Imagens feitas depois do atentado mostram adultos e crianças em choque ao se deparar com cadáveres empilhados próximo a uma piscina
Seis adultos e uma criança de sete anos morreram em um ataque a mão armada a um resort no México, neste sábado (15/4), informam autoridades locais. Outra pessoa teve ferimentos graves.
O crime aconteceu na cidade de Cortazar, no estado de Guanajuato, no México.
Imagens feitas depois do atentado mostram adultos e crianças em choque ao se deparar com cadáveres empilhados próximo a uma piscina.
Os agressores também danificaram a loja do resort e levaram as câmeras de segurança e o monitor. Depois, conseguiram fugir.
O departamento de segurança do município não sabe a motivação do ataque e nem a identidade dos criminosos.
Após clube divulgar imagens de crianças atirando com armas
de airsoft em GO, promotora diz que menores não podem passar por cursos de tiro:
'de forma alguma'
Clube suspendeu curso para crianças por tempo indeterminado
após recomendação do Ministério Público. Caso é acompanhado pelo Conselho
Tutelar de Jataí.
Por Pedro Moura, g1 Goiás
Crianças empunhando armas de pressão durante curso de atirador mirim no Clube de Caça e Tiro Hunter, — Foto: Reprodução/Hunter Jataí
O Clube de Caça e Tiro Hunter, responsável por dar cursos de
tiro para crianças, em Jataí, no sudoeste goiano, desrespeitou as regras
impostas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ao realizar as
atividades com os menores, segundo a promotora da Infância e Juventude de
Jataí, Patrícia Galvão.
Ela afirma que menores de 14 anos, em nenhuma hipótese,
podem realizar cursos de tiro, mesmo que as armas sejam de airsoft, como
ocorreu no clube jataiense.
“E um curso de tiro, formação em tiro, é algo que vai de
encontro com esse princípio da integral proteção. Então, apesar de não ser uma
arma de fogo, ela está sendo utilizada para o curso de formação e tiro. O menor
de 14 anos, em nenhuma hipótese, pode passar por um tipo de curso de tiro” afirmou.
Crianças sentadas enquanto seguram armas em Jataí — Foto: Reprodução/Instagram Hunter Jataí
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Aulas são suspensas
O clube suspendeu as aulas por tempo indeterminado após uma
recomendação da promotora. As imagens que mostravam crianças empunhando armas
de pressão, como são conhecidas as airsoft, também foram apagadas das redes
sociais do estabelecimento. As imagens haviam sido feitas durante um
treinamento de atirador mirim.
Em nota, o clube diz que as postagens foram retiradas
pensando no bem estar de todos os envolvidos no projeto, além de atender as
recomendações do MP.
O estabelecimento informou ainda que repudia qualquer forma
de violência e ódio, especialmente aquelas que ocorreram nas escolas, e
ressaltou que seu ambiente é seguro e saudável (veja nota completa no fim do
texto).
A Polícia Civil informou que não há indícios de que a
conduta praticada se amolde a algum tipo penal previsto no Código Penal ou na
legislação penal extravagante.
Portanto, não sendo caso de crime, não havendo tutela penal
ou investigação criminal cabíveis, as providências a serem adotadas se atém ao
previsto no ECA, que delimita outras providências a serem tomadas por outros
órgãos de direito fora da seara penal.
Crianças empunhando armas de pressão durante curso, em Jataí, Goiás — Foto: Reprodução/Instagram Hunter Jataí
Curso de tiro
O clube disse que o curso foi realizado no dia 1º deste mês
de forma recreativa, após a inscrição e autorização dos pais. O local informou
que foi um curso de tiro esportivo e manuseio da arma de pressão com
instrutores habilitados, na presença dos responsáveis dos menores.
Segundo o estabelecimento, a intenção foi ensinar o manuseio
do airsoft e demonstrar que, mesmo sendo um “brinquedo”, tem regras de uso para
evitar acidentes. O clube disse que atendeu todas as exigências legais e morais
para o evento e repudia qualquer prática irregular de tiro esportivo.
O g1 ouviu especialistas na área do direito criminal, de
segurança pública e da psicologia, que avaliaram o curso como prejudicial às
crianças, que estão em formação. De acordo com os estudiosos, mesmo não sendo
uma arma de fogo verdadeira, o curso pode estimular um comportamento violento
nos menores e estimular a cultura do ódio, ainda mais em um contexto de aumento
na violência nas escolas (entenda melhor abaixo).
Punições ao clube
Pedro Paulo de Medeiros, advogado criminal e membro do
Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), explicou que o curso não tem vedação
legal, ou seja, não é crime. No entanto, segundo o advogado, o clube precisa de
uma autorização administrativa que dê o direito expresso às crianças
participarem.
Caso essa autorização não exista, a empresa pode sofrer
penalidades administrativas, como a cassação da licença de funcionamento. O g1
questionou a Hunter Jataí se o clube tem a autorização administrativa para
ministrar o curso, mas não teve retorno até a última atualização desta
reportagem.
O advogado pontuou que o fato da arma ser de pressão não
exime a culpa do clube, pois o curso em si incentiva a formação de pessoas com
viés violento.
"É uma arma de pressão por um simples motivo: porque a
legislação não permite que criança pegue em arma de fogo. Caso contrário, pode
ter certeza que entregariam armas de fogo de verdade”, falou.
Fila de crianças com armas no clube, em Jataí, Goiás — Foto: Reprodução/Instagram Hunter Jataí
Alerta de especialistas
O antropólogo Robson Rodrigues, policial aposentado e
pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ), afirmou que é contra que crianças tenham acesso a esse
tipo de equipamento usado no curso. Segundo Robson, o curso pode estimular a
cultura da violência, ao invés de incentivar a paz.
“Temos que tomar cuidado com a arma, por mais que se alegue
que é defesa, caça ou esporte. O resultado é violento, mesmo o discurso dizendo
que não”, alertou.
Robson reforçou ainda que, com o aumento de casos de
violência em ambientes escolares, as instituições deveriam se preocupar em
promover um comportamento pacificador das crianças.
“Eu sou terminantemente contrário em virtude dos efeitos que
essa cultura, ou subcultura, pode acabar produzindo em crianças, jovens e
adolescentes que estão em formação. A gente precisa promover no país um outro
tipo de cultura de paz, em virtude dos números de violência, que são altos”,
disse.
Segundo Robson, qualquer ensino, quando mal conduzido, pode
ter efeitos contrários aos previstos. No caso de um curso de atiradores, por
exemplo, pode estimular o comportamento que vai na contramão do que as escolas
precisam.
“Neste caso de um equipamento de ar comprimido,
aparentemente não é tão letal, dependendo de como ele é utilizado, mas ele pode
ser letal sim. Você tem ali nas tenras idades das crianças uma aclimatação para
uma cultura que é muito perigosa”, afirmou.
O antropólogo pontuou ainda que os estudos apontam que o
Brasil é um país muito violento, em comparação a outros nas mesmas condições.
Por isso, a criação deste curso é ainda mais condenada, segundo Robson.
“A ideia é facilitar o trabalho da segurança pública em uma
forma geral. Você tem esses espaços atormentados pelo medo, pelo terror, isso é
deletério, eu acho de extremo mal gosto e estímulo para que crianças e
adolescentes tenham esse comportamento”, disse.
Danos psicológicos
A psicóloga Camila Wolf ressaltou que a sociedade vive em um
momento delicado de violência e tensão nos ambientes escolares e acredita que é
preocupante a escolha de pais colocarem os filhos em cursos de atirador
infantil. Camila alertou que as crianças podem não conseguir identificar as
diferenças entre uma arma real e uma arma falsa, o que aumenta o risco de
acidentes indevidos.
“É preciso saber qual o objetivo deste curso? Quais são as
razões que levam um pai ou mãe levar o filho para esse curso? É para defesa?
Esporte? Lazer? Será que não existem outras atividades disponíveis que são
capazes de atingir esse objetivo, mas que contribuem para o desenvolvimento
físico, emocional e social dessa criança?”, questionou.
No entanto, Camila ponderou que não é “uma regra” que esse
tipo de curso vai influenciar comportamentos violentos nas crianças. Os danos
em crianças inseridas em famílias estruturadas com diálogo e respeito, por
exemplo, pode nem chegar perto da dimensão dessa incentivo em famílias com
problemas.
“Quando existem outros elementos no contexto, como abandono,
violência, negligência, incitação ao ódio, humilhação, a situação fica mais
complicada e o acesso às armas se torna mais perigoso”, narrou.
Uma recomendação da psicóloga é que os pais incluam as
crianças em esportes que desenvolvam a tolerância, a frustração, que ensine os
menores a saber ganhar, perder, além de lições de companheirismo e senso de
coletividade, longe das armas.
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