A delegada titular da Decradi, Rita Salim, apontou o crime de racismo cometido pelo torcedor Ahmed Ali Mahanna. No pedido apresentado à Justiça neste domingo (5), Rita Salim destacou o risco do torcedor retornar ao seu país sem que seja julgado por seus atos no Brasil.
Por Felipe Freire, Rafael Nascimento, g1 Rio e TV Globo
05/11/2023
Em entrevista, torcedor do Boca chama tricolores de
'escravos, macacos de m*rda'
A delegada titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos
de Intolerância (Decradi), Rita Salim, pediu neste domingo (5) a prisão do
torcedor do Boca Juniors, Ahmed Ali Mahanna, pela suspeita do crime de racismo.
Na noite da última sexta-feira (3), o homem cometeu atos
racistas durante uma entrevista para um canal de televisão da Argentina, na
praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Na ocasião, ele chamou os
torcedores do Fluminense de "Escravos, macacos de m*rda".
A entrevista de Ahmed Ali Mahanna destoou de outras
conversas durante a mesma transmissão do canal de TV argentino. Ahmed nasceu no
Kuwait, no Oriente Médio, e atualmente mora na Argentina. Ele é tripulante de
voo e estuda para ser piloto de avião. Atualmente, Ahmed é funcionário da
companhia aérea CrossRacer.
Segundo a delegada responsável pelo caso, a fala do torcedor
do Boca Juniors é prova suficiente para o pedido de prisão.
"A entrevista veiculada pelo canal de TV argentino
demonstrou de forma clara, fidedigna a forma como ocorreu o fato noticiado.
Considerando que o indiciado possui nacionalidade argentina e durante sua
estadia em território brasileiro, ofendeu gravemente de forma racista todo um
grupo racial através de canal oficial veiculado através de toda mídia",
dizia um trecho do pedido de prisão contra Ahmed Ali Mahanna.
No pedido apresentado à Justiça neste domingo (5), Rita
Salim destacou o risco de o torcedor sair do país sem que seja julgado por seus
atos.
O g1 apurou que já existem fotos do torcedor do Boca em
vários hotéis do Rio. Além disso, a Polícia Federal foi alertada sobre a
possível saída dele do Brasil. A Polícia Civil do RJ chegou a pedir ajuda da
polícia Argentina para identificar o suspeito.
O pedido de prisão contra Ahmed já está nas mãos do
Ministério Público do Rio (MPRJ).
Ahmed Ali Mahanna nasceu no Kuwait, no Oriente Médio, e atualmente mora na Argentina. Ele é tripulante de voo e estuda para ser piloto de avião. — Foto: Reprodução
Ao g1, a delegada titular da Decradi afirmou que o homem
responderá por racismo.
"É inadmissível esse tipo de conduta, ainda mais em
especial, num clima de festivo, internacional. Não se pode tolerar, nem aqui e
nem em lugar nenhum, racismo, intolerância e discriminação", disse Rita
Salim.
Em uma entrevista ao vivo para a TV Todo Notícias, canal
mais conhecido na Argentina pela sigla TN, ele chamou tricolores de
"escravos" e "macacos de merda" ao ser questionamento sobre
as confusões entre as torcidas.
A briga, então, tinha acontecido na quarta-feira (1), quando
torcedores organizados do Fluminense atacaram um grupo de torcedores do Boca na
praia.
"Estivemos lá ontem e a família e as mulheres estavam
lá. Que esses covardes venham agora procurar o povo do Boca", diz o
torcedor.
A mulher, então, questiona sobre os distúrbios no dia
anterior na região.
"Que distúrbios, se eles têm medo? Escravos, macacos de
m*rda", grita o torcedor do Boca.
Logo após a fala ofensiva, a repórter claramente sai de perto do homem e procura por outros torcedores. Também é possível ouvir os jornalistas que estão no estúdio criticando a fala do torcedor.
Em entrevista à imprensa Argentina, torcedor do Boca chama tricolores de 'escravos, macacos de m*rda' — Foto: Reprodução
Em entrevista à imprensa Argentina, torcedor do Boca chama
tricolores de 'escravos, macacos de m*rda' — Foto: Reprodução
A integra da fala do torcedor em seu idioma, o castelhano, é
a seguinte:
"Estuvimos ayer y estaba la familia y las mujeres. Que
vengan ahora a buscar a la gente de Boca, estos cobardes. ¿Qué disturbios so
nos tienen miedo? Esclavos, monos de mierda".
Grande festa dos argentinos
Na mesma sexta-feira (3), o clima em Copacabana era de festa e descontração entre os milhares de torcedores do Boca Juniors que se reuniram na praia de Copacabana. A celebração dos torcedores aconteceu um dia após os confrontos que terminaram com 9 detidos na quinta-feira (2).
Um dia após confrontos em Copacabana, torcida do Boca volta
a ocupar faixa de areia
O grupo, novamente com bandeiras e entoando cantos, ocupava
totalmente a faixa de areia por um quarteirão inteiro por volta das 16h, na
altura do Othon Palace Hotel.
Na quinta-feira (2), sete torcedores argentinos e dois
brasileiros foram detidos e levados para a 13ª DP (Ipanema) após dois momentos
de confusão, na tarde e na noite de quinta-feira (2). Um torcedor chegou a se
filmar enquanto agredia um torcedor argentino.
Torcida do Boca em Copacabana — Foto: Raoni Alves/g1
Gesto racista
No dia da final da Copa Libertadores, entre Boca Junior e
Fluminense, no Maracanã, no último sábado (4), outro torcedor do Boca foi
flagrado fazendo um gesto racista na porta do estádio, na Zona Norte do Rio.
No dia, a TV Todo Notícias, canal mais conhecido na Argentina pela sigla TN, mostrava uma confusão de argentinos que tentaram entrar à força no Maracanã, mesmo estando sem ingressos. O homem se aproxima da câmera, que estava direcionada a um grupo, e imita um macaco, levando as mãos até às axilas e se balança.
RIO DE JANEIRO
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