tempo, o copeiro demora em levar o cafezinho. Pior: está chegando fraco e frio. E, de sobra, o servidor olha na cara dele e recomenda silencioso:

– Beba logo, pois, tenho de ajeitar a copa e pegar a patroa no cabeleireiro. Até às 14h15, pois, depois, ela irá se encontrar com as migas. Amanhã é sexta-feira. Portanto, fique atento, pois, a copa fechará às 12h!

Ou seja, Guedes nem precisará apagar a luz. O sucessor está cruzando a porta com meio corpo antes do ato!

DEPUTADA DO PSL APRESENTA PROJETO PARA EXTINGUIR COTA DE GÊNERO EM ELEIÇÕES

[fotografo]Pablo Valadares/Câmara dos Deputados[/fotografo]

14.08.2020 15:13  13


A deputada federal Caroline de Toni (PSL-SC) apresentou nesta sexta-feira (14) um projeto de lei para extinguir a reserva mínima de 30% para candidaturas de mulheres nas disputas por mandatos proporcionais. O projeto (veja a íntegra) replica o conteúdo de uma matéria apresentada em 2019 pela deputada Renata Abreu (Podemos-SP), que chegou a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sob relatoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), mas acabou retirada pela autora após convencimento da bancada feminina.

Segundo mudança na legislação eleitoral instituída em 2009, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo, nas eleições proporcionais, ou seja, para Câmara dos Deputados, para a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), para assembleias legislativas e câmaras municipais.

A autora do projeto entende que a norma eleitoral é carregada de ideologia e de difícil aplicação por parte dos partidos. “Para além de toda carga ideológica que cerca o tema igualdade de gênero, o fato é que, estritamente do ponto de vista prático, desde que essa famigerada cota foi inserida na legislação eleitoral pela Lei nº 12.034/2009, os partidos políticos têm enfrentado uma série de problemas com aplicação da referida norma”, justifica Caroline de Toni.

A deputada ainda argumenta que uma parcela pequena das mulheres se interessa por participar de atividades político-partidárias. “Conquanto seja louvável o incentivo à participação feminina na política, é inegável que infelizmente apenas uma parcela muito pequena das mulheres de fato, se interessa por desenvolver atividade político-partidária”, alega.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 44% dos filiados a partidos políticos são mulheres. No entanto, na Câmara dos Deputados, onde a cota é aplicável, elas representam 15% dos 513 deputados. Para a advogada Cecília Rodrigues, que atua na coordenação-geral da ONG Elas no Poder, há uma série de incongruências no projeto apresentado que não apontam o real motivo de mulheres não estarem conseguindo se eleger.

“Há um desestímulo intencional dos partidos para que as campanhas das mulheres façam menos sucesso do que a dos homens e alcancem um número menor de eleitores porque eles apostam mais em candidaturas masculinas do que nas femininas”, diz Cecília. Ela lembra as dificuldades encontradas pela atual deputada Tabata Amaral (PDT-SP), eleita em 2018.

No recém-lançado livro “Nosso Lugar: o Caminho Que Me Levou à Luta Por Mais Mulheres na Política”, Tabata coloca que encontrou resistências à sua candidatura dentro da própria sigla. Ela foi eleita com 264 mil votos – o partido calculava que ela teria cerca de 5 mil –, sendo a sexta pessoa mais votada para o cargo em São Paulo e a segunda mulher mais votada do país.

A advogada lembra também que 5% dos valores do fundo partidário devem ser destinados à capacitação de mulheres. Este ano, o TSE aplicou multa a 12 partidos que não estavam fomentando esse tipo de participação.

No projeto de lei, de Toni alega que, para cumprir a cota, muitos partidos acabam tendo que “praticamente implorar para que pessoas do sexo feminino aceitem se candidatar a uma vaga no Poder Legislativo”. Nas eleições de 2018, o PSL esteve no centro de um escândalo de candidaturas laranjas de mulheres, revelado por reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

“Sendo um partido um pouco mais de direita, eles têm essa tendência de achar que tem que ter uma mudança paulatina ou muito lenta ou então que já está bom, o suficiente”, afirma Cecília. “Mais mulheres na política não é questão ideológica, porque tem partidos de direita e de esquerda que estão se unindo na mesma causa, a exemplo da bancada feminina”, lembra a advogada.

Presidida pela deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), a bancada feminina é composta por deputadas de diferentes matizes ideológicas e atua em prol de incentivos à candidatura de mulheres.

 

Recentemente, visando as eleições municipais de 2020, a Câmara lançou um curso de capacitação política para mulheres por meio do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento (Cefor), idealizado a partir de uma demanda conjunta da bancada feminina e da primeira secretaria da Casa, comandada pela deputada Soraya Santos (PL-RJ).

O curso fornece conhecimentos de legislação eleitoral, financiamento de campanha e requisitos para se candidatar, bem como sobre o funcionamento do Estado brasileiro, a democracia e o orçamento público. A pré-candidata aprende como fazer uma boa estratégia de comunicação e como montar uma rede de apoiadores. Também são fornecidas informações a respeito de como fortalecer sua atuação dentro do partido político e utilizar o sistema eleitoral a seu favor.

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