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sábado, 29 de abril de 2023
Cúpula da PRF fez reunião sigilosa para interferir no 2º turno
Ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, convocou reunião emergencial 11 dias antes do pleito que definiu Lula como presidente
O Conselho Superior da Polícia Rodoviária Federal (PRF) deliberou sobre as operações que dificultaram a chegada de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às urnas, no segundo turno das eleições de 2022, durante uma reunião de emergência em Brasília, no dia 19 de outubro, 11 dias antes do pleito final. A cúpula da corporação tentou encobrir o encontro que teve a participação de 44 dos 49 integrantes do colegiado, que inclui diretores e superintendentes estaduais.
O plano, intitulado de “Operação Eleições 2022”, foi
repassado pelo então diretor-geral Silvinei Vasques, que em novembro virou réu
por improbidade administrativa ao pedir votos para Bolsonaro no segundo turno
das eleições. Segundo o blog da jornalista Malu Gaspar, de O Globo, a ata do
encontro foi manipulada para que não houvesse registro oficial.
O documento foi obtido pela Lei de Acesso à Informação (LAI), e informava apenas a discussão de temas triviais da PRF. A convocação de última hora e a realização presencial da reunião foram fatos atípicos que chamaram atenção. O colegiado geralmente se reune virtualmente, para evitar gastos com o deslocamento dos superintendentes estaduais.
No entanto, o blog da jornalista procurou agentes que
participaram da reunião e eles confirmaram que o principal tema em pauta foram
as operações durante o segundo turno. Segundo os agentes, na entrada do
auditório da PRF os participantes precisaram entregar os celulares para dois
agentes, o que era comum na gestão de Silvinei Vasques.
O ex-diretor-geral ainda teria dito que era hora da PRF tomar lado na disputa eleitoral. Por outro lado, eles também afirmaram que haviam justificativas plausíveis para o reforço das operações no nordeste, como denúncias de compra de voto e o aumento previsto de ônibus nas estradas.
Torres tinha mapa com redutos petistas
O ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL),
Anderson Torres, tinha uma planilha com informações detalhadas dos locais em
que Lula venceu no primeiro turno. O “mapa” teria sido usado por ele para
subsidiar as operações da PRF no segundo turno.
Parte das planilhas foi compartilhada pelo blog da jornalista Andréia Sadi, pelo g1, e confirmado por investigadores da PF como partes do inquérito que corre sob sigilo. Em Salvador, na Bahia, , por exemplo, onde Anderson Torres teria feito uma visita a superintendência da PF às vésperas do segundo turno, Lula recebeu 67% dos votos (1.022.728), enquanto Bolsonaro teve 24% (367.452).
No segundo turno das eleições, as abordagens da PRF, em ônibus, foram 70% maiores do que no primeiro turno. No entanto, o procedimento contra veículos de transporte de passageiros havia sido proibido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
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