quarta-feira, 31 de julho de 2019

" STF sugere mordaça para Bolsonaro "

Em entrevista ao Em entrevista ao jornalista Tales Faria, do UOL, nesta terça-feira, dia 30, o ministro Marco Aurélio Mello demonstrou preocupação com as recentes falas de Bolsonaro dirigidas ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. E sugeriu uma solução nada comum para evitar novas polêmicas do presidente: “No mais, apenas criando um aparelho de mordaça". Outro ministro do STF também ouvido pelo jornalista do UOL, sob condição de anonimato também repudiou a atitude de Bolsonaro. "O pior de tudo é o mau exemplo, a associação do sucesso político ou qualquer outro à incivilidade e à grosseria. Por outro lado, acho que pode ser um marco de como as pessoas não devem ser. A repugnância tem sido geral." Confira no vídeo mais detalhes sobre a repercussão da polêmica fala de Bolsonaro:
30 de jul. de 2019

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Ruralista sem terras, Nelson Barbudo é acusado de incentivar invasões de terra dos Xavante

IN BANCADA RURALISTA, DE OLHO NA POLÍTICA, DE OLHO NOS CONFLITOS, EM DESTAQUE, GOVERNO BOLSONARO, POVOS INDÍGENAS, PRINCIPAL, ÚLTIMAS

 


 DE OLHO NOS RURALISTAS

28/05/2019 - UPDATED 10/09/20197:15 PM

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Ofensas a colegas de Congresso, derrubada do presidente local do Incra e ameaças a indígenas fazem parte do estilo do deputado mais votado do Mato Grosso; ele atua contra a TI Marãiwatsédé, antes invadida por fazendeiros e objeto de desintrusão em 2012

 

Por Leonardo Furhmann

 

 

A barba longa e desgrenhada e o chapéu enterrado na cabeça, que o torna parecido com o personagem Urtigão, de Walt Disney, são características da face mais visível do estilo que fez Nelson Barbudo (PSL) ser eleito o deputado federal mais votado do Mato Grosso na eleição passada. Fora da imagem aparentemente folclórica, Barbudo é visto como uma ameaça aos direitos dos povos originários do estado.

 

O principal constrangimento é imediato e causa preocupação aos moradores da Terra Indígena Xavante de Marãiwatsédé, nas proximidades do município de São Félix do Araguaia. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), Barbudo prometeu invadir a demarcação e devolver o espaço a agropecuaristas retirados da reserva, em 2012, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O Ministério Público Federal afirmou, em  nota, que vai responsabilizar civil e criminalmente quem tentar invadir a área indígena.

 

O território foi objeto de desintrusão – expulsão de invasores, entre eles políticos – durante o governo de Dilma Rousseff. Barbudo nega que esteja incentivando as invasões. Mas há vídeos em que ele ataca a demarcação de terras. Ele é apontado por líderes indígenas, entre eles Vanderlei Temireté Xavante, como um dos principais políticos que ameaçam a terra indígena.

 

Vanderlei Temireté Xavante denuncia ameaças de Barbudo aos indígenas. (Foto: Câmara de Bom Jesus de Araguaia)

“Nosso direito à terra já foi reconhecido pela Justiça”, disse Vanderlei Xavante em entrevista ao De Olho nos Ruralistas. “Nossos ancestrais estavam aqui desde os anos 1920”. Vanderlei aponta o ex-senador José Medeiros (Pode), segundo deputado federal mais votado, como outro autor de incitação ao ódio contra indígenas.

 

Barbudo já mostrou suas garras em Brasília. Depois de não conseguir emplacar um afilhado político na coordenação estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ele passou a atacar o engenheiro agrônomo Claudinei Chalito da Silva, que havia sido escolhido para o cargo pelo presidente do Incra, general João Carlos de Jesus Corrêa. Chalito é um funcionário de carreira do instituto. Barbudo tentava emplacar o pecuarista Gilberto Cattani, dono de uma fazenda em Nova Mutum com 50 cabeças de gado leiteiro, segundo a declaração dele à Justiça Eleitoral em 2018. Cattani foi candidato a deputado estadual pelo PSL no ano passado, mas não conseguiu se eleger.

 

Se não conseguiu levar o aliado para o cargo, Barbudo conseguiu a demissão do nomeado, sob o argumento de que ele era ligado ao PT. Na sua campanha contra Chalito, ele chamou o profissional de “meliante ligado à esquerda”. O deputado afirmou em abril que os petistas continuam a dominar os cargos na Funai e no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e defendeu que o governo retire profissionais “de esquerda” dos cargos de confiança.

 

PROJETO PROIBIU A PALAVRA CARNE EM PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

A incontingência verbal tem sido uma característica de Barbudo também na Câmara. Ele xingou a deputada Maria do Rosário (PT-RS) de “psicopata” após ela ter criticado uma carta enviada pelo então ministro da Educação, Ricardo Vélez, às escolas. Vélez queria que fossem enviados vídeos ao ministério dos alunos perfilados cantando o hino nacional e dizendo, em seguida, o slogan de campanha de Bolsonaro: “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”. A proposta foi engavetada após o anúncio do Ministério Público Federal de que Vélez seria investigado por “improbidade administrativa” em razão da carta. O ministro foi demitido dias depois.

 

Maria do Rosário é a mesma deputada que foi ofendida pelo presidente Jair Bolsonaro em 2014, quanto ambos eram deputados. Bolsonaro afirmou que só não “estupraria” a petista porque “ela não merecia” por ser “feia”. O presidente foi condenado a indenizá-la pelas ofensas.

 

Como legislador, a proposta de Barbudo que ganhou maior repercussão é a que proíbe o uso da palavra “carne” em produtos de origem vegetal, como hambúrgueres de soja ou de jaca, consumidos por veganos e vegetarianos. Para ele, o uso da expressão configura “propaganda enganosa”. O parlamentar se apresenta como “produtor rural” e é coordenador de infraestrutura e logística da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

 

Apesar de se apresentar como “produtor rural”, Barbudo não declarou a propriedade de terras ou de produtos ligados à produção à Justiça Eleitoral no ano passado. Seu único bem listado é uma carreta de reboque avaliada em R$ 2,5 mil. Nem o veículo para transportá-la o deputado alega ter.

https://deolhonosruralistas.com.br/2019/05/28/ruralista-sem-terras-nelson-barbudo-e-acusado-de-incentivar-invasoes-de-terra-dos-xavante/

Juiz da BA intima Bolsonaro e filho a dar explicações sobre indicação para embaixada dos EUA

Presidente e deputado federal têm cinco dias para se manifestarem sobre o pedido.

Foto: (Paola de Orte/Agência Brasil)

Cargo em Washington
Presidente tem 5 dias para se manifestar. Ação foi movida por deputado do PT

Um juiz da 1ª Vara Federal da Bahia intimou o presidente Jair Bolsonaro e o filho dele, Eduardo Bolsonaro, a darem explicações sobre a indicação do deputado federal ao cargo de embaixador do Brasil no Estados Unidos.
A intimação ocorreu após o juiz André Jackson de Holanda Maurício Júnior, substituto da 1ª Vara Federal, aceitar um pedido de ação popular movida contra a nomeação de Eduardo Bolsonaro. A decisão foi publicada na segunda-feira (29).
"O preenchimento de cargos relevantes como Chefe de Missão Diplomática Definitiva em território estrangeiro por parentes próximos do Chefe do Executivo, como por exemplo seus descentes (filho), violam todos os mandamentos constitucionais referentes à impessoalidade e à moralidade", diz um trecho da ação popular, que pede que a indicação de Eduardo Bolsonaro seja barrada de forma imediata.
Segundo a decisão do juiz, Jair Bolsonaro e o filho têm cinco dias para se manifestarem. A ação popular foi movida pelo deputado federal Jorge Solla (PT-BA).
A Secretaria de Comunicação do Planalto informou que não comentará a intimação ao presidente.

Trump elogia indicação

"Conheço o filho dele [Jair Bolsonaro], e eu considero que o filho dele é extraordinário, um jovem brilhante, incrível, estou muito feliz pela indicação", disse Trump.
Ele completou: "Eu conheço o filho dele e provavelmente é por isso que o fizeram [indicaram]. Estou muito feliz com essa indicação".
Em seguida, o presidente americano foi perguntado se isso não seria nepotismo, do que ele discordou. "Não, eu não acho que é nepotismo porque o filho ajudou muito na campanha. O filho dele é extraordinário, ele realmente é."
Por fim, Trump deu a entender que não tinha conhecimento da indicação: "Eu acho que é uma grande indicação, eu não sabia disso".
O presidente Jair Bolsonaro comentou posteriormente o aparente desconhecimento de Trump sobre a indicação. "O presidente, como eu por exemplo, não posso saber de tudo que acontece no governo. Às vezes tem embaixador que tá vindo pra cá, passa pelo Ernesto, e momentos antes ou poucos dias antes eu sei que vão entregar as credenciais pra aquele indicado por aquele país", explicou.
"Agora, você pode ver: ele conhece o Eduardo Bolsonaro. Quando eu estive lá a primeira vez, quando eu entrei para uma reunião reservada, quase secreta, ele mandou o ajudante de ordens dele chamar o Eduardo para participar da reunião. E não estavam presentes nem o embaixador dele, nem o nosso", acrescentou.

Sugestão enviada

O Brasil já submeteu aos Estados Unidos a sugestão do nome de Eduardo Bolsonaro para ocupar a embaixada em Washington, segundo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
"Foi pedido o 'agrément' e esperamos a resposta americana, de acordo com a praxe diplomática. Mas tenho a grande certeza de que será concedido pelo governo americano, e Eduardo Bolsonaro será um ótimo embaixador", disse Araújo, em entrevista coletiva que aconteceu durante encontro de ministros de Relações Exteriores que formam os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no Rio de Janeiro, na sexta-feira (26) .
"Agrément" é uma consulta que se faz ao país onde o embaixador será nomeado.
Depois dessa etapa, a indicação de Eduardo Bolsonaro será submetida ao Senado, onde ele será sabatinado.

Carro pega fogo na garagem e família fica presa dentro de casa, em Governador Valadares

Saída da casa era onde o carro estava em chamas, e havia risco de explosão; todos da família saíram sem ferimentos.


Por G1 Vales

Carro pega fogo na garagem e família fica preso dentro de casa, em Valadares — Foto: Divulgação/Polícia Militar
Carro pega fogo na garagem e família fica preso dentro de casa, em Valadares — Foto: Divulgação/Polícia Milita

Um homem de 68 anos, e esposa, de 58, e os filhos de casal, de 39 e 25 anos, ficaram presos dentro de casa durante um incêndio, na madrugada desta quarta-feira (31). O carro da família estava na garagem e começou a pegar fogo, e a saída do imóvel era justamente onde estavam as chamas.
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados por vizinhos. Quando os militares chegaram, a fumaça já tinha invadido toda a casa e as chamas começaram a ameaçar a estrutura do quarto que ficava em cima da garagem, e ainda havia risco de explosão.
Um militar entrou no imóvel por esse cômodo, e conseguiu guiar a família até um local seguro, fora da casa, e os bombeiros conseguiram controlar o incêndio.
O carro ficou destruído e os cômodos mais próximos às chamas sofreram rachaduras, comprometendo piso e estrutura. As causas do incêndio serão investigadas.
As quatro pessoas da família e o militar que entrou na casa foram encaminhados para o hospital para avaliação, mas sem ferimentos.
Veja mais notícias da nossa região em G1 Vales

Duas pessoas são presas no Leste de Minas em operação da Polícia Federal contra emigração ilegal


Mandados de busca, apreensão e de prisão da operação 'Cai Cai' foram cumpridos em Sardoá e Tarumirim na manhã desta quarta-feira (31); esquema era investigado desde o início do mês.


Por G1 Vales de Minas Gerais
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (31) nas cidades de Tarumirim e Sardoá, no Leste de Minas, a operação “Cai Cai”, com o objetivo de combater a prática de emigração ilegal de brasileiros para os Estados Unidos por meio do território mexicano. Duas pessoas foram presas preventivamente, em cumprimento de mandados da Justiça de Governador Valadares.
De acordo com a polícia, as investigações começaram no início do mês após a delegacia da PF em Valadares receber informações sobre a prática do crime. Segundo a apuração do esquema, feita por agentes policiais que atuam no México, cada adulto que ingressava ilegalmente nos EUA ia acompanhado de uma criança ou adolescente. O objetivo dessa ação era evitar uma deportação imediata, dando mais tempo para permanecerem no país.
Durante a operação foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e dois de prisão em Tarumirim e Sardoá. Segundo a PF, as pessoas presas, que não tiveram suas identidades reveladas, atuavam como agentes de viagens, facilitando o processo de entrada ilegal dos emigrantes nos Estados Unidos.
Nos locais abordados, a polícia apreendeu vários celulares, documentos, veículos e moedas nacionais e estrangeiras. Os detidos foram levados para a Delegacia da Polícia Federal de Governador Valadares. A PF não informou quantas pessoas teriam se beneficiado do esquema.

Vaza Jato: erros grosseiros nos ‘documentos’ sobre Greenwald que a direita espalhou

Perfil no Twitter Pavão Misterioso montou farsa para acusar o diretor do "Intercept" de ter contratado hacker russo para obter dados de Moro e Dallagnol
  13:43
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JOSÉ CRUZ/ABR
O ataque a Glenn Greenwald foi orquestrado como uma tentativa desesperada de desmoralizá-lo
São Paulo – Com o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol sem condições de responder claramente às revelações do site The Intercept Brasil, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) recorreram a uma mentira grosseira para atacar o site e o jornalista Glenn Greenwald. Um perfil recém-criado no Twitter chamado Pavão Misterioso publicou um “documento” como tendo sido extraído do computador de Greenwald, mostrando transações que teriam sido feitas em criptomoeda para pagar um hacker para obter os dados do celular de Dallagnol. O objetivo é desqualificar as revelações sobre o conluio entre Moro e Dallagnol para condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato,
Segundo o “documento”,  que um hacker teria pego do computador de Glenn Greenwald, ele teria enviado 84 Bitcoins, equivalentes a US$ 310 mil, para o Panamá, que depois foi convertido e reenviado para a Rússia, onde novamente foi convertido, agora em rublos. Depois enviado novamente para a China, onde teria ido para a conta de Viktor Pollson, nome de um conhecido hacker russo. O “documento” foi fortemente compartilhado por apoiadores de Bolsonaro em uma tentativa de imputar um crime ao jornalista. Revelar informações não é crime, mas contratar um profissional para obtê-las, sim.
No entanto, uma série de erros grosseiros desmontam a história. No site BlockChain.com, que registra todas as transações em criptomoeda feitas no mundo, não há registros das transferências que teriam sido feitas por Glenn Greenwald. O site não registra a identificação de quem envia ou de quem recebeu, mas os dias, horários e valores. O documento falso informa que o jornalista teria transferido “84 criptomoedas no dia 13/02/2013 às 08:02:11”. Dados que não constam do BlockChain.com. Todas as transações nesse dia são de valores diferentes em horários anteriores ou posteriores.
O valor da transação expresso no documento está incorreto. Segundo o registro falso, a transação foi de criptomoedas valendo US$ 3.624,54 a unidade, equivalentes a US$ 308.085,90. Mas a conta está errada. Nesse valor, a transação devia ser de 85 criptomoedas e não 84 como diz o tal documento. Além disso, a escrita dos valores está incorreta. Em um documento em inglês, a posição de vírgula e ponto é trocada, com a primeira separando os milhares e o segundo separando os decimais. Mas o documento apresenta os valores na forma usada no Brasil, apesar de estar todo em língua inglesa.
Algumas palavras foram escritas erradas. O nome do dinheiro Russo foi escrito metade em inglês metade em português: “Russian Rublos”. O correto, para um documento em inglês, seria Russian Rubles. No início do documento também aparece a palavra transfered (transferido). Mas no final está escrito transferred. Ambos os erros são improváveis em um documento de transferência de valores.
De outro lado, os principais propagadores da denúncia contra Glenn Greenwald são conhecidos. O principal foi o youtuber Bernardo Kuster, recomendado por Bolsonaro como “fonte confiável” de informação. Ele passou os últimos dias dizendo que haveria uma grande revelação sobre Greenwald. Outro propagador da história foi o candidato a deputado estadual pelo PSL Smith Hays, entre outros perfis influentes nas redes sociais. O vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente, falou em pavão nas redes sociais alguns dias antes. A conta Pavão Misterioso já foi deletada.
As interações foram reveladas pelo especialista em Big Data Fábio Malini, que faz monitoramento de assuntos mais compartilhados nas redes sociais. O filósofo e escritor Henry Bugalho publicou um vídeo em seu canal desmontando a farsa do documento, bem como o perfil Tesoureiros do Jair, que também demonstrou os erros da “revelação”.
O próprio Glenn Greenwald ironizou a denúncia. “Se a rede de Bolsonaraists/@MBLivre/@tercalivre for fabricar documentos falsificados em inglês para tentar espalhar falsas acusações contra mim, pelo menos tenha a cortesia de não ser tão preguiçoso a ponto de errar as palavras básicas”, escreveu.
No fim de semana, o site The Intercept Brasil trouxe novas revelações sobre as conversas entre Moro e Dallagnol. Horas depois do primeiro depoimento de Lula à Lava Jato, o ex-juiz orienta os procuradores a rebater as alegações da defesa do ex-presidente com uma nota e chama a atuação dos advogados de defesa de “showzinho”. Ele sugere que a força tarefa exponha contradições do depoimento para se proteger.

O crime é de quem denuncia ou do criminoso?, questiona o Intercept

Editores do site: “Nunca vimos tantos jornalistas interessados mais em descobrir a fonte de uma informação do que com a informação em si”
 18:06
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LEANDRO DEMORI/THE INTERCEPT BRASIL
O Intercept observou que parte da imprensa está dando importância ao caso, mas alguns veículos preferem criminalizar o jornalismo
São Paulo – Os jornalistas Glenn Grennwald e Leandro Demori, editores do site The Intercept Brasil, questionam o contra-ataque da rede bolsonarista em torno do crime observado na condução da Operação Lava Jato: a quem interessa a narrativa dos “hackers criminosos”? O Intercept iniciou no domingo anterior (8) a veiculação de uma série de reportagens com informações “ das entranhas da Lava Jato”. “As primeiras reações dos envolvidos no escândalo foram essas: o MPF preferiu focar em hackers, e não negou a autenticidade das mensagens. Sergio Moro disse que não viu nada de mais, ou seja: não negou a autenticidade das mensagens”, descrevem os jornalistas, sobre o comportamento do ex-juiz e atual ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, que segundo o meio jurídico teria cometido crime ao atuar em conluio com os acusadores.
Moro já disse não reconhecer o conteúdo, depois disse que pode ter dito e chegou a chamar de “descuido” ter passado ao procurador Deltan Dallagnol pista sobre o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para investigação do Ministério Público. O procurador, por sua vez, ainda não entregou seu celular para perícia.
“É evidente que nem Moro, nem Deltan, nem ninguém podem negar o que disseram e fizeram”, afirma o Intercept. “Moro sugeriu que o MPF atacasse a defesa de Lula usando a imprensa, e o MPF obedeceu. Quem chefiava os procuradores? Só não vê quem não quer.”
Glenn e Demori ironizam: “Nunca vimos tantos jornalistas interessados mais em descobrir a fonte de uma informação do que com a informação em si. Nós jamais falamos em hacker. Nós não falamos sobre nossa fonte. Nunca”.
“Já imaginou se toda a imprensa entrasse numa cruzada para tentar descobrir as fontes das reportagens de todo mundo? A quem serve esse desvio de rota? Por enquanto nós vamos chamar só de mau jornalismo, mas talvez muito em breve tudo seja esclarecido. Nós já vimos o futuro, e as respostas estão lá”, avisam.
“A ideia é tentar nos colar a algum tipo de crime – que não cometemos e que a Constituição do país nos protege. Moro disse que somos ‘aliados de criminosos’, em um ato de desespero. Isso não tem qualquer potencial para nos intimidar. Estamos apenas no começo.”

Glenn Greenwald no Senado

O Conselho de Comunicação Social (CCS) do Senado Federal aprovou, nesta segunda-feira (17), convite a Glenn Greenwald. A audiência será em 1º de julho. A iniciativa de convidar partiu do representante da sociedade civil no colegiado, o advogado Miguel Matos.
“Não podemos fechar os olhos para o que vem ocorrendo neste país. É algo de uma gravidade extrema, e intimamente ligado também à nossa atuação neste conselho. O imbróglio em torno do que vem sendo divulgado pelo The Intercept é algo sem precedentes na história brasileira. E Greenwald tem dito que vem sofrendo inúmeros atentados ao livre exercício do jornalismo. É preciso então que ele venha aqui e esclareça o que vem acontecendo. A liberdade de imprensa é a garantidora do Estado democrático de direito, não podemos fechar os olhos para o que está se passando”, disse Matos.
Segundo o Senado Notícias, o jornalista Davi Emerich, também favorável ao convite feito a Greenwald, defendeu que o CCS não poderia ignorar, neste momento, a conjuntura política que divide o país e solicitou que outros jornalistas fossem chamados, visando que a audiência não se tornasse “manca” num debate público. Assim, serão chamados também os jornalistas Claudio Dantas, do site O Antagonista; Daniel Bramatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Abraji; e Maria José Braga, presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas e também conselheira do CCS, além do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Brito.

"Moro era o chefe da força-tarefa da Lava-Jato", diz Glenn Greenwald em audiência na Câmara dos Deputados

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
Greenwald, jornalista fundador do site que publica supostas conversas de Moro, diz que há mais conteúdo a ser revelado
Fundador do site The Intercept Brasil, que publicou diálogos atribuídos ao ex-juiz e ministro da Justiça e ao procurador da República Deltan Dallagnol, foi convidado para falar a parlamentares

O jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, falou nesta terça-feira (25) na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados sobre os vazamentos de mensagens atribuídas ao ex-juiz e ministro Sergio Moro e a procuradores da força-tarefa da Lava-Jato. Para ele, as trocas de mensagens reveladas pelo site mostram que Moro era o "chefe da força-tarefa da Lava-Jato".

 O material já mostrou e vai continuar mostrando que Moro era o chefe da força-tarefa da Lava-Jato, que era o chefe dos procuradores. Ele (Moro) está o tempo todo mandando o que os procuradores deveriam fazer e depois entrando no tribunal e fingindo que era neutro. Já mostramos isso, mas vai ter muito mais material ainda — declarou o jornalista, em audiência pública.
O site fundado por Greenwald tem publicado mensagens atribuídas a integrantes da força-tarefa e a Moro. De acordo com o The Intercept Brasil, as conversas indicam que o ministro, enquanto juiz responsável pelos casos da Lava-Jato, teria interferido na atuação dos procuradores, sugerindo que eles invertessem a ordem de operações e dando pistas de investigações.
Reportagem da Folha de S.Paulo e do The Intercept Brasil neste domingo (23) afirmou que procuradores da Operação Lava-Jato supostamente se articularam para proteger Moro e evitar que tensões entre ele e o Supremo Tribunal Federal paralisassem as investigações num momento crítico para a força-tarefa em 2016.
Moro diz não reconhecer a autenticidade das mensagens obtidas pelo Intercept e nega ter cometido ilegalidades na condução da Lava-Jato.
— Nos Estados Unidos, é impensável que um juiz consiga fazer isso — disse o jornalista nesta terça-feira.
Segundo ele, em outros países democráticos, juízes que tenham tido atuação semelhante perderiam o cargo e seriam proibidos de exercer suas funções.
A audiência pública na Câmara dos Deputados teve a presença principalmente de parlamentares da oposição. Uma das poucas aliadas de Moro que falaram foi a deputada Policial Katia Sastre (PL-SP), que disse que Greenwald deveria ser preso.
— Quem deveria ser julgado e condenado e sair daqui preso é o jornalista, que em conjunto com o hacker cometeu crime — disse a parlamentar.