quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Homem se fantasia de goleiro Bruno em festa de Halloween e gera revolta

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Um homem provocou revolta ao se fantasiar como o goleiro Bruno, condenado pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, para uma festa de Halloween nessa segunda-feira (1°). A foto da fantasia foi postada pela própria boate que organizou a festa, em Manaus, e a administração do estabelecimento culpou um estagiário após sofrer críticas.

Na foto, o homem aparece de costas, com uma camisa simulando a do Flamengo e com o nome “Bruno”. Ele ainda segurava um saco de lixo com o nome “Eliza”. A modelo assassinada teria sido esquartejada pelo companheiro em 2010.

Retratação

Logo, a página da boate que publicou a imagem, o “Porão do Alemão”, se encheu de críticas. Ainda ontem, o estabelecimento publicou um pedido de desculpas e afirmou que um estagiário de 20 anos foi responsável por postar a foto da fantasia do goleiro Bruno.

“O Porão do Alemão não compactua com apologia a qualquer crime, inclusive feminicídio. A foto foi postada pelo nosso estagiário que tem 20 anos de idade. O crime foi há cerca de 11 anos. Foi alegado desconhecimento, e a nossa moderação imediatamente ao ver a foto, apagou e advertiu o responsável”, diz o comunicado.

Ainda na publicação, o estabelecimento pediu desculpas pelo ocorrido e informou que o estagiário foi temporariamente afastado. “Apologia ao feminicídio é crime”, finalizou o “Porão do Alemão”.

Mesmo com a retratação, internautas seguiram criticando a boate. “Colocar a culpa no estagiário é tranquilo, mas bloquear a entrada do cidadão não fizeram. Isso não é fantasia, isso é a realidade do Brasil, apologia ao feminicídio”, comentou um usuário do Instagram. “Então o ‘estagiário’ de vocês publica o que quer sem a supervisão de um chefe?”, questionou outro.

Deputada vai denunciar

Após a repercussão da fantasia, a deputada estadual Joana Darc (PL/AM) repudiou o ocorrido e afirmou que vai denunciar o caso às autoridades. “Como mulher, me senti tão mal e ofendida ao ver isso … REVOLTANTE!!! Isso não é fantasia de Halloween, isso é apologia a um crime cometido contra uma mulher que foi estrangulada, esquartejada e morta”, escreveu.

“Que horror! Não podemos nos calar mulheres! Como membro da Comissão de Defesa das Mulheres da ALEAM [Assembleia Legislativa do Amazonas], deputada, mãe e mulher comunico que estou denunciando e representando às autoridades!”, completou a deputada.

A parlamentar citou o artigo 287 do Código Penal para sustentar sua denúncia. De acordo com a legislação, é crime “fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime”. A pena prevista é a detenção de três a seis meses, ou multa.

Apologia

No final do ano passado, um bar que expunha “piadas” de mau gosto, ironizando as mortes de Eliza Samudio, Isabella Nardoni, e a fome na Etiópia, foi multado pelo Procon-SP por apologia ao crime. O estabelecimento foi denunciado por consumidores e multado em R$ 1.134,85, ao divulgar “mensagens ofensivas à sociedade, ao ser humano e que incitam ao comportamento prejudicial”.

Frases como “Fazer as refeições juntos, une a família! Etiópia, povo sem união”; “O cão é o melhor amigo do homem – Goleiro Bruno” e “Filho a gente não cria pra nós. Cria pra jogar no mundo – Alexandre Nardoni”; e “Usa e devolva. Máscara comunitária”, foram escritas em tábuas, expostas nas paredes do bar Primata Parrilla, em Presidente Prudente (SP), e publicadas nas redes sociais.

Para o Procon-SP, as frases “remetem a situações sociais e crimes graves e desrespeitam valores da sociedade e do ser humano”.

“Além de infração administrativa, fato pelo qual já foi multado pelo Procon-SP, o bar cometeu crime ao fazer apologia de crime ou de fato criminoso. Por isso, encaminharemos o caso à Polícia Civil para providências”, afirmou à época Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP.

O goleiro Bruno

Em setembro de 2010, o goleiro Bruno Fernandes foi preso suspeito de envolvimento no sumiço da modelo Eliza Samudio, com quem mantinha uma relação íntima.

Em 2013, ele foi condenado a 20 anos e 9 meses de prisão pelo homicídio triplamente qualificado e ocultação do cadáver de Eliza e, também, pelo sequestro e cárcere privado do filho, o Bruninho.

A pena do ex-goleiro aumentou ao ser considerado pela Justiça como mandante do crime, mas reduzida depois que confessou os delitos. Há dois anos, o mineiro cumpre pena em regime semiaberto.

Em outubro de 2019, a mãe de Eliza, Sônia Samúdio, contou ao BHAZ sobre seu medo do assassino de sua filha se tornar um exemplo para crianças. Sua opinião sobre a ressocialização reafirma o discurso de Jéssica Senra.

“Acho que ele deveria trabalhar sim, mas numa outra profissão, onde não trabalhe com pessoas. O cenário, hoje, o transforma em ídolo, não em um reeducando condenado por crime hediondo. Me apavora a possibilidade dele ser o ídolo de uma criança, por exemplo”, contou Sônia.

Confira a entrevista completa e a visão de especialistas sobre ressocialização aqui.

Edição: Roberth Costa

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