Dois amigos saíram para caçar o animal, que vinha atacando o gado em fazendas da região, e um acabou atirando no outro sem querer.
"Atacar e se desculpar não resolve", diz jornalista que processa Bolsonaro...
Bianca Santana é colunista de Ecoa, no UOL, e recebeu pedido de desculpa de Jair Bolsonaro na live de 5ª-feiraImagem: Arquivo Pessoal
Pela menção ao seu nome, a jornalista escreveu um texto dias
depois e entrou com ação judicial com pedido indenizatório por danos morais
contra Bolsonaro. Ela diz que, na semana em que foi citada por ele, levantava a
discussão, por meio de texto publicado e discussões públicas, sobre as
vantagens que Bolsonaro poderia dar a mandantes do assassinato de Marielle
Franco e Anderson Gomes caso as investigações fossem federalizadas (o que não
aconteceu).
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Mesmo com a retratação do presidente, ela afirmou que
manterá o processo - e, para Universa, explica o porquê.
Entre outros efeitos, Bianca explica que dar seguimento à
ação colabora para a proteção à liberdade de imprensa. "O presidente é o
que mais ataca jornalistas no Brasil. E isso não se resolve com um pedido de
desculpa em um caso. Uma possibilidade de ele ser condenado na Justiça pode
inibir essa prática", resume.
A advogada e presidenta - como prefere ser chamada - da
comissão de Igualdade Racial da OAB-PE Manoela Alves faz coro à fala.
"Ainda que ele diga que está arrependido, a postura de ataque a jornalistas
virou uma praxe do governo Bolsonaro. Penso que a desculpa não terá tanto peso
no processo porque é uma conduta reiterada dele", analisa.
"E quando Bolsonaro falou o nome dela na live, que é o
meio que escolheu como oficial, estava ali no papel do Estado. Espero que quem
julgar o processo aja em consonância com o fato de que enquanto presidente da
República, deveria pautar suas ações sabendo que têm um peso muito maior".
Bianca Santana processa Bolsonaro por danos morais
Bolsonaro reconheceu o erro ao atribuir reportagem sobre
"PT tem propaganda barrada pelo TSE" à jornalista. Para ela, o
posicionamento oficial teve uma "simbologia importante", que
atravessa questão de identidade, liberdade de imprensa e de expressão e
mobilização jurídica para garantia de direitos.
Acho simbólico que as desculpas tenham sido a mim, mulher
negra, e espontaneamente.
"Em 2019, ele pediu à deputada Maria do Rosário, mas
por ordem judicial", diz. "Também acho significativo que tenha sido
nesse momento político, e para mostrar a força das mulheres negras,
especialmente quando estão organizadas coletivamente".
Santana diz ainda que Bolsonaro ter desmentido a associação
a seu nome suscita a possibilidade de sucesso quando entidades dos movimentos
negros e de direitos humanos entram na justiça para garantia dos direitos.
"E, para jornalistas/quem produz conteúdo, é sobre o
direito à liberdade de expressão. Não podemos receber acusações de que estamos
noticiando algo falso, quando não estamos".
A ação
Duas das três medidas práticas solicitadas na ação judicial
já foram cumpridas por Bolsonaro: a retratação pública e a retirada do vídeo em
que ele cita Bianca Santana das plataformas.
A equipe de cinco advogados que representam a jornalista -
que também está sendo assessorada pela Coalizão Negra por Direitos - ainda pede
indenização de R$ 50.000. A quantia, caso ela ganhe o caso, será destinada
inteiramente "ao Instituto Marielle Franco, para projetos dedicados à luta
por verdade, justiça e pela memória de Marielle", diz o documento.
"Após avaliação do grupo jurídico da Coalizão,
decidimos que a ação deveria ser individual por danos morais. O grupo estudou o
caso por entendermos que tem a ver com o texto que eu havia publicado sobre a
federalização do caso de Marielle".
Sheila de Carvalho é uma das advogadas que concebeu a peça
do caso e acredita que, se houver êxito, será criado um parâmetro positivo para
profissionais de comunicação que tiverem o mesmo direito violado. "Cria
jurisprudência, porque os ataques que Bolsonaro faz a jornalistas nas lives são
sistêmicos".
A indenização, ela diz, tem caráter educativo. "Ninguém
quer lucrar com a ação, a ideia é que ela sirva como mecanismo para que isso
não aconteça mais. A decisão de destinar à memória de Marielle, por sua vez, se
dá porque ela também foi uma mulher negra, alvo do bolsonarismo, e porque o
texto de Bianca era sobre a responsabilidade daqueles que estão perto do
presidente da República no caso Marielle".
Caberá agora à Justiça o entendimento do processo e se o
valor indenizatório será cumprido. "A retirada do material do ar e o
pedido de desculpa não tiram o dano causado à imagem e à honra de Bianca, que é
jornalista conhecida, que assume a postura de denunciar a relação da família
Bolsonaro com a milícia. Esse dano é imensurável", avalia Alves.
Universa pediu ao Planalto posicionamento para esta matéria
a respeito do caso. Até a publicação da reportagem, a Presidência não retornou
o e-mail.
Felipe Neto vai processar jornalista gaúcho que o chamou de 'pedófilo' e 'depravado'
Acusação foi feita durante exibição do programa Atualidades Pampa
1º.ago.2020 às 21h31 Erramos: esse conteúdo foi alteradoAtualizado: 2.ago.2020 às 15h10
SÃO PAULO
"Será processado cível e criminalmente. Muito obrigado, Edu". Foi assim que Felipe Neto, 32, anunciou que vai entrar na justiça contra Gustavo Victorino, 64, da TV Pampa, do Rio Grande do Sul. O jornalista gaúcho se referiu ao influenciador digital como "pedófilo" e "depravado" durante participação no programa Atualidades Pampa.
"Está sendo incensado hoje pela esquerda, pelos moderados para ser um exemplo para jovens. Eu quero ver chegar aqui na direção da Pampa e pedir para rodar seis ou sete vídeos deles [irmãos Neto], duvido que a direção me deixe rodar um deles. Vocês não acreditam no que esse cara diz às crianças. Ele é, sim, um sujeito que prega sexo entre crianças. Ele é, na minha opinião, um depravado, um pedófilo. Esse cara tinha que estar na cadeia", disse Victorino.
A assessoria de Felipe Neto foi procurada pelo F5 para falar sobre as ofensas proferidas pelo jornalista da TV Pampa contra o influenciador. Em comunicado, a assessoria informou que Neto não se pronunciará sobre qualquer acusação, mas que processará "todos aqueles que proferirem conteúdo difamatório, criarem ou compartilharem material que o relacione ao cometimento de crimes serão responsabilizados judicialmente, em âmbito cível e criminal" (leia íntegra abaixo).
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Imagens do youtuber Felipe Neto
Felipe Neto Instagram/felipeneto
Procurado, Gustavo Victorino não se manifestou até a publicação deste conteúdo.
É a segunda vez nesta semana que o nome de Felipe Neto aparece em uma polêmica. No dia 27 de julho, o youtuber foi alvo de fake news que o acusam de incentivar a pedofilia. Uma montagem de um tuíte falso que atribui ao influenciador a frase "criança é que nem doce, eu como escondido" vem sendo compartilhada em diferentes redes sociais, como Facebook e WhatsApp.
Felipe afirma que se trata de uma "mentira nojenta" articulada pela extrema-direita para arruinar com a sua reputação. "Todas essas postagens negativas são ataques orquestrados com o único objetivo de destruir reputações, o que comprova o quão inclinados ao ódio, silenciamento e perseguição são os envolvidos. Não preciso nem irei responder ódio com ódio, porque a verdade sempre prevalece."
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Leia a íntegra do comunicado de Felipe Neto.
"A assessoria de Felipe Neto informa que todos aqueles que proferirem conteúdo difamatório, criarem ou compartilharem material que o relacione ao cometimento de crimes serão responsabilizados judicialmente, em âmbito cível e criminal. Felipe Neto reafirma a defesa da liberdade de expressão, desde que obedecidos os limites legais. Todos aqueles que cometerem os crimes de calúnia, injúria e difamação, responderão por seus atos.
Ele afirma que não irá se pronunciar publicamente sobre qualquer acusação relacionando sua imagem a crimes, bem como afirmações mentirosas, levianas e irresponsáveis. As medidas tomadas e o desenrolar das mesmas serão realizadas somente através da Justiça, por meio de seus advogados. Os meios de comunicação não são terra sem lei e há de se ter compromisso e responsabilidade com aquilo que se fala."
ERRAMOS: O conteúdo desta página foi alterado para refletir o abaixo
01/08/2020 às 21h31
A declaração de Gustavo Victorino foi no programa Atualidades Pampa, e não no Pampas Altitudes. O texto foi corrigido.
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