Cláudio Duarte (PSL-MG) fez uso do mesmo esquema que Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ) - Fotos: Reprodução/Facebook e Mateus Bonomi/Agif/Folhapress
O vereador da Câmara de Belo Horizonte, Cláudio Duarte
(PSL), foi preso e afastado de suas funções na manhã desta terça-feira (2) sob
a acusação de cobrar “rachadinha” (recolhimento dos salários ou parte deles)
dos próprios funcionários na Câmara Municipal e ameaçar servidores para que não
revelassem o esquema.
A polícia também pediu – e a Justiça concedeu – a
indisponibilidade de bens do vereador, que ficará afastado por 60 dias do
mandato. Segundo a investigação da Polícia Civil de Minas Gerais, o parlamentar
embolsou R$ 1 milhão desde janeiro de 2017, quando iniciou o mandato no
Legislativo da capital.
De acordo com a polícia, a prisão do vereador foi temporária,
ou seja, por um prazo de cinco dias. “Tivemos que sobrestar as investigações
porque apuramos que alguns dos funcionários vinham sendo constrangidos a não
falar e até ameaçados para que mentissem”, afirmou o delegado Domiciano
Monteiro, chefe da Divisão de Fraudes e Crimes contra o Patrimônio.
O chefe de gabinete Luiz Carlos Cordeiro também teve prisão
temporária decretada. Caberia a ele o recolhimento dos salários dos
funcionários.
O esquema de Cláudio Duarte é similar ao de deputados da
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) identificados pela Operação
Furna da Onça, dentre eles, Flávio Bolsonaro (PSL), acusados de extorquir
funcionários de seus gabinetes, que deveriam repassar parte de seus salários
para os deputados. No caso de Flávio Bolsonaro, era seu ex-motorista, Fabrício
Queiroz, quem arrecadava o dinheiro dos servidores do gabinete. Muitos
laranjas. Mas o próprio Flávio Bolsonaro, que ocupa hoje a vaga de senador pelo
Rio de Janeiro, teve dinheiro depositado na sua conta.
O caso foi identificado pelo Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf), que detectou 48 depósitos suspeitos – em um
único mês – na conta de Flávio Bolsonaro, realizados na agência bancária da
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Todos os 48 depósitos têm o mesmo valor: R$ 2 mil, num total, portanto, de R$ 96 mil. Segundo o Coaf, seu ex-motorista fez uma movimentação financeira suspeita de R$ 1,2 milhão em um ano. Em três anos, ele movimentou R$ 7 milhões.
De acordo com o delegado Domiciano Monteiro, o vereador
responde pelas acusações de crimes de peculato, concussão, formação de
organização criminosa e obstrução da Justiça.
Além de Cláudio e do chefe de gabinete, outros quatro funcionários do
vereador também foram afastados das funções. Segundo o delegado, a estimativa é
de um desvio de R$ 1 milhão.
A polícia não tem ao certo o número de servidores que
participaram da “rachadinha”, mas informou que, nestes pouco mais de dois anos
de mandato, 35 contratados passaram pelo gabinete. O delegado afirmou que há
fortes indícios do esquema constatado em provas testemunhais e documentais.
LARANJAS
Segundo Monteiro, os funcionários recebiam os salários e
sacavam o dinheiro, devolvendo parte do vencimento ao vereador. De acordo com a
investigação, somente um deles, que ganhava R$ 11 mil devolvia R$ 10 mil,
ficando apenas com R$ 1 mil. “Tão logo o salário caía na conta, os funcionários
tinham de providenciar o saque o repasse em espécie”, explicou o delegado.
Segundo a polícia, foram cumpridos cinco mandados de busca e
apreensão: nas casas do vereador e do assessor que também foi preso, nos
gabinetes na câmara e no Bairro Céu Azul, e na União dos Moradores pelo
Desenvolvimento Social do Bairro Céu Azul (UMCA), em Venda Nova.
DITADURA
O vereador Cláudio Duarte participou de ato em defesa da
ditadura militar nesse domingo (31) no Viaduto Helena Greco, que até 2014 se
chamava Castelo Branco.
Na ocasião, Cláudio Duarte (PSL) informou que nesta
terça-feira (2) apresentaria um projeto de lei na Câmara para que a via volte a
se chamar Elevado Castello Branco.
Cláudio Duarte é estreante na política e começou o mandato
em 2017, com a nova safra de vereadores da Câmara de BH. Ele foi eleito com
4.513 votos pelo partido de Jair Bolsonaro.
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