Pelo menos três recursos que foram apresentados a Corte estão pendentes
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, pretende pautar para depois das eleições municipais uma ação que tenta impugnar a chapa do presidente eleito Jair Bolsonaro e o vice-presidente eleito Hamilton Mourão por suspeitas de irregularidades na campanha de 2018. Segundo Luís Roberto Barroso, ao menos três recursos que foram apresentados ao TSE estão pendentes — sendo que dois sequer foram apreciados pela corregedoria do Tribunal. O terceiro já foi liberado e deve ser votado e julgado até o fim de 2021.
Luís Roberto Barroso deu detalhes. Ao ser questionado em uma conferência com correspondentes estrangeiros na quinta-feira (12) sobre qual seria o recurso mais turbulento, ele afirmou que em tese é o que aponta suposta ligação entre a chapa eleita a empresas privadas — que teriam feito disparos em massa de mensagens nas redes sociais. Esses disparos foram feitos a favor da chapa e, principalmente, contra opositores de Bolsonaro e Mourão.
Barroso destacou ainda que não pautou o julgamento da matéria por considerá-la sensível e para evitar instabilidades no período pré-eleitoral. Ele adicionou que o TSE não deve ser visto como terceiro turno das eleições e que os julgamentos na Corte se baseiam exclusivamente em questões jurídicas e provas dos autos. Segundo ele, uma autoridade do governo federal recentemente perguntou a ele se o presidente Bolsonaro deveria se preocupar com o julgamento no TSE. Barroso disse que respondeu da seguinte forma: “Deve se preocupar só se o presidente fez alguma coisa errada.”
*Com informações do repórter Rodrigo Viga
Sete vezes em que o Carrefour atuou com descaso e violência
Um homem foi morto após ser espancado em loja do RS nesta
quinta (19); episódio se soma a uma série de outros casos
Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 20 de Novembro de 2020 às
11:22
Casos de racismo, violações trabalhistas e agressões contra animais também aconteceram em supermercados da rede - Foto: Bertand Guay/AFP
Agressão e morte de cliente por policial e segurança-01
A rede de supermercados Carrefour está envolvida em mais um
caso de violência envolvendo seus funcionários e uma de suas unidades. Na noite
desta quinta-feira (19), um homem negro foi espancado até a morte em uma loja
localizada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi agredido por um policial militar e por um segurança terceirizado do supermercado. Ambos foram presos em flagrante e são investigados por homicídio qualificado.
Segundo a Brigada Militar, como é chamada a corporação do
Rio Grande do Sul, as agressões começaram após um desentendimento entre a
vítima fatal e uma funcionária do local. Freitas teria ameaçado bater na
funcionária, que acionou a segurança.
De acordo com imagens que circulam amplamente nas redes
sociais, ele teria sido levado para a entrada da loja e, segundo a Polícia
Civil, teria iniciado o conflito. Logo depois, se tornou alvo do espancamento
pelos outros dois homens.
Confira, abaixo, as cenas chocantes:
As imagens retratam ainda outros seguranças ajudando a
imobilizar a vítima. Após uma série de socos e chutes, o homem, desacordado,
foi socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu), que tentou reanimá-lo sem sucesso.
Em nota, o Carrefour declarou que iniciou rigorosa apuração
interna do caso.
“Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é
admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos
profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os
desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais”,
diz trecho do comunicado.
Entretanto, o supermercado carrega um histórico com
episódios recentes de violência, racismo e descaso envolvendo os clientes e os
próprios funcionários. Confira:
Morte ignorada-2
Corpo de representante de vendas que morreu enquanto trabalhava em supermercado no Recife foi coberto com guarda-sóis e isolado por caixas e tapumes improvisados — Foto: Renato Barbosa/WhatsApp
Em 14 de agosto deste ano, um promotor de vendas do
Carrefour faleceu enquanto trabalhava em uma unidade do grupo, em Recife (PE).
Manoel Moisés Cavalcante tinha 59 anos e atuava como promotor de vendas — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Twitter e no Facebook.
Em nota, o Carrefour lamentou a morte de Moisés e informou que os protocolos serão alterados.
O corpo de Moisés Santos, de 53 anos, foi coberto com
guarda-sóis e cercado por caixas, para que a loja seguisse em funcionamento e
permaneceu no local entre 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico
Legal (IML).
À época, o Carrefour pediu desculpas “em relação à forma
inadequada que tratou o triste e inesperado falecimento do Sr. Moisés Santos,
vítima de um ataque cardíaco” e afirmou que errou ao não fechar a loja
imediatamente após o ocorrido. A atitude da loja foi considerada desumana e
amplamente criticada.
Controle de idas ao banheiro -03
Em maio de 2019, a Justiça do Trabalho de São Paulo concedeu
liminar pedida pelo Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região contra o
Carrefour, que estaria controlando a ida dos empregados ao banheiro.
A juíza Ivana Meller Santana, da 5ª Vara do Trabalho de
Osasco, identificou condições consideradas degradantes para os trabalhadores.
De acordo com o Sindicato dos Comerciários, nas sedes de
sete cidades (Barueri, Carapicuíba, Embu, Itapevi, Jandira, Osasco e Taboão da
Serra), operadores de atendimento e de telemarketing são obrigados a utilizar
"filas eletrônicas" para o uso do banheiro.
Além disso, devem manifestar necessidade do uso, registrando
o nome no sistema eletrônico de fila e avisar ao supervisor em caso de
urgência.
"Este tempo de espera pode acarretar prejuízos à saúde
do trabalhador. Isto sem relatar o constrangimento de precisar explicar ao
monitor/supervisor as suas necessidades fisiológicas, eventuais problemas
intestinais ou estomacais, os relativos ao ciclo feminino", disse a juíza
na decisão.
persegue com uma barra de ferro.
ALERTA! Cenas fortes:
O outro lado
Em dezembro de 2018, um cão que estava no estacionamento de uma das lojas da empresa, em Osasco, morreu após ser envenenado e espancado por um funcionário.
"Um segurança do Carrefour que matou o cachorro. Ia ter
uma visita de supervisores da matriz e o dono do mercado, da filial de Osasco,
pediu para o funcionário dar um fim no cachorro. Ele deu chumbinho no meio de
mortadela, e agrediu o cachorro", afirmou ao portal G1 Rafael Leal, da ONG
Cão Leal, na ocasião.
A rede de hipermercados também não socorreu o animal.
"O cachorro foi resgatado com vida todo ensanguentado por uma pessoa que
estava perto e socorreu. Ele foi levado para uma clínica veterinária particular,
mas morreu em atendimento."
Caso Manchinha: Segurança foi responsabilizado por morte de
cachorro no Carrefour de Osasco / Foto: Reprodução/Internet
Mais um caso de racismo
Em outubro de 2018, funcionários da empresa, em São Bernardo
do Campo, no ABC Paulista, agrediram Luís Carlos Gomes, porque ele abriu uma
lata de cerveja dentro da loja. Surpreendido pelos funcionários do
supermercado, o cliente reiterou que pagaria pelo item.
Mesmo assim, ele foi perseguido pelo gerente da unidade e
por um segurança e depois encurralado em um banheiro, onde recebeu um
mata-leão.
Gomes, que é deficiente físico, teve múltiplas fraturas e,
como sequela de uma cirurgia, ficou com uma perna mais curta que a outra. Ele
acusou o supermercado de racismo e discriminação e pediu uma indenização de R$
200 mil.
Na época, o Carrefour disse, em nota, que "a rede
repudia veementemente qualquer tipo de violência e reforça que, constantemente,
realiza treinamentos e reorienta suas equipes, a partir da prática do respeito
que exige dos seus colaboradores e prestadores de serviço”.
Demissão como retaliação
Em dezembro de 2017, trabalhadores do Carrefour que
reivindicaram benefício de remuneração por trabalho em feriados foram demitidos
da empresa, com a justificativa de corte de gastos. Os funcionários, no
entanto, garantiram que os nomes que receberam a demissão estavam envolvidos em
movimentos grevistas.
“Na verdade a empresa nunca teve cortes às vésperas do Natal
e Ano Novo. Em 12 anos de casa, nunca vi isso acontecer. Como sempre bati
minhas metas, portanto, gerava lucros, fica explícito o motivo de retaliação a
fim de desestabilizar o movimento, sim”, contou um ex-funcionário ao The
Intercept, na época.
Os funcionários que trabalharam durante os feriados de
novembro de 2017 receberam apenas R$ 30 por dia trabalhado, menos da metade do
que recebiam antes. Um empregado que recebe R$ 1.290 por mês, ou R$43 por dia,
deveria receber R$ 86 por feriado, já que a diária era dobrada nesses dias.
Caso Januário Alves de Santana
Em 2009, seguranças da rede de hipermercados agrediram o
vigia e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, de 39 anos, no
estacionamento de uma unidade em Osasco. Ele teria sido confundido com um
ladrão e foi acusado de roubar o próprio carro, um EcoSport.
Após o caso, manifestantes protestaram no estacionamento da
unidade, onde estenderam uma faixa de 30 metros com a frase: “Onde estão os
negros?”. Carros também exibiram protetores de para-brisa com a frase
“Carrefour racista”. O caso foi reportado pelo portal Geledés.
Edição: Leandro Melito
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