quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Médica suspeita de ter atropelado irmãos nega pedido para ver vídeo


12/12/2013 18h56 - Atualizado em 13/12/2013 10h33...

Médica suspeita de ter atropelado irmãos nega pedido para ver vídeo

Em audiência, ela conta que perdeu o controle do veículo antes da batida.
Dois irmãos estavam em uma moto e morreram no acidente em Salvador.

Henrique MendesDo G1 BA

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 A oftalmologista Kátia Vargas, suspeita de ter atirado o próprio carro contra dois irmãos que estavam em uma motocicleta, se negou a assisir ao vídeo com as cenas que antecedem o acidente, durante a segunda e última audiência de instrução do caso, ocorrida na tarde desta quinta-feira (12), no Fórum Criminal, em Salvador. O pedido para que ela visualizasse o vídeo foi feito em três oportunidades e recusados em todas elas, segundo os promotores.

A sessão não foi aberta à imprensa. Kátia Vargas chegou ao local, por volta das 12h50, sob um forte esquema de segurança. A polícia utilizou três viaturas na operação, sendo que cada uma delas seguiu por diferentes estacionamentos do Fórum.

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Com a ação, a polícia evitou aglomerações ao redor do veículo que levava a suspeita, detida desde o dia 17 de outubro, no Presídio Feminino. Esta é primeira vez que oftalmologista é ouvida em audiência, desde a morte dos jovens. Para os advogados de defesa e acusação, a decisão do juiz a respeito do encaminhamento do caso para júri popular deve sair até o final da próxima semana.

Depoimento
Conforme o promotor Davi Gallo, a médica relatou, durante a audiência, que ultrapassou as vítimas em um cruzamento da orla de Ondina, quando, um pouco mais à frente, ouviu uma batida no próprio veículo, que não soube identificar a causa. A partir de então, detalha o promotor, ela conta que perdeu o controle do carro e bateu contra um poste. Em oposição ao que foi apontado por algumas testemunhas, a médica também disse que em momento algum discutiu com os  jovens e que não colidiu na motocicleta, relata Gallo.

 "Além de ver o vídeo, ela também se negou a responder perguntas em relação ao sentimento que tinha sobre o caso: se ela tinha noção do ocorrido e se ela já sabia algo sobre as histórias dos jovens mortos", relata o promotor. Em relação à negação da oftalmologista em responder questões referentes às vítimas do acidente, o advogado de defesa, Sérgio Habib, disse ao G1 que ela decidiu não respondê-las, porque tratavam de assuntos que a deixavam consternada.

"Em princípio, ela teria o direito de não falar. Mas ela decidiu falar. Em alguns momentos, quando rememoravam o acidente, ela ficou realmente muito consternada e decidiu não falar", declarou Habib. O advogado ainda contou  que tem esperança de que a cliente seja liberada do júri popular durante o pronunciamento do juíz, que deve ser realizado até a próxima semana. Entretanto, ele alerta que a presença em júri não significa condenação. "Júri popular não é problema. É mais uma oportunidade para ela provar que é inocente", afirma.

O advogado de defesa dos familiares do jovens mortos, Daniel Keller, disse que a médica se apoiou durante todo o depoimento no parecer produzido pelo perito Ricardo Molina, que segundo ele é totalmente parcial e completamente desarticulado do laudo oficial. "Ela não trouxe nada de novo no depoimento. Ela contou a versão que o perito contratado por ela apresentou, que é esdrúxula. Acreditamos que ela irá a júri popular", acredita Keller.

Manifestação
Em frente ao Fórum, cerca de 15 pessoas fizeram uma manifestação pedindo por Justiça. DE acordo com o amigo da família, César Pitanga, o grupo está agendando um novo protesto para o próximo sábado (14), às 15h, no bairro da Barra.

A médica é suspeita de ter provocado a batida entre a moto onde estavam as vítimas e o carro em que dirigia. Ela foi denunciada à Justiça pelo Ministério Público da Bahia e vai responder pelos crimes de duplo homicídio qualificado, impossibilidade de defesa e perigo comum, conforme a denúncia da promotora de Justiça Armênia Cristina Santos.

Laudo de Molina
O advogado da médica, Sérgio Habib, recebeu o resultado do laudo particular, elaborado pelo perito Ricardo Molina, e reafirmou que não houve choque entre o carro e a moto. "O que poder ter acontecido foi que, ao discutir com ela, ele pode ter se desequilibrado e ter caído com a moto. Ele ficava na frente dela, impedindo que ela passasse", disse o advogado. O laudo tem 44 páginas escritas, mais de 30 páginas com documentações, entre fotos e vídeos.

Contratação
No dia 20 de novembro, Molina esteve na cidade para avaliar o carro da oftalmologista, a moto em que estava as duas vítimas e o local do fato. A visita ocorreu no mesmo dia da primeira audiência de instrução do caso, que ouviu testemunhas de defesa e de acusação.

"Só trabalho em casos que eu acredito", disse ele, que analisou algumas imagens antes de aceitar a proposta. Molina atuou em casos como Chacina de Vigário Geral, CPI do Narcotráfico, Fernandinho Beira-Mar, Eldorado de Carajás, Eloá, Suzane Richthofen, Roriz, Paulo Maluf, entre outros. 

Laudos do DPT
O Departamento de Polícia Técnica (DPT) apresentou novo laudo no dia 28 de novembro que comprova que o carro arremessou a moto, segundo afirma o promotor de Justiça David Gallo, que atua na acusação da médica. Ele diz ainda que outros laudos foram apresentados, como o laudo das imagens, o do exame cadavérico e o das condições mecânicas dos veículos.

Um outro laudo do DPT, segundo o advogado da médica, Sérgio Habib, afirma o contrário. "Foi feita perícia tanto no carro, quanto na moto e foi concluído que a moto apresenta alguns danos, descreve quais são, e que esses são compatíveis com o choque com objeto fixo. Ora, se o laudo está dizendo que foi com objeto fixo, então não foi com o carro. O MP [Ministério Público] está dizendo que o carro chocou-se com o fundo da moto e ela imprensou o casal no poste. Isso não está no laudo", afirma Habib.

De acordo com Daniel Keller, advogado da família, o último laudo tem a finalidade de mostrar se houve o impacto, como se deu, a trajetória dos veículos e as circunstâncias. Por meio de fotografias, segundo ele, é possível perceber que há marcas como arranhão, do capacete e pontos amassados na lateral do carro. “Se ela bateu de frente na grade, quando subiu a calçada, o que causou dano na lateral. Esta pergunta eu fiz hoje na audiência”.

Liminar negada
A liminar que pedia urgência no julgamento do habeas corpus pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi indeferida. A decisão foi do ministro Moura Ribeiro, da 5ª Turma do STJ. Com a rejeição, o habeas corpus será agora julgado pelos ministros da 5ª Turma, o que não há prazo para ocorrer.

Denúncia
A médica foi denunciada à Justiça pelo Ministério Público da Bahia. A oftalmologista vai responder pelos crimes de duplo homicídio qualificado, impossibilidade de defesa e perigo comum, conforme a denúncia da promotora de Justiça Armênia Cristina Santos. A defesa dela, por outro lado, critica a medida. "É uma temeridade o MP denunciar sem os laudos cadavérico e pericial dos veículos", apontou o advogado Sérgio Habib.

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Para a promotora, as imagens capturadas pelas câmeras de segurança não mostram a ação de forma completa e por isso, pediu a pedido da reconstituição da batida, que não aconteceu até o momento. A intenção da Promotoria é saber sobre a velocidade e a dinâmica da batida do carro conduzido pela médica. (Assista no vídeo ao lado o momento em que os carros passam pelas câmeras da Secretaria de Segurança Pública (SSP), em Ondina).

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Irmãos morreram em acidente (Foto: Ruan Melo/G1)Amigos e familiares marcaram local do acidente com mensagem de paz (Foto: Ruan Melo/G1)

Inquérito
No inquérito, a delegada Jussara Maria de Souza afirma que a médica "arremessou" o carro contra as vítimas. As vítimas foram projetadas contra um poste e tiveram mortes instantâneas, segundo a polícia. Com base no documento policial, a promotora argumenta que o caro é caracterizado pelo "perigo comum", por ter sido realizado em via movimentada e ter botado em risco a vida de pedestres que estavam em um ponto de ônibus.

Poste de iluminação onde ocorreu acidente foi decorado (Foto: Ruan Melo/G1)Local de acidente ganhou flores, capacetes e cartazes com mensagens de "paz" (Foto: Ruan Melo/G1)
acidente (Foto: Gabriel Gonçalves/G1)Médica é investigada por morte de irmãos (Foto: Gabriel Gonçalves/G1)
Médica investigada por morte de jovens deixa hospital em Salvador (Foto: Imagens/ Tv Bahia)Médica investigada por morte de irmãos saiu do hospital e foi levado para Presídio Feminino (Foto: Imagens/ Tv Bahia)
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Motoqueiros, amigos e parentes fazem passeata por morte de irmãos na BA (Foto: Imagens / TV Bahia)Motoqueiros, amigos e parentes fazem passeata por morte de irmãos na BA (Foto: Imagens / TV Bahia)
Motoqueiros, amigos e parentes fazem passeata por morte de irmãos na BA (Foto: Ricardo Sizilio / Arquivo Pessoal)Motoqueiros, amigos, parentes e populares participaram de homenagens aos irmãos mortos após acidente de trânsito (Foto: Ricardo Sizilio / Arquivo Pessoal)

 

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Chuvas castigam Cidade de Araçuaí MG


ARAÇUAÍ: Água da cheia avança sobre ponte e isola moradores de 4 bairros

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As águas encobriram a pequena ponte sobre o ribeirão Calhauzinho. Um barqueiro fatura fazendo a travessia dos moradores
A elevação do nível do rio Araçuaí e ribeirão Calhauzinho, deixou os moradores dos bairros Corredor, Nova Esperança, Lazaredo e Pedregulho, em situação crítica.
Desde a tarde de segunda-feira (16), após as chuvas que caem em toda região, mais de 400 famílias residentes nestes bairros da periferia de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha (MG), ficaram isoladas, gerando revolta de quem vive na localidade.
A pequena ponte sobre o ribeirão Calhauzinho, na entrada do bairro Corredor e que dá acesso aos outros bairros está completamente encoberta pelas águas.
A prefeitura não disponibilizou até o momento, nenhum meio de transporte para dar assistência aos moradores. Um barqueiro aproveita a situação para garantir um dinheiro extra, cobrando R$ 1 real pela travessia. Muitos preferem fazer a travessia a pé, indiferentes ao contato com as águas contaminadas.
O tráfego de veículos foi interrompido e quem precisa chegar até estes bairros, está utilizando a rodovia que liga Araçuaí a Francisco Badaró, fazendo uma volta de pelo menos 3 km.
Problema antigo, velhas promessas
O problema é antigo e a sua solução é promessa de campanha política de muitos e muitos anos.
Na administração anterior, foi feita concretagem no local, já bastante danificado por buracos, porém, a medida foi paliativa e não resolveu o drama dos moradores.
“A solução para isto aqui é uma ponte de verdade”, diz um morador do bairro Corredor.
Além desse descaso, os moradores sofrem ainda com a falta de manutenção do trecho asfáltico de pouco mais de 2 km que liga o centro da cidade aos bairros.
A obra é de responsabilidade da prefeitura municipal. Há crateras enormes por toda sua extensão, colocando em risco a vida de motoristas e transeuntes. “É preciso trafegar fazendo ziguezague”, reclama um motorista.
O secretário municipal de Obras e Transportes, não foi localizado para comentar o assunto.
Via Gazeta de Araçuaí, Por Sérgio Vasconcelos

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