Vítima da tragédia de Brumadinho é sepultada em Itaipé, no Vale do Mucuri
Eliandro Passos deixa duas filhas. Ele foi velado no Sindicato dos Trabalhadores de Itaipé e sepultado na tarde desta segunda-feira no cemitério da cidade. O pai da vítima, Adivaldo Batista de Passos foi sucinto ao dizer o que sente com a perda do filho. “A coisa é muito dolorida. A gente fica tão abatido que não tem apetite pra alimentar, pra nada”.
Eliandro Batista de Passos — Foto: Reprodução
Morte de Marcelle enluta Família Cangussu
Toda a Família Cangussu está enlutada com o trágico falecimento da médica Marcelle Porto Cangussu, ocorrido em virtude do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale, em Brumadinho/MG. Apesar de muitos parentes não a conhecerem, em virtude do grande número de componentes, a Família Cangussu é una em todo o país, dede o Maranhão ao Rio Grande do Sul, e do Espírito Santo a Mato Grosso. Todos os Cangussu (com dois esses, cê cedilhado e ká) lamentam a tragédia, e prestam concolências aos pais de Marcelle
Seu corpo foi sepultado no início da tarde deste domingo (27), em Belo Horizonte, em meio a dor e emoção. Marcelle foi a primeira vítima identificada da tragédia de Brumadinho. Ela tinha completado 35 anos um dia antes de morrer e trabalhava na empresa desde 2015. Não estava escalada para trabalhar na sexta-feira, dia do rompimento da barragem, mas, segundo familiares, foi chamada de última hora para expediente.
Era filha de Rimarque Cangussu e Mirelle Porto. Solteira, não tinha filhos e gostava de passar a maioria das noites com a avó, que mora a poucas quadras de sua casa. Muito abalada, a mãe da jovem, lamentava: “Morreu fazendo o que mais gostava. Estamos desolados. Completamente sem chão. A gente não se desgrudava, ela cuidava muito de mim, e eu dela. Ligava-me todos os dias, perguntava como eu estava.”
Nos primeiros momentos do desaparecimento, a mãe acreditava que Marcelle estaria ajudando as vítimas. “Eu e minha filha mais nova chegamos a pensar que, por ser médica, ela estivesse socorrendo pessoas”, contou. “Infelizmente aconteceu algo pior.”
Ainda segundo os familiares, Marcelle nunca reclamou sentir medo ou insegurança por trabalhar na mina. “O único medo que sentíamos era da estrada, pois ela dirigia cerca de meia hora para ir ao trabalho”, disse a mãe.
O tio, Denysson Porto, disse que Marcelle havia comemorado o aniversário na noite anterior em um restaurante da cidade. “Estava feliz, com os amigos, parentes. A nossa menina adorava sorrir.” No dia da tragédia, ela iria continuar com as comemorações.
“Era uma pessoa bonita, alegre demais, verdadeira. Vai deixar saudades”, contou a médica Valéria Rodrigues, amiga de Marcelle. “Uma pessoa humana, se importava com os outros, se preocupava com os amigos”, disse outro colega, Fábio Carmo. (Fonte: Luan Santos – Foto: Reprodução)
Morte de Marcelle enluta Família Cangussu - Diário do Mucuri
PM localiza depósito de peças de moto durante operação conjunta
Ação denominada Fecha Batalhão se deu ontem em comemoração ao aniversário de dois anos do 67º Batalhão de Polícia Militar.
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Reflexões sobre fake news, o caso Jason Momoa e a era da
pós-verdade
Como o caso de calúnia contra o ator americano ajuda a
entender fenômenos da comunicação digital como as fake news.
A polêmica envolvendo o ator Jason Momoa e as falsas acusações de assédio sexual escancaram novamente um dos maiores problemas da comunicação digital: as fake news. Notícias falsas têm tomado conta de todas as áreas e não parece haver força para que a sua disseminação seja contida.
No caso do ator havaiano, um vídeo editado e publicado por
usuários brasileiros do Twitter mostrava o suposto momento em que ele apalpava
os seios de uma garota. Uma rápida pesquisa levaria ao vídeo original, no qual
estava uma boa parte do conteúdo que havia sido cortada, além da informação de
que a menina com a qual estava abraçado era a filha dele.
Resultado: a assessoria do ator já entrou em contato com o
fã clube brasileiro para identificar o autor do vídeo e as pessoas que o
divulgaram, além de acionar as redes sociais para apagar de uma vez o material.
O que aprendemos com o caso de calúnia contra Jason Momoa?
Que fake news pode caracterizar crime? Que não devemos acreditar de primeira em
tudo o que vemos na internet? Seria o ideal, mas parece que as pessoas insistem
em preferir os conteúdos rápidos aos confiáveis.
Abaixo, o vídeo sem cortes da premiere de Aquaman, evento em que Momoa estava com os filhos e que gerou toda a polêmica:
Por que acreditamos em fake news?
Estudos (verdadeiros) já foram realizados para tentar
entender os motivos que levam os internautas a eliminarem a desconfiança e
acreditarem em tudo o que enxergam na web. O MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts) analisou cerca de 126 mil notícias postadas no Twitter por mais de
3 milhões de usuários ao longo de dez anos e a conclusão foi até um pouco
óbvia: notícias falsas se espalham na internet de forma muito mais rápida que
as verdadeiras. Mas por quê?
Uma das explicações é um conceito chamado viés de
confirmação. O viés de confirmação é uma tendência que todos nós temos em
aceitar melhor informações que confirmem nossas crenças já existentes,
ignorando as que geram algum tipo de questionamento. Não é preciso ir muito
além para saber que isso é ruim: o pensamento crítico fica comprometido,
mudanças de postura e busca por novos pontos de vista se tornam cada vez mais
raras.
Um exemplo de como isso é comum no mundo do entretenimento
foi o caso da separação de Johnny Depp e Amber Heard. Ela o acusou de agressão,
mas o fandom do ator se mobilizou para desqualificar as denúncias. Não
importava quantos depoimentos de pessoas próximas ou fotos surgissem, nada
enfiava na cabeça dos fãs que Depp poderia ser um agressor. Posteriormente, no
acordo do divórcio, Amber recebeu cerca de US$ 8 milhões, retirou as queixas
contra o ex-marido e ambos concordaram em não tocar mais no assunto
publicamente.
Amber Heard com marcas de agressão
Marcas de agressão no rosto de Amber Heard, em 2016. (Foto:
The Daily Beast)
Para piorar, o cenário atual mostra que as pessoas têm
adotado um comportamento de manada também nas suas vidas online. Não apenas
ignoramos as informações com as quais não nos identificamos, mas também
reagimos de forma violenta e agressiva a elas quando vemos que outras pessoas
já o fizeram. Como no caso de Jason Momoa, uma pessoa compartilhou e xingou,
outras começaram a fazer o mesmo até virar uma bola de neve, com centenas de
pessoas falando sobre aquilo e com pouca – ou nenhuma – preocupação em
verificar o que aconteceu de fato.
A era da pós-verdade
O dicionário Oxford elegeu o neologismo “pós-verdade” como a
Palavra do Ano em 2016. O termo, já conhecido em ambientes acadêmicos da área
de Comunicação, se popularizou com a corrida eleitoral pela presidência dos
Estados Unidos, que elegeu Donald Trump ainda naquele ano.
O historiador brasileiro Leandro Karnal, em entrevista ao
programa Ponto a Ponto, da Bandnews, em 2017, traça um paralelo entre a fofoca
e pós-verdade. “Nas redes sociais, ao fazer a detração (fofoca), estamos perdendo
o nexo com a autoria, porque posso usar um avatar falso, o detrator desaparece,
jogo as calúnias ao vento e surge o conceito tão popular da pós-verdade”, diz.
“Ela pressupõe que eu perca a necessidade, o nexo e o vínculo com o real, e
passe a achar que se está na rede é verdadeiro”. Em resumo, tudo o que disserem
de ruim sobre quem eu não gosto é verdadeiro – olha o viés de confirmação aí
novamente.
O buraco é tão mais embaixo que até Nietzsche já tinha um
posicionamento sobre isso, em um campo da filosofia chamado hermenêutica, que
estuda a teoria da interpretação. O alemão assumia que não existem fatos,
apenas versões. Outros conceitos filosóficos podem ser inseridos na discussão,
como o perspectivismo, de Foucault.
E o seu tio achando que estava super por dentro das
discussões sobre a sociedade no grupo do WhatsApp…
Fake news não é pós-verdade
Apesar de parecer, fake news não é a mesma coisa que
pós-verdade. Fake news é mentira e pronto. A pós-verdade pode ser derivada das
notícias falsas (ou até mesmo verdadeiras), tratando-se de uma legitimação da
informação por parte de indivíduos que julgam ter direito sobre ela – é mais a
cultura da não-checagem das informações do que algo necessariamente mentiroso.
E engana-se quem pensa que usuários distraídos de redes
sociais são os únicos difusores da pós-verdade. Alguns dos maiores responsáveis
pela relativização da verdade são os grandes veículos de comunicação que
publicam conteúdo produzido de forma enviesada há anos (vide a Fox News no
período eleitoral norte-americano, que adotava uma postura assumidamente
pró-Trump).
Outro “inimigo da verdade” é o imediatismo com o qual os
veículos procuram publicar as notícias. Não foram poucos os sites que
divulgaram um cartaz com a data de estreia da terceira temporada de La Casa de
Papel, ainda em 2018, por exemplo. A Netflix teve que se manifestar para
esclarecer que qualquer informação sobre a nova temporada seria lançada apenas
em 2019. E olha que seria fácil a pesquisa para checar a veracidade do
conteúdo:
Cartaz falso da nova temporada de La Casa de Papel
Primeiro que a moeda é de 1 real e na Espanha é usado o
Euro; segundo que nenhuma outra rede social da série divulgou a data da
estreia. (Foto: Divulgação)
Fact-checking
Uma das melhores alternativas criadas para combater as fake
news é o investimento na checagem de informações. No Brasil, o primeiro grande
nome desse setor foi a Lupa, agência que integra a International Fact-Cheking
Network (IFCN), rede mundial reunida em torno do Poynter Institute, nos EUA,
que possui um rígido código de conduta e princípios éticos.
Outra iniciativa muito bacana é o Aos Fatos, projeto de
checagem de informações que tem um site e também replica suas conferências nas
redes sociais.
Jason Momoa e os filhos
Jason Momoa e os filhos, mais recentes vítimas das fake
news. (Foto: Divulgação)
Como tudo nesse ambiente digital ainda é relativamente novo,
nem os próprios jornalistas sabem exatamente o que é certo ou errado no
fact-checking. Como mostra o Poynter Institute, em uma pesquisa da Universidade
da Flórida com 61 jornalistas e fact-checkers de tempo integral, ampla maioria
dos entrevistados disse não haver problema na exposição de posicionamentos
políticos e ideológicos pessoais por parte dos profissionais que checam as
notícias. O resultado mostra que o “jornalismo antagônico” não é
necessariamente algo ruim, desde que embasado – e os próprios profissionais
concordam. Há discordância, porém, quanto ao uso da palavra “mentira” para
definir quando a checagem realmente encontra alguma coisa.
A moral da história é que conferir se o material que nós
compartilhamos diariamente é verdadeiro deixou de ser um recurso eventual e
virou uma obrigação, sendo você um profissional de imprensa ou um usuário comum
da internet. Seja para evitar constrangimentos pessoais ou para contribuir com
a evolução da comunicação como conhecemos, não custa nada dar uma pesquisada
antes de clicar no “share”.
Combate às Fake News
Confira o site da IFCN https://ifcndairy.org/. Conheça
também a Lupa e Aos Fatos (também integrante da IFCN), maiores agências de
“caça” a fake news no Brasil.
O Facebook também já fez parcerias com agências
comprometidas com a manutenção da verdade nas informações nas redes sociais. A
política de combate às fake news na rede de Mark Zuckerberg pode ser conferida
clicando aqui.
https://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2019/01/14/jason-momoa-fake-news/
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