Religioso saiu em defesa da comunidade LGBTQIA+ e afirmou que grupo 'não suporta mais tanto julgamento'
11/06/2023 21:25 -
O evento teve como mote "A igreja e as pessoas LGBTQIA+" e foi organizado pela Igreja Betesda, de credenciais progressistas, às vésperas da Parada do Orgulho LGBT+.
"A homossexualidade não é um espinho na carne", pregou, na sexta (9/6), Fernandes. A verdadeira chaga para o homossexual, continuou, "não é o desejo, é a homofobia, porque esse mundo está cheio de mensageiros de Satanás".
Ele avisou, na sequência, que daria "nome aos bois" e pôs na berlinda os dois líderes evangélicos. No comando da Igreja Batista Lagoinha Global, Valadão começou na semana passada uma campanha contra a causa celebrada em junho: "Deus odeia o orgulho". Malafaia também tem histórico nesse departamento -em 2010, por exemplo, espalhou centenas de outdoors pelo Rio para dizer, "em favor da família e preservação da espécie humana", que "Deus fez macho e fêmea".
A Folha de S.Paulo enviou mensagem a Valadão e a Malafaia, mas eles não responderam até a publicação desta reportagem.
Fernandes menciona o espinho na carne do apóstolo Paulo, que a Bíblia narra como um tormento que Deus não removeu. Um lembrete para que permanecesse humilde e temente a Deus.
Pastor da Reina, também uma igreja mais associada ao progressismo, ele criticou essa "gente subindo ao púlpito não para pegar o amor, a graça, mas para pregar ódio".
Justificou em seguida por que nomeou Valadão e Malafaia: "Porque senão o mundo pensa que a gente é tudo farinha do mesmo saco. Não é, não. Aqui tem um povo que preferiu abraçar o Evangelho do amor, o Evangelho que não condena.
Dentro do segmento há um grupo que não se dobra diante desse ódio".
Autor de várias obras sobre a teologia cristã, em 2019 ele lançou "Homossexualidade: Da Sombra da Lei à Luz da Graça". Com quase quatro décadas de pastoreio, Fernandes, heterossexual e pai de três filhos, contou à Folha que há alguns anos decidiu abraçar a defesa dos direitos LGBTQIA+. Ver pais expulsando filhos de casa e jovens cometendo suicídio por causa de preconceito o motivaram a recalcular sua rota teológica, diz.
"Os LGBTQIA+ são muito carentes de amor despretensioso e não suportam mais tanto julgamento, sobretudo vindo da minha religião", afirma à reportagem.
O pastor diz que a Bíblia é a melhor ferramenta para alcançar a maioria conservadora nos templos, ainda avessa à ampliação de direitos desse grupo.
Versículos como um presente em Levítico, livro do Antigo Testamento, devem ser melhor contextualizados, defende. Refere-se à passagem fartamente usada para dar verniz bíblico à homofobia: "Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante".
"Levítico não está combatendo a homossexualidade em si", afirma. "A questão é que na época, principalmente dentro de contexto de guerra, o vencedor costumava humilhar vencido, e uma das maneiras era o sodomizando, uma prática do que hoje chamam de nações pagãs. É isso que Levítico condena."
O pastor prefere usar em seus discursos um trecho do salmo 27 que fala de aceitação: "Ainda que me abandonem pai e mãe, o Senhor me acolherá".
Fernandes conta que, apesar de convidado, não conseguiu estar na Parada do Orgulho LGBT+, mas iria de bom grado.
Ele avisou, na sequência, que daria "nome aos bois" e pôs na berlinda os dois líderes evangélicos. No comando da Igreja Batista Lagoinha Global, Valadão começou na semana passada uma campanha contra a causa celebrada em junho: "Deus odeia o orgulho". Malafaia também tem histórico nesse departamento -em 2010, por exemplo, espalhou centenas de outdoors pelo Rio para dizer, "em favor da família e preservação da espécie humana", que "Deus fez macho e fêmea".
A Folha de S.Paulo enviou mensagem a Valadão e a Malafaia, mas eles não responderam até a publicação desta reportagem.
Fernandes menciona o espinho na carne do apóstolo Paulo, que a Bíblia narra como um tormento que Deus não removeu. Um lembrete para que permanecesse humilde e temente a Deus.
Pastor da Reina, também uma igreja mais associada ao progressismo, ele criticou essa "gente subindo ao púlpito não para pegar o amor, a graça, mas para pregar ódio".
Justificou em seguida por que nomeou Valadão e Malafaia: "Porque senão o mundo pensa que a gente é tudo farinha do mesmo saco. Não é, não. Aqui tem um povo que preferiu abraçar o Evangelho do amor, o Evangelho que não condena.
Dentro do segmento há um grupo que não se dobra diante desse ódio".
Autor de várias obras sobre a teologia cristã, em 2019 ele lançou "Homossexualidade: Da Sombra da Lei à Luz da Graça". Com quase quatro décadas de pastoreio, Fernandes, heterossexual e pai de três filhos, contou à Folha que há alguns anos decidiu abraçar a defesa dos direitos LGBTQIA+. Ver pais expulsando filhos de casa e jovens cometendo suicídio por causa de preconceito o motivaram a recalcular sua rota teológica, diz.
"Os LGBTQIA+ são muito carentes de amor despretensioso e não suportam mais tanto julgamento, sobretudo vindo da minha religião", afirma à reportagem.
O pastor diz que a Bíblia é a melhor ferramenta para alcançar a maioria conservadora nos templos, ainda avessa à ampliação de direitos desse grupo.
Versículos como um presente em Levítico, livro do Antigo Testamento, devem ser melhor contextualizados, defende. Refere-se à passagem fartamente usada para dar verniz bíblico à homofobia: "Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante".
"Levítico não está combatendo a homossexualidade em si", afirma. "A questão é que na época, principalmente dentro de contexto de guerra, o vencedor costumava humilhar vencido, e uma das maneiras era o sodomizando, uma prática do que hoje chamam de nações pagãs. É isso que Levítico condena."
O pastor prefere usar em seus discursos um trecho do salmo 27 que fala de aceitação: "Ainda que me abandonem pai e mãe, o Senhor me acolherá".
Fernandes conta que, apesar de convidado, não conseguiu estar na Parada do Orgulho LGBT+, mas iria de bom grado.
Já a Marcha para Jesus, realizada um dia antes da sua pregação na Jesus Hope, descartaria. Até porque "com certeza seria mais fácil encontrá-lo na Parada do que na marcha que leva o seu nome", diz.
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