Investigação do MPSC começou há cerca de um ano e meio, após delações premiadas, rastreamento de celulares e apurações de documentos. Prisões equivalem, atualmente, a 5% de todos os prefeitos de Santa Catarina.
Por Caroline Borges, Joana Caldas, Sofia Mayer e Dagmara
Spautz, g1 SC e NSC TV
Prefeitos presos na Operação Mensageiro — Foto: NSC TV/ Reprodução
Deflagrada na manhã de quinta-feira (27), a 4ª fase da
operação Mensageiro somou 15 prefeitos presos no Estado e colocou sob a mira um
suposto esquema de corrupção na licitação de lixo em várias cidades de Santa
Catarina. Prisões equivalem, atualmente, a 5% de todos os prefeitos de Santa
Catarina e envolvem sete partidos.
A investigação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) começou há cerca de um ano e meio, após delações premiadas, rastreamento de celulares e apurações de documentos. Na 1ª fase, em 6 de dezembro de 2022, quatro prefeitos foram detidos.
Já na 2ª fase, em 2 de fevereiro de 2023, dois prefeitos
foram presos. Na 3ª fase, o prefeito de Tubarão teve o mandado de prisão
preventiva cumprido junto com o vice. Na 4ª fase, na quinta, foram presos oito
chefes do executivo municipal.
Prefeitos presos
Deyvison Souza (MDB), de Pescaria Brava;
Luiz Henrique Saliba (PP), de Papanduva;
Antônio Rodrigues (PP), de Balneário Barra do Sul.
Antônio Ceron (PSD), prefeito de Lages, que agora está em
prisão domiciliar;
Vicente Corrêa Costa (PL), de Capivari de Baixo;
Marlon Neuber (PL), de Itapoá;
Joares Ponticelli (PP), de Tubarão;
Luiz Carlos Tamanini (MDB), de Corupá;
Armindo Sesar Tassi (MDB), de Massaranduba;
Adriano Poffo (MDB), de Ibirama;
Adilson Lisczkovski (Patriota), de Major Vieira
Patrick Corrêa (Republicanos), de Imaruí.
Luiz Divonsir Shimoguiri (PSD), de Três Barras
Alfredo Cezar Dreher (Podemos), de Bela Vista do Toldo
Felipe Voigt (MDB), Schroeder
Também alvo de mandado de prisão, o prefeito Luis Antonio
Chiodini (PP), de Guaramirim, não foi encontrado. Ele está na Europa, em viagem
familiar, segundo a prefeitura.
O prefeito de Lages, Antônio Ceron, foi solto mediante ao uso de tornozeleira eletrônica por causa de problemas de saúde. O restante dos políticos está preso, sendo cinco réus no processo.
Segundo as investigações comandadas pelo Grupo de Atuação Especial
Segundo as investigações comandadas pelo Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), uma empresa catarinense seria
a responsável por pagar propina para agentes públicos no estado para ter acesso
a licitações em diferentes municípios.
Um empresário seria o responsável pela interlocução com
agentes públicos para a negociação de propina, confirme os investigadores. Esse
“mensageiro” não trabalharia mais na empresa há 10 anos, mas fazia o papel de
interlocutor com os agentes públicos.
VÍDEO e infográfico: Entenda a operação Mensageiro em SC
Três prefeitos viram réus na Operação Mensageiro em SC
Em dia de operação, outros dois prefeitos viram réus
Veja os presos em cada fase
Presos na 1ª fase e defesas
Presos na 2ª fase e defesas
Presos na 3ª fase e defesas
Presos na 4ª fase e defesas
O que diz a empresa investigada
A Serrana Engenharia, suspeita de fazer parte do esquema,
manifestou-se por nota no início de abril: "O Grupo informa que tem
histórico de mais de 30 anos de excelente execução dos contratos
administrativos e todos os fatos imputados à empresa na Operação Mensageiro não
possuem relação com a qualidade da prestação dos seus serviços aos municípios e
a população."
A empresa se disse "ciente da importância de rever seus
processos internos e afirma que está implantando programas de integridade e
regulação interna" e "que segue colaborando e acompanhando os
trâmites de todos os processos relacionados à Operação Mensageiro."
Já na quarta fase da Operação Mensageiro, em 27 de abril, o
grupo disse em nota que se manifestaria exclusivamente nos processos da
operação "em respeito ao sigilo judicial".
Confira o que dizem os presos na 4ª fase da operação:
Adilson Lisczkovski (Patriota): A reportagem tentou contato
com a defesa, mas não teve retorno até a publicação.
Adriano Poffo (MDB): Prefeitura de Ibirama disse que o
político permanecerá sob custódia da Justiça. O comunicado diz que “o
presidente do Poder Legislativo, Fernando Jost, iniciará o processo legal de
transmissão de cargo de chefe do Executivo ao vice-prefeito, Jucélio de
Andrade”.
Alfredo Cezar Dreher: A reportagem da NSC e do g1 Sc não conseguiu
contato com a defesa
Armindo Sesar Tassi (MDB): A reportagem da NSC e do g1 Sc
não conseguiu contato com a defesa.
Felipe Voigt (MDB): Prefeitura disse que não tinha
informações sobre os mandados cumpridos.
Luiz Carlos Tamanini (MDB): Em nota, a defesa afirmou que
não vai se manifestar já que o processo corre em segredo de Justiça.
Luiz Shimoguri (PSD): Município disse que o processo corre
em segredo de justiça e que aguarda a operação avançar para se manifestar.
Patrick Correa (Republicanos): A reportagem da NSC e do g1
Sc não conseguiu contato com a defesa.
Vicente Corrêa Costa (PL): À NSC TV, a defesa do prefeito
disse que a denúncia está amparada exclusivamente em colaboração premiada e que
o prefeito não faz parte do do grupo. "O prefeito e ex-secretário são
inocentes. Será provado durante a instrução criminal."
Antônio Ceron (PSD): Quando foi detido, o político afirmou
em nota que: "Reitero meu respeito ao Poder Judiciário, Ministério Público
e demais órgãos investigativos. Vou me dedicar a minha defesa".
Antônio Rodrigues (PP): Quando foi detido, a defesa disse
que ia pedir a soltura do político. Em nota, o município afirmou que "está
colaborando com às autoridades e aguarda que os fatos sejam devidamente
esclarecidos."
Luiz Henrique Saliba (PP): Quando foi detido, o advogado
Manolo Rodriguez Del Olmo declarou que "provará sua inocência e ele será
absolvido".
Deyvison Souza (MDB): quando foi detido, o gabinete do
prefeito disse que, "prezando pela transparência, forneceu toda a
documentação exigida, cooperando na apuração dos fatos", mas não comentou
sobre a prisão.
Joares Ponticelli (PP): Ao g1 SC, o advogado do político
disse que não há necessidade de o cliente seguir preso, pois as provas
processuais já foram produzidas e não há risco de Ponticelli fugir.
Marlon Neuber (PL): O advogado do prefeito, que atua na
defesa de outros investigados, como o cunhado do prefeito, Amilton José Reis, e
do chefe de gabinete, Jadiel Miotti do Nascimento, disse que “o recebimento da
denúncia é decisão que não significa reconhecimento da culpa”.
Defesa de prefeito alvo de mandado, mas que não foi preso:
Luiz Antonio Chiodini (PP): A defesa confirmou que houve a
expedição de um mandado de prisão contra o prefeito, que está em viagem. O
advogado informou que entrará em contato com o Ministério Público a respeito do
assunto.
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