Segundo analistas políticos, não é possível quantificar a taxa de transferência de votos de Marina para Aécio com uma eventual declaração de apoio.
Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello, da
São Paulo/Brasília - Um eventual apoio de Marina Silva, candidata derrotada do PSB à Presidência, ao presidenciável do PSDB, Aécio Neves, por si só não basta para garantir a transferência dos votos marineiros ao tucano e, portanto, não é suficiente para assegurar vitória ao senador mineiro no segundo turno das eleições.
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Para analistas políticos ouvidos pela Reuters, não é possível quantificar a taxa de transferência de votos de Marina para Aécio com uma eventual declaração de apoio da ex-ministra à candidatura do PSDB.
"Não é assim, não é automático. Até porque, como ela não se posicionou na eleição passada, a gente não sabe qual é a sua capacidade de transferência de votos", disse o cientista político Benedito Tadeu César, do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais (Inpro).
Marina teve 22,1 milhões de votos na eleição de domingo, atrás da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, que obteve 43,2 milhões de votos, e de Aécio, que ficou com 34,8 milhões.
O desempenho eleitoral de Aécio, superior ao que vinham apontando as pesquisas, animou o mercado financeiro e fez com que as ações negociadas em bolsa de valores tivessem grande valorização na segunda-feira e que a cotação do dólar ante ao real tivesse queda significativa.
A expectativa de que Marina apoie Aécio manteve o ânimo dos investidores e o movimento de forte valorização dos papéis na bolsa de valores, principalmente de estatais, e de queda do dólar se repetia nesta terça, embora em intensidade menor.
Procuradas, as campanhas petista e tucana disseram ainda não ter estimativas de qual seria a transferência de votos de Marina para Aécio, caso a candidata do PSB anuncie um apoio ao tucano.
A campanha de Aécio e o próprio candidato, aliás, têm tratado o assunto com cautela, receosos de que Marina se sinta pressionada a apoiar o tucano e decida pela neutralidade, como fez mo segundo turno da eleição de 2010.
Dilma, por sua vez, disse esperar que os mais de 22 milhões de votos conquistados por Marina no domingo se dividam igualmente entre ela e Aécio.
Se Não Define, Não Atrapalha
Os analistas, por outro lado, afirmaram que, se não define o resultado do segundo turno no dia 26, um apoio de Marina a Aécio ajuda o tucano em sua estratégia de campanha daqui para frente.
"Lógico que ajuda. É uma pessoa, uma liderança, uma formadora de opinião, que você acredita. Se eu votei nela, é porque eu concordo com os seus alinhamentos, com os seus posicionamentos políticos, e então a sua opinião é relevante", disse Tadeu César, do Inpro.
Para Melo, do Insper, um eventual apoio de Marina a Aécio e, mais que isso, uma declaração pró-tucano da família de Eduardo Campos podem dar ao candidato do PSDB algo que nenhum presidenciável tucano teve nas últimas três eleições presidenciais.
"Você pode ter um enclave no Nordeste", disse o especialista referindo-se a Pernambuco, onde Marina foi a presidenciável mais votada no domingo e onde o PSB elegeu Paulo Câmara governador em primeiro turno.
O resultado se explica após a morte trágica de Eduardo Campos, que governou o Estado e encabeçava a chapa do PSB, na qual Marina era vice.
No Estado, o engajamento da família de Campos foi determinante para essas duas vitórias e, nesta terça, Câmara e o prefeito de Recife, Geraldo Julio, também muito ligado a Campos e eleito com o patrocínio dele no primeiro turno em 2012, participam em São Paulo das discussões do PSB sobre o posicionamento a legenda no segundo turno, que deve ser anunciado até quinta.
Em Pernambuco, Aécio teve somente 5,92 por cento dos votos válidos, Dilma teve 44,22 por cento e Marina venceu no Estado com 48,05 por cento.
Uma fonte ligada ao diretório pernambucano do PSB disse à Reuters que Renata Campos, viúva do ex-governador, sempre teve participação importante nas discussões partidárias mesmo quando o marido era vivo, que essa participação continua e que a "sinalização" do diretório é "pró-Aécio".
Antônio Campos, irmão do ex-governador, inclusive já declarou voto em Aécio em caráter pessoal.
Nas últimas eleições presidenciais os candidatos do PT tiveram votações expressivas e venceram na Região Nordeste, onde programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, têm grande presença.
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