Segundo a educadora, a foto foi 'sem noção' e 'totalmente inapropriada', mas fazia parte de uma brincadeira
A professora do Centro de Ensino Fundamental Zilda Arns,
Lorena Santos, de 28 anos, usou as redes sociais para tentar se justificar
sobre sua postagem com a legenda: "Look de hoje: especial massacre".
Segundo a educadora da rede pública do Distrito Federal, a
foto foi "sem noção" e "totalmente inapropriada", mas fazia
parte de uma brincadeira com "humor ácido" diante de uma situação de
caos, como são as ameaças a escolas.
Lorena disse que os docentes no Brasil "vivem com medo" e que isso faz parte do cotidiano. A professora destacou que foi a forma que encontrou para "lidar com o caos e as tragédias". "Então assim, a minha forma de lidar com o caos e as tragédias da minha vida é assim. Não vou mentir, muita gente me acompanha exatamente por este motivo. Porque gostam de ver esse tipo de coisa, de humor, de felicidade, apesar das dificuldades e dos traumas. Então, não vou mentir falando que não sou assim. Sou sim, daquele jeito, aquele tipo de situação, aquele tipo de humor é de mim, e ultrapassa o limite", explicou.
"Estou passando por todas as consequências, estou encarando tudo. Eu acho que as consequências têm que ser proporcionais", acrescentou a servidora que foi intimada e prestou esclarecimentos à Polícia Civil do DF. Para a professora, as acusações de que estaria incentivando os ataques não fazem sentindo "porque eu estava lá, na linha de frente" e não faria sentindo promover algo contra ela mesma.
"Já que a gente se vê de mãos atadas, a gente faz o que dá para fazer. Não foi diferente com essas ameaças. Já que não dá mais para gritar por segurança, gritar por socorro, a gente recorreu a 'o que que a gente pode fazer?' Usar uma roupa confortável, não usar salto, para se qualquer coisa acontecer, a gente esteja preparado", destacou.
"Nesse sentido, eu postei fazendo um paralelo àquela brincadeira que a gente faz: 'ah, se eu sofrer um acidente, pelo menos a minha calcinha não pode estar furada'. [?] A gente não tem o que fazer mais, a não ser se preocupar com uma coisa banal, que é uma roupa. A gente fica tão indignado que não tem o que fazer, que a única coisa que me resta é agir como sempre ajo diante de situações de caos, e traumas e perigos: esse tipo de humor ácido".
Lorena Santos
"Para enfatizar que estou na linha de frente, sou também uma possível vítima dos ataques, das ameaças e ataques. Nós, professores, não tivemos o privilégio de escolha de não irmos à escola. Os alunos tiveram essa escolha de não irem para escola", afirmou.
Confira, abaixo, o vídeo na íntegra:
Entenda o caso
Lorena Santos viralizou nas redes na manhã da última quinta-feira (20/04), ao postar uma foto diante de um espelho com a legenda: "Look de hoje: especial massacre". Na sequência, ela ainda completou dizendo: "Se eu morrer hoje, estarei belíssima, pelo menos". A professora fez a postagem em referência ao dia 20 de abril, quando aconteceu o massacre em Columbine, nos Estados Unidos, em 1999. Nesta quinta-feira, muitos estados ficaram em alerta e fizeram operações para combater ameaças e ataques nas escolas de todo o Brasil.
De acordo com as informações exclusiva da coluna Na Mira, do jornal Metrópoles, a conduta pode tipificar a contravenção penal de "provocar alarme, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto". A pena é prisão simples de 15 dias a seis meses ou pagamento de multa.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) repudiu a conduta da educadora e abriu procedimento de apuração. "A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal informa que instaurou um Procedimento de Investigação Preliminar para apurar a conduta da professora e ressalta, ainda, que repudia qualquer tipo de postagem que ressalte a violência. A Pasta reforça o compromisso e empenho na busca pela cultura de paz no ambiente escolar", diz o comunicado.
Em nota oficial, o órgão comunicou ainda que "a direção do CEF Doutora Zilda Arns do Itapoã tomou conhecimento do caso por meio das redes sociais e imediatamente pediu para que a professora excluísse a publicação".
"Somos tão vulneráveis e parecemos piadas perante o Estado. Mas já retirei a imagem. Não foi a intenção gerar polêmica", disse a educadora à publicação. Segundo ela, a postagem foi uma "posição perante as ameaças, de forma irônica".
Confira, abaixo, o post de Lorena Santos:
Após desentendimento, jovem é morto a tiros em Governador Valadares
Luan Guilherme de Oliveira, de 24 anos, teria ameaçado o suspeito e disse que voltaria para um acerto de contas.
Por g1 Vales de Minas Gerais
Jovem é morto a tiros em Governador Valadares — Foto: Redes sociais
Um jovem, de 24 anos, foi morto a tiros na noite dessa
quinta-feira (20), no bairro São Geraldo, em Governador Valadares.
Segundo a Polícia Militar, testemunhas disseram que Luan
Guilherme de Oliveira estava na garupa de um mototaxi, na rua Leonardo
Cristino, quando viu o autor do crime.
De acordo com o boletim de ocorrência, ao ver o autor, a
vítima pulou da moto tentou agredir o suspeito com uma faca.
Mas, foi surpreendido pelo homem que sacou uma arma e atirou
várias vezes nele. O jovem morreu na hora.
Ainda segundo a polícia, vítima e suspeito brigaram na parte
da tarde, por causa de um suposto envolvimento de Luan com a namorada do
suspeito. Testemunhas disseram que a vítima teria feito ameaças e dito que
voltaria para um acerto de contas.
Guarda presente em abordagem que terminou na morte de adolescente em Curitiba diz que jovem não era alvo de revista e que faca foi colocada no local
Caio Lemes, 17 anos, morreu com tiro na cabeça na Cidade
Industrial de Curitiba. Em boletim de ocorrência, guardas citam que adolescente
fazia parte de grupo que estava sendo revistado e teria fugido.
Por Mariah Colombo e Amanda Menezes, g1 PR e RPC — Curitiba
04/04/2023
Garoto de 17 anos estava no 3º ano do Ensino Médio — Foto: Arquivo da família
Segundo Bueno, Caio passou correndo pelo local onde ocorria
uma abordagem, momento em que começou a ser perseguido pela equipe policial. O
agente afirmou que acredita que o jovem tenha se assustado ao ver a abordagem
acontecendo e, por isso, correu.
"No momento em que nós descemos estavam só três
pessoas. O Caio não estava ali. O Caio não estava entre os abordados",
afirmou o guarda.
Caio morreu com um tiro na cabeça no fim de março, na Cidade
Industrial de Curitiba (CIC). Segundo o Boletim de Ocorrência registrado por
parte dos guardas envolvidos na abordagem, o adolescente fazia parte do grupo
que estava sendo revistado e teria fugido.
Anderson prestou depoimento na segunda-feira (3). A RPC teve
acesso ao relato do guarda, que apresenta uma versão diferente da registrada
inicialmente pelos outros agentes envolvidos na ação.
Conforme o boletim, após uma perseguição, o adolescente
tirou do boné uma faca de 25 centímetros. Edilson Pereira da Silva, um dos
agentes, disse ter se sentido ameaçado e, para resguardar a própria vida, disparou
com arma de fogo.
Entretanto, a versão vai de encontro com o relatado por
Anderson, que afirmou que a faca foi plantada no local. Leia mais a seguir.
Conforme o delegado, Eric Guedes, responsável pelo caso,
Anderson Bueno foi ouvido como testemunha. No dia da abordagem, o guarda era o
terceiro membro da equipe e cuidava da segurança do grupo.
De acordo com o delegado, Bueno não prestou depoimento na
Central de Flagrantes e nem participou da confecção do Boletim de Ocorrência.
Guedes entendeu que o guarda não cometeu o crime de fraude processual e,
portanto, não é mais investigado.
A dinâmica da abordagem segundo o agente
Segundo Anderson, após verem o estudante correndo, ele e
outro guarda da equipe, Edmar Junior, correram a pé em direção ao jovem.
O terceiro integrante da equipe, Edilson Pereira da Silva,
entrou na viatura policial e perseguiu Caio com o veículo, o alcançando mais
rapidamente.
Conforme o relato de Anderson, a viatura bateu contra uma
mureta, o que assustou Caio, que parou de correr, colocou as mãos na cabeça, se
ajoelhou e mencionou que iria deitar no chão.
Anderson afirma que logo em seguida ouviu um barulho de tiro, se aproximou e viu a lesão na cabeça do estudante. Ele conta ainda que pediu para que vizinhos chamassem o socorro para atender o jovem.
Agente afirma que Guarda Municipal não havia sido chamada
De acordo com o relato de Anderson Bueno, não houve pedido
da população para que a equipe fosse ao local. A versão também é diferente da
registrada inicialmente em Boletim de Ocorrência (B.O).
Segundo Bueno, o chefe da equipe quis passar pela região
porque havia suspeita de alguém com mandado de prisão em aberto circulando pelo
bairro.
De acordo com o boletim, os guardas foram ao local indicado
e viram quatro pessoas com as características citadas pelo denunciante, entre
elas, Caio.
Guarda demonstrou arrependimento
Conforme o depoimento do agente Anderson Bueno, o guarda
indicado como responsável pelo disparo demonstrou arrependimento logo após a
situação.
Bueno afirmou que após o tiro, Edilson Pereira da Silva
perguntou repetidamente "meu Deus, o que aconteceu?" e que ouviu o
colega dizer que "tinha acabado com a própria vida".
LEIA MAIS: Testemunha afirma à polícia que ouviu guarda
dizer 'putz, disparou' após estudante ser baleado em abordagem
Agente alega que faca foi implantada na cena
Anderson Bueno afirmou durante o depoimento que o jovem
baleado não estava com uma faca, como foi indicado pelo Boletim de Ocorrência.
Segundo o agente, após a situação ouviu um barulho de metal
caindo no chão e viu a faca próxima ao adolescente.
Entretanto, Bueno alega que o objeto havia sido apreendido
pela mesma equipe policial em uma abordagem anterior, feita no Parque Municipal
Mané Garrincha.
LEIA MAIS: À polícia, guarda municipal relata que estudante
baleado em abordagem não tinha faca
De acordo com guarda, faca foi colocada na cena após adolescente ser baleado — Foto: Reprodução
Rodrigo Cunha, advogado dos agentes investigados, afirmou
que a faca estava sim com o jovem e que a equipe agiu em legítima defesa.
"A versão de que a faca foi plantada no local do crime não coaduna com a verdade. Inclusive, esse mesmo guarda municipal, perante a Corregedoria da Guarda Municipal, relatou que não tinha condições de ver a situação. Portanto, o que nos temos é que antes ele era ouvido como investigado, agora ele foi ouvido em caráter de testemunha, está relatando isso, e conseguiu a benesse que a autoridade policial não o indiciaria. Nós mantemos a versão que os guardas municipais agiram naquela ação em total legítima defesa", afirmou.
Investigados prestam depoimento
Os dois guardas investigados pela morte de Caio também
prestaram depoimento na tarde de segunda-feira (3).
Edilson Pereira da Silva, guarda indicado como autor do disparo que vitimou o adolescente, é investigado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar – e fraude processual. O outro agente, Edmar Junior, é investigado por fraude processual.
Eles não falaram com a imprensa e permaneceram em silêncio
durante o depoimento.
A Prefeitura de Curitiba disse que os guardas envolvidos na situação estão afastados. A Guarda Municipal informou que está colaborando para que o caso seja esclarecido o mais rápido possível.
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