Maique Reis foi um dos atletas que se manifestou contra a homofobia no caso Maurício de Souza
Imagem: Reprodução/Instagram
Do UOL, no Rio de Janeiro
Além dos patrocinadores, dois atletas do Minas também já vieram a público se manifestar contra a homofobia após a polêmica envolvendo o jogador Maurício Souza. Nesta terça-feira, o clube decidiu afastar o jogador que reiteradamente faz publicações deste tipo em suas redes sociais. O companheiro de equipe Maique e Carol Gattaz, do time feminino, soltaram a voz e clamaram por uma mudança no cenário. Jogadores de vôlei de outros clubes e da seleção brasileira também se posicionaram.
Depois de pressão dos patrocinadores, Mauricio foi dispensado do Minas, clube que defendia até a polêmica.
Carol postou a palavra "chega" e uma imagem com a seguinte mensagem: "Homofobia é crime. Racismo é crime. Respeito é OBRIGATÓRIO. Está na lei, garantido pela constituição. Já toleramos desrespeito, gracinhas e preconceitos disfarçados de opinião por muito tempo. CHEGA", disse Gattaz.
Maique, por sua vez, usou suas redes sociais para desmentir que tenha assinado um suposto documento de apoio a Maurício Souza e pedindo sua reintegração. O atleta fez questão de esclarecer a situação e se posicionou de maneira firme.
"Calma gente. Eu não assinei nada! E isso não me inclui. E continuo lutando pelos meus direitos e de nossa comunidade e de todo e qualquer tipo de preconceito. Isso que estão espalhando de eu apoiar algo é fake", disse Maique.
"E claro tem coisas que não compactuo e não aceito. E isso quem deve resolver é clube e não diz respeito a mim! E já deixei claro minha posição sobre. Agora eles que se entendam", completou o jogador do Minas.
Outro jogador que também já tinha se manifestado foi Douglas Souza, atualmente jogando no vôlei italiano. Homossexual assumido, ele também foi às redes sociais para parabenizar a atitude da Fiat.
"Obrigado Fiat pelo posicionamento. Obrigado por entender que homofobia não é liberdade de expressão ou opinião. Esperamos mais novidades", escreveu ele no Twitter, que completou o raciocínio no Stories do Instagram:
"Meu muito obrigado a Fiat não só por ter se posicionado, mas também por cobrar a atitude do clube. Isso é muito importante para a gente. Por mais marcas e empresas desse jeito. Não dá em pleno 2021 as pessoas acharem que liberdade de expressão é ser homofóbico. A gente espera atitudes e estamos no aguardo. Homofobia é crime, não é opinião."
Obrigado @FiatBR pelo posicionamento! Obrigado por entender que homofobia não é liberdade de expressão ou opinião. Esperamos mais novidades.
-- Douglas Souza (@DouglasCorreiaS) October 26, 2021
Outros atletas também usaram as redes sociais para se manifestar sobre o tema. Sheilla Castro destacou que homofobia é crime.
Bicampeã olímpica, Fabi Alvim também foi a público se posicionar, relembrando que homofobia é crime:
Entenda o caso
Apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro, Maurício Souza diversas vezes postou mensagens de teor homofóbico em suas redes sociais. Em 12 de outubro, dia das crianças, ele compartilhou a reprodução de uma reportagem sobre o desenho do Superman ter se assumido bissexual com o seguinte comentário: "A, é só um desenho, nada demais. Vai nessa e vamos ver onde vamos parar". Depois, postou a foto de uma jogadora de basquete transexual dizendo: "Se você achar algum homem nessa foto você é preconceituoso, transfóbico e homofóbico".
O Minas levou quase duas semanas para se posicionar, o que o fez ontem (25), quando soltou nota na prática defendendo o central. "Todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais", defendeu o clube da alta sociedade mineira.
"O Clube é apartidário, apolítico e preocupa-se com a inclusão, diversidade e demais causas sociais. Não aceitamos manifestações homofóbicas, racistas ou qualquer manifestação que fira a lei. A agremiação salienta que as opiniões do jogador não representam as crenças da instituição sócio-desportiva. O Minas Tênis Clube pondera que já conversou com o atleta e tem o orientado internamente sobre o assunto", continuou o Minas, sem explicar por que não puniu Maurício se não aceita manifestações homofóbicas.
A postura do clube gerou uma nova onda de mensagens críticas contra o Minas nas redes sociais. Só a postagem da nota no Instagram já teve mais de mil comentários. Na tentativa de pressionar o clube, torcedores foram também nas páginas dos patrocinadores, notadamente Fiat e Gerdau, para cobrar uma postura contra Maurício Souza e a homofobia.
No momento, o Minas está em uma sinuca. Ao mesmo tempo que o central da equipe masculina, e um dos principais atletas do clube, tem posturas homofóbicas e repudia um beijo entre duas pessoas do mesmo sexo, a capitã da equipe feminina de vôlei, e outras das principais estrelas do clube, Carol Gattaz, já teve relações públicas com mulheres. Também pela presença de Gattaz, parte significativa da grande torcida do clube é LBTQIA+. No elenco do time masculino, o líbero Maique é gay.
A pressão da torcida sobre os patrocinadores, e desses sobre o clube, visa pressionar financeiramente o Minas e seus associados. Os times de vôlei do Minas estão entre as maiores folhas salariais do país, bancadas por patrocinadores. Se eles saírem, a conta de uma temporada que está só começando recairia sobre as receitas da área social, da mensalidade dos associados.
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