Carlos Nascimento, o 'DPE', se apresentou nesta segunda (26) em uma delegacia. Ele estava foragido e era procurado por suspeita de estuprar duas adolescentes, de 13 e 16 anos. Outros 3 rapazes estão detidos. Grupo usava aplicativo para atrair vítimas as obrigando a enviar fotos e vídeos nuas.
Por Diego Zanchetta e Kleber Tomaz, Fantástico e g1 SP
26/06/2023 14h45
Atualizado há 7 horas
'DPE' se apresentou numa delegacia e foi preso. Ele era considerado foragido. Jovem de 19 anos é investigado por estupro e ameaça de mulheres — Foto: Reprodução
As vítimas têm 13 e 16 anos. Elas são, respectivamente de
Santa Catarina e São Paulo. A polícia também investiga a possibilidade de que o
grupo tenha estuprado e ameaçado mais cinco vítimas: 3 em São Paulo, uma no
Espírito Santo e outra no Amapá.
Outros três rapazes, todos adultos, já tinham sido presos pelos policiais, na semana passada, após o Fantástico revelar, em maio, como jovens usavam a plataforma virtual para cometerem crimes.
Carlos Eduardo Custódio do Nascimento, o "DPE", tem 19 anos.
Carlos Eduardo Custódio do Nascimento, o "DPE", tem 19 anos. Ele estava foragido após a Justiça decretar a sua prisão temporária a pedido do Ministério Público (MP). Na tarde desta segunda, ele se apresentou com seu advogado numa delegacia da capital paulista. Sua defesa não foi encontrada pela reportagem para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.
Ao menos uma garota de 13 anos acusou DPE de estuprá-la. Ela
contou à polícia ter conhecido o rapaz no Discord. Depois fugiu de Santa
Catarina, estado onde morava com a família, para se mudar para São Paulo. E
passou a residir com DPE numa casa. Foi nesse imóvel que ela foi violentada
sexualmente, de acordo com a investigação.
Em seguida, as chantageavam as obrigando a fazer tarefas
sádicas, do contrário, ameaçavam divulgar as imagens delas nuas nas redes
sociais (Veja a reportagem completa abaixo).
Para a investigação todos os agressores se conheciam e
integravam esse grupo virtual. Entre as obrigações impostas por eles para as
garotas estavam: enviar mais fotografias e vídeos sem roupas, se mutilarem,
marcando a pele com as iniciais dos apelidos deles. E ainda eram obrigadas a
terem relações sexuais forçadas com eles. Alguns abusos sexuais e agressões
eram filmados e compartilhados pelos criminosos.
"São sádicos, são misóginos. Eles têm um asco, um
avesso por mulheres", disse Fábio Pinheiro, delegado responsável pela
investigação.
"Não se trata de desafios que estão sendo praticados
por adolescentes. Se trata de criminosos: grande maioria é maior de idade",
disse a promotora Maria Fernanda Balsabobra.
As autoridades querem saber se DPE também teve participação
no assassinato de um morador de rua.
Os outros detidos pela polícia são:
Vitor Hugo Souza Rocha, o "Verdadeiro Vitor", 21
anos (detido no começo de junho em Bauru, interior paulista): investigado por
armazenar pornografia infantil;
Gabriel Barreto Vilares, o "Law", 22 (preso também
na sexta passada na capital paulista): investigado por estupro e ameaça;
William Maza dos Santos, o "Joust", 20 (detido na
sexta em São Paulo): investigado por estupro e ameaça;
Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão, a
polícia encontrou nos computadores dos investigados fotos e vídeos das
adolescentes nuas, além de conversas que comprovam os crimes que os jovens
cometeram contra elas. Num dos aparelhos o nome de um dos arquivos era:
"backup das vagabundas estupráveis".
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Criminoso que agia no Discord tinha pasta de arquivos com vítimas catalogadas
Nós estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataque as vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime”, declara o promotor Danilo Orlando.
Em entrevista ao Fantástico, o porta-voz do Discord, Clint
Smith, disse que a plataforma “não tolera comportamento odioso”.
“Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de
usuários ao redor do mundo, e de tempos em tempos, conteúdo mau e comportamento
mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo”,
afirmou o porta-voz.
“Gostaria de enfatizar que a vasta maioria das interações de
brasileiros usando Discord são positivas e saudáveis. Nós somos proativos e
investigamos grupos que podem estar envolvidos em ameaças a crianças e
trabalhamos para tirar esses agentes ruins da plataforma”.
Em abril, o Fantástico havia revelado como Izaquiel Tomé dos
Santos, o "Dexter", de 20 anos, também estuprava e ameaça meninas
menores de idade que conheceu no Discord. Ele foi detido em abril. Segundo a
investigação, ele não conhecia os outros quatro presos. A reportagem também não
localizou sua defesa.
A Polícia Federal (PF) também investiga se outros rapazes
usaram o Discord para cometerem estupros e ameaças contra mais dez garotas
menores.
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