VÍDEO: imagens mostram guardas municipais correndo atrás de adolescente de 17 anos morto com tiro na cabeça durante abordagem em Curitiba
Três guardas participaram da abordagem que, segundo a Guarda
Municipal, apurava denúncia de tráfico de drogas. Câmeras de segurança
acopladas à farda estavam desligadas.
Por Amanda Menezes, g1 PR e RPC — Curitiba
Imagens anexadas ao inquérito policial que investiga a morte
do adolescente Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, em Curitiba,
mostram o momento em que guardas municipais correm atrás do jovem.
Os agentes estão fardados e com armas em punho; Caio está sem camiseta, de bermuda e com um boné vermelho na cabeça. Em determinado momento, não é possível mais ver os guardas e o adolescente e é possível ouvir um barulho, que parecer ser um tiro. Assista ao vídeo acima.
O caso aconteceu na tarde de último sábado (25), na Cidade
Industrial de Curitiba (CIC). Segundo a Guarda Municipal, três agentes apuravam
denúncia de tráfico de drogas. Edson Pereira, o agente que disparou, disse que
Caio estava com uma faca e que partiu para cima dele.
Caio foi baleado na cabeça e morreu no local.
"A gente está investigando se teve homicídio culposo, o
suposto disparo acidental, e posteriormente a fraude processual, um subtipo do
crime de abuso de autoridade (...). De acordo com o relato de testemunhas,
principalmente dessa ocular, não houve essa investida com a faca. Talvez o Caio
nem estivesse com a faca", afirmou o delegado.
Ainda conforme o delegado, testemunhas relataram que Caio
tinha se rendido e, mesmo assim, o guarda atirou.
"A testemunha disse que o Caio se rendeu, se deitou no chão, colocou a mão na cabeça e quando o guarda municipal chegou ali, talvez pra fazer alguma revista, ele acabou efetuando esse disparo".
Até a publicação desta reportagem, o guarda não havia sido
ouvido pela polícia. O g1 Paraná tenta localizar a defesa do agente.
Imagens mostram Caio e guardas municipais correndo em abordagem em Curitiba — Foto: Divulgação
Câmeras desligadas
Havia câmera de monitoramento acoplada à farda dos guardas,
contudo, de acordo com a Prefeitura de Curitiba, o equipamento estava
desligado. Ainda conforme a prefeitura, todos os agentes receberam treinamento
para uso das câmeras.
O decreto que regulamenta o uso das câmeras por guardas
municipais de Curitiba determina que a gravação deve ocorrer de forma
ininterrupta, no mínimo, por 12 horas, com captação de áudio e vídeo. O texto
estipula também que o material deve ser armazenado por um ano.
A Guarda Municipal afirmou ter instaurado um procedimento
administrativo para apurar as circunstâncias da morte de Caio, incluindo o fato
das câmeras estarem desligadas; os envolvidos foram afastados das atividades
operacionais.
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Garoto de 17 anos estava no 3º ano do Ensino Médio — Foto:
Acervo pessoal
"Todas as cidades, infelizmente, todos os dias têm sido golpeadas pela violência. A violência está no mundo, mas a violência não pode ser vista como normal no mundo", disse.
Investigação
A prefeitura informou que a Corregedoria da Guarda Municipal
vai investigar o motivo dos equipamentos estarem desligados.
Conforme a prefeitura, a orientação é que a câmera corporal, que fica acoplada à farda do GM, seja ligada no início da ocorrência e só deve ser desligada quando ela termina.
As imagens poderiam ajudar a Polícia Civil a entender o que
aconteceu. Um inquérito foi aberto para investigar a morte do adolescente.
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O que dizem os guardas municipais
De acordo com o B.O., os agentes explicam que "faziam
patrulhamento preventivo quando foram informados por um motorista de que havia
pessoas na região suspeitas de tráfico de drogas".
O documento aponta que os guardas foram ao local e viram
"quatro pessoas com as características citadas pelo denunciante".
Segundo os guardas, Caio era um dos integrantes do grupo e teria fugido.
Os agentes descrevem no B.O. que perseguiram o adolescente
com a viatura e a pé. O GM que estava no carro cercou a vítima, que teria feito
movimento indicando que iria se deitar.
Foi o momento em que, segundo a versão dos guardas, Caio
teria sacado a faca.
O secretário de Defesa Social e Trânsito de Curitiba, Péricles de Matos, informou que vai apurar "com rigor" o caso "para dar uma satisfação à família do adolescente e também para a comunidade".