Atleticanos, atleticanos. Negócios à parte: a guerra fria que chacoalha o Galo
Sob as administrações Kalil e Nepomuceno, dirigentes prestaram serviços advocatícios ao Clube e faturaram milhões de reais
A Kroll, empresa mundialmente famosa na investigação e apuração de fraudes empresariais, em nota oficial confirmou hoje, quinta-feira (29), que os documentos vazados de seu Relatório de Investigação que circularam ontem em grupos de WhatsApp e redações de jornais de Belo Horizonte, envolvendo o Clube Atlético Mineiro e três importantes escritórios de advocacia da cidade, além de empresas pertencentes a parceiros comerciais do Clube, são verdadeiros e fazem parte de um trabalho abrangente, muito mais completo e complexo, de auditoria nas contas do alvinegro mineiro.
A empresa também esclareceu que nada teve a ver com o vazamento parcial do seu trabalho que aponta pagamentos superiores a 4 milhões de reais a pelo menos três bancas da capital mineira, todas ligadas a então dirigentes do Clube, a saber: Avelar Advogados, de João Luiz de Amoedo Avelar. Sette Câmara, Corrêa e Bastos Advogados Associados, de Sergio Sette Câmara. Lásaro Cândido da Cunha Advogados Associados, de Lásaro Cândido.
KROLL FINALIZA INVESTIGAÇÃO NO GALO
Nos documentos vazados, a Kroll teria encontrado contratos, aditivos e notas fiscais emitidas pelos escritórios, que custaram ao Galo, em alguns casos, pagamentos mensais de 30 mil reais a 50 mil reais mensais a cada um dos advogados envolvidos, por serviços jurídicos prestados. Além destes contratos, também foram ‘vazados’ outros documentos, envolvendo empréstimos entre dirigentes e Atlético, bem como com empresas pertencentes a Ricardo Guimarães e Família Menin, os dois principais parceiros econômicos do Clube na atualidade.
Parte do trabalho da Kroll pretende detalhar como o Galo se endividou de forma exponencial nos últimos anos, em que os citados no “relatório de investigação” estiveram à frente da diretoria. A empresa é a mesma contratada pelo Cruzeiro Esporte clube, que apurou diversas irregularidades cometidas por ex-diretores e ex-presidentes da agremiação celeste, e que motivaram ações judiciais em busca de reparação econômica e de imagem.
SETTE CÂMARA E LÁSARO INDIGNADOS
O Atlético vive hoje uma crise financeira sem precedentes, e conta justamente com o apoio econômico de alguns dos citados pelo trabalho da Kroll, notadamente os abnegados Rubens e Rafael Menin e Ricardo Guimarães, para não terminar o ano na mesma situação em que se encontra o arquirrival Cruzeiro: insolvente e pré-falimentar. O trio, além de bancar parte das despesas correntes do Clube, é o grande financiador do estádio em construção, que leva o nome de Arena MRV, empresa da Família Menin.
Comentários, de lado a lado, dão conta que o vazamento busca atingir, de alguma forma, o ex-presidente do Clube e atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, já que os contratos foram firmados durante sua presidência e do seu ex-assessor e afilhado político, Daniel Nepomuceno. Injustamente, a meu ver, a mesma auditoria não atinge o período do atual mandatário, Sergio Sette Câmara. Eu, no lugar dele, faria questão disso. Afinal, “à mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”.
Futebol e política sempre caminharam juntos no Brasil. Histórias como essa explicam muito da nossa realidade. Kalil, tão logo eleito, tratou de levar Nepomuceno para a prefeitura de Belo Horizonte. Em que pese a confiança depositada pelo prefeito e a capacidade profissional de Daniel, é certo que haveria outros executivos tão capacitados quanto para assumir o mesmo lugar. Recentemente, o prefeito também contratou seu concunhado. Questionado, respondeu: “concunhado não é parente”.
De igual sorte, ainda que os contratos entre Galo e advogados tenham sido absolutamente escorreitos e regulares (no que particularmente acredito), dentro de valores de mercado, assinados após uma devida e justa concorrência, e todos os serviços tenham sido de fato prestados, não se pode deixar de estranhar o porquê de não procurar escritórios de advocacia que não tenham ligações societárias com membros da diretoria do Clube. Até porque, podem até faltar bancas melhores que as de Lásaro, Avelar e Sette Câmara na cidade, mas tão boas quanto, seguramente há algumas.
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