quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Aos gritos, juíza de SC repreende e obriga testemunha a falar: 'o que a senhora deseja, excelência?'

 Caso ocorreu neste mês de novembro durante audiência trabalhista do Tribunal do Trabalho de Xanxerê, no Oeste catarinense. Tribunal Regional do Trabalho vai apurar conduta da magistrada.

Por John Pacheco, Ânderson Silva, g1 SC e NSC 

28/11/2023 


Juíza de SC repreende e obriga testemunha a falar: 'o que a senhora deseja, excelência?'

Juíza de SC repreende e obriga testemunha a falar: 'o que a senhora deseja, excelência?'

 Durante uma audiência trabalhista ocorrida na Vara da Justiça do Trabalho em Xanxerê, no Oeste de Santa Catarina, a juíza Kismara Brustolin repreende aos gritos uma testemunha e pede para que ele responda a ela. A situação foi registrada em vídeo e mostra a magistrada exigindo que o homem - aparentemente assustado - se dirija a ela com a frase: "O que a senhora deseja, excelência?".

No trecho, a juíza interrompe a fala do homem e pede que ele fale a frase. A testemunha questiona se é obrigado a dizê-la e a magistrada diz que não, porém insiste e rebate que "se ele não fizer isso, o depoimento terminará e não será considerado". Depois pede novamente para ele parar de falar e o chama de "bocudo" - expressão usada para designar alguém que está falando demais.

  

A NSC e o g1 SC tentam contato com a magistrada.

 

A sessão ocorreu em 14 de novembro, mas o recorte do vídeo repercutiu somente nesta terça-feira (28) e gerou manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina, que solicita providências e apuração do caso junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC).

 

O TRT-SC disse em nota na noite desta quarta-feira (28) que suspendeu a realização de audiências por parte da juíza e que "a Corregedoria Regional irá instaurar procedimento apuratório de irregularidade". A suspensão da realização de audiências deverá ser mantida até a conclusão do procedimento.

 

Juíza Kismara Brustolin, do TRT, durante sessão em Santa Catarina — Foto: Reprodução

 Confusão durante sessão

Durante a audiência, o advogado Pedro Henrique Piccini tenta explicar a dificuldade da testemunha em se manifestar, porque estaria numa feira no momento.

 

Em seguida, a juíza interrompe o defensor alegando que o homem teria faltado “com respeito”. Depois, a magistrada completa que a exclusão do depoimento ocorreu porque a testemunha “não cumpriu com a urbanidade e educação”. O g1 SC tenta contato com Piccini.

 

OAB cobra respostas

Na nota, a Ordem solicita ao presidente e ao corregedor do TRT-12 providências sobre o caso, que órgão considera como "atitudes e comportamentos agressivos para com os advogados".

 

“A atitude que vimos não pode acontecer. Nós, advogados e advogadas, partes e testemunhas devemos ser respeitados em todas as hipóteses e circunstâncias, sem elevação de tom, falas agressivas ou qualquer outro ato que viole nossas prerrogativas e nosso exercício da profissão. A OAB/SC seguirá acompanhando e apurando o caso, para que as devidas providências sejam tomadas”, diz a presidente da OAB-SC, Cláudia Prudêncio.

 

Confira o que diz o documento enviado pela Ordem ao TRT:

 

“A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Santa Catarina, por sua Presidente, vem por meio deste, solicitar apoio em razão de um lamentável ocorrido. Durante a audiência de instrução por videoconferência realizada no dia 14 de novembro deste ano, às 15h, na Vara de Trabalho de Xanxerê, a Juíza Substituta Kismara Brustolin apresentou atitudes e comportamentos agressivos para com os advogados, partes e testemunhas.

  

Por este motivo, solicitamos providências urgentes no sentido de apurar com rigor o ocorrido para que esse tipo de comportamento não volte a se repetir.” 

https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2023/11/28/juiza-de-sc-repreende-e-obriga-testemunha-a-falar-o-que-a-senhora-deseja-excelencia.ghtml

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