Defesa Civil diz que medida foi preventiva para ajudar pessoas que vivem em áreas baixas; volume aumentou devido às chuvas
Ao menos 20 famílias precisaram ser retiradas de casa em Crisólita, a 572 km de Belo Horizonte, neste sábado (11), após uma barragem de água transbordar na área rural da cidade.
De acordo com a Defesa Civil Estadual, a medida foi preventiva e atendeu os moradores das partes baixas do município. Elas foram encaminhadas para as casas de parentes, amigos ou em um abrigo fornecido pela prefeitura. Não houve feridos.
Cidades mineiras sob situação de risco
Municípios com elevado grau de perigo em função das chuvas
fortes estão concentrados principalmente nas regiões Norte, Noroeste e
Jequitinhonha.
10/12/2021 04:00 - atualizado 10/12/2021 00:49
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, ontem,
três alertas de chuvas fortes para 239 municípios de Minas Gerais, válidos até
hoje (10/12). Segundo o informe, 26 cidades têm alto grau de perigo, entre elas
Almenara, Jacinto e Palmópolis. Outras 55 têm risco moderado, como Espinosa,
Nanuque e Salinas. Já 158 municípios estão em menor perigo, entre eles
Diamantina, Janaúba, Teófilo Otoni e Unaí.
A maioria das cidades em alto grau de perigo está
concentrada nas regiões Norte, Noroeste e Jequitinhonha. Segundo o
meteorologista do Inmet Claudemir Azevedo, é nesses municípios que há mais
chance de ocorrerem pancadas de chuvas fortes até hoje. “Belo Horizonte não
está inclusa neste alerta, pois reduziu a condição de chuvas para toda a região
metropolitana, com o aumento de nebulosidade no Norte do estado.”
O alerta mais grave informa que há possibilidade de
tempestades com volume maior do que 100mm e ventos com velocidade superior a
100km/h. Há grande risco de danos em edificações, corte de energia elétrica,
queda de árvores, descargas elétricas, alagamentos, enxurradas e grandes
transtornos no transporte rodoviário. Os outros dois alertas destacam o volume
de chuva de 50mm a 100mm por dia, com ventos que podem chegar a 60km/h.
As fortes chuvas que atingem o Vale do Jequitinhonha e o Sul
da Bahia fizeram o Rio Jucuruçu transbordar e deixar mais de 150 famílias
desalojadas em Palmópolis
(foto: Redes sociais/reprodução)
DESLIZAMENTO E MORTES
Um deslizamento de terra provocou a morte de um trabalhador
na tarde de quarta-feira (8/12), em São José do Acácio, distrito de Engenheiro
Caldas, cidade que fica a 42 quilômetros de Governador Valadares, na Região
Leste de Minas. Paulo Sérgio dos Santos, de 48 anos, estava trabalhando nos
fundos de uma casa quando foi soterrado por um grande volume de terra que
deslizou de uma altura de 9 metros, segundo os militares do Corpo de Bombeiros.
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Moradores de áreas próximas ao local do acidente contaram ao
bombeiros que o terreno estava muito encharcado por causa das chuvas constantes
na região. Os primeiros socorros prestados ao homem foram feitos pelos
vizinhos.
Toda a área do deslizamento foi isolada, já que os bombeiros
constataram que podem ocorrer novos deslizamentos no local. A Defesa Civil da
Prefeitura de Engenheiro Caldas foi acionada para fazer uma avaliação das
condições do terreno.
Já na madrugada de ontem (9/12), uma criança de 2 anos
morreu após a casa onde morava com a mãe, de 35, e uma irmã, de 13, ter
desabado. O imóvel foi atingido por um deslizamento de terra, no município de
Pescador, no Vale do Rio Doce. A forte chuva registrada na madrugada provocou a
queda do barranco. Enzo Rafael Rodrigues estava dormindo no momento do
acidente. A mãe e a irmã do menino conseguiram sair de casa rapidamente.
Desesperadas, elas tentaram salvá-lo, com ajuda de vizinhos.
A procura pela criança em meio aos escombros foi demorada e
seu corpo foi encontrado depois de muito trabalho de remoção de tijolos, telhas
e móveis. Os peritos da Polícia Civil estiveram no local e depois de fazer os
trabalhos periciais liberaram o corpo, que foi levado para o Instituto
Médico-Legal de Teófilo Otoni, que fica a 82 quilômetros de Pescador.
A mãe e a irmã do menino foram levadas para a UPA de Teófilo
Otoni. Segundo a Polícia Militar, a mãe estava com um corte na testa e sua
filha reclamava de fortes dores no braço.
CALAMIDADE PÚBLICA
As fortes chuvas que atingem o Vale do Jequitinhonha e o Sul
da Bahia fizeram o Rio Jucuruçu transbordar e deixar mais de 150 famílias
desalojadas em Palmópolis, município de menos de 7 mil habitantes que faz
limite com Jucuruçu, na Bahia. A Prefeitura de Palmópolis decretou ontem estado
de calamidade pública.
O número de famílias desalojadas pode ser muito maior que as
150 estimadas pela administração local. A secretária municipal de Administração
de Palmópolis, Geisa Silva, disse que há pelo menos 2 mil habitantes no
distrito de Dois de Abril e no povoado de Jeribá. As duas localidades estão
isoladas da sede e incomunicáveis.
“Lá caíram postes de iluminação, com fios elétricos e cabos
de internet. As estradas de acesso às comunidades estão interditadas. Os
moradores estão sem telefonia e sem água tratada”, explicou. Segundo ela, a
situação é preocupante porque muitas famílias podem estar com as casas
submersas pelo Rio Jucuruçu. “Tivemos a informação de que a Cemig enviaria um
helicóptero para chegar a essas comunidades, mas estamos aguardando
confirmação.” A Secretaria Municipal de Assistência Social de Palmópolis
começou uma campanha para arrecadar mantimentos e roupas para os desabrigados.
SUL DO ESTADO
As chuvas provocaram estragos também para agricultores na
Região Sul de Minas. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater)
em Andradas fez um levantamento das áreas atingidas após temporal acompanhado
de granizo de quarta-feira (8/12).
Cerca de sete hectares de plantação foram cobertos pelo
gelo, entre eles três são de batata e quatro hectares de milho, grãos e
silagem, além de cerca de mil covas de café. As lavouras não têm seguro e são
custeadas com recursos próprios. Antônia de Oliveira é produtora rural há 30
anos. Ela mora no distrito de Campestrinho e, no local tem plantação de milho,
feijão e um pouco de café. “O que mais estragou foi o milho, que a gente usa
para fazer silagem para as vacas. Já tivemos prejuízo recentemente com a geada.
Agora que começou a chuva e ficou tudo verdinho, aconteceu isso”, diz.
*Estagiárias sob supervisão da editora-assistente Vera
Schmitz
Volume de chuva por região em Belo Horizonte
Veja o quanto já choveu de 1º de dezembro até as 7h de
quinta (9/12):
Barreiro: 187,8 (52,3%)
Centro Sul: 207,1 (57,7%)
Leste: 196,0 (54,6%)
Nordeste: 239,0 (66,6%)
Noroeste: 194,2 (54,1%)
Norte: 202,4 (56,4%)
Oeste: 230,4 (64,2%)
Pampulha: 203,4 (56,7%)
Venda Nova: 199,8 (55,7%)
Veja as principais solicitações atendidas:
Abatimento de piso: 4
Abatimento de piso/desastre com causa humana: 1
Abatimento de piso/desastre natural: 2
Alagamento: 3
Danificação ou destruição de edificações: 2
Danificação ou destruição de habitações: 3
Desabamento parcial de moradia: 2
Desabamento parcial de muro de arrimo: 8
Deslizamento de encosta: 21
Enchentes ou inundações: 2
Erosão: 5
Escorregamentos ou deslizamentos: 14
Infiltração: 32
Trincas: 24
Trincas/infiltrações: 41
Trincas e rachaduras em muro: 7
Em Machacalis, no Vale do Jequitinhonha, já foram contabilizados mais de 200 desabrigados
(foto: Fotos: Alexandre Amador/Divulgação)
Ocorrências em BH
Apesar de estar fora do alerta emitido pelo Inmet, Belo
Horizonte também sofreu com as chuvas dos últimos dias. Segundo a Defesa Civil
da capital, já foram atendidos 287 pedidos de vistorias de risco em dezembro. A
maioria deles para inspeção em imóveis particulares nas regiões Noroeste, Venda
Nova e Norte.
Em nove dias, o volume de chuvas da capital mineira está
quase passando o esperado para o mês. A média climatológica de chuvas prevista
para dezembro é de 358,9mm, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia
(Inmet).
Com o grande volume de chuva, parte da população,
principalmente aquela que está em áreas de risco geológico, se sente ameaçada.
Trincas nas paredes, infiltrações, desabamento de muros e deslizamento de
encostas são algumas das situações que a Defesa Civil vistoriou e constatou nos
últimos dias.
*Estagiária sob supervisão do editor Benny Cohen
A Prefeitura de Machacalis lançou campanha de doações para os moradores que perderam suas casas no município
Rastro de destruição no Norte de Minas
As chuvas provocam destruição no Vale do Jequitinhonha. Uma
das cidades mais atingidas na região é Machacalis, de 7,12 mil habitantes.
Segundo a prefeitura, até a tarde de ontem foram contadas cerca de 200 pessoas
desabrigadas, número que pode aumentar, já que os temporais continuam. As
inundações também atingiram dois postos do Programa de Saúde da Família (PSF),
onde estavam armazenadas vacinas contra a COVID-19.
A Prefeitura de Machacalis aguardava a chegada de equipes da
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e do Corpo de Bombeiros, visando
auxiliar os atingidos pelas chuvas. Com o excesso de chuvas, os rios Água
Branca e Norte, que cortam a área urbana do município, transbordaram. De acordo
com a prefeitura, foram inundadas dezenas de moradias do Pirulito e “Área” e no
Centro da cidade, principalmente na Rua Belo Horizonte.
Conforme o secretário municipal de Agricultura e Meio
Ambiente de Machacalis, Alexandre Amador, os desabrigados estão sendo levados
para três abrigos, instalados na Escola Estadual Dona Maricota Pinto, na Igreja
Cristã Congregação do Brasil e na igreja católica da cidade.
Segundo Amador, pelo menos 10 casas desabaram. Não houve
vítimas. Os desabrigados perderam móveis, eletrodomésticos, roupas e outros
bens. A prefeitura lançou uma campanha para a doação de alimentos, produtos de
higiene, roupas, calçados e utensílios para os desabrigados. Também foi aberta
uma campanha para recebimento de doações em dinheiro para as vítimas das
enchentes. A conta, aberta em nome da Associação de Mães Fraternidade e
Trabalho, é 13.447-3, Banco Sicoob (banco 756), agência 3045. CNPJ:
20.857.662/0001-54. As doações também podem ser feitas pelo Pix: chave
086.140.396-70 (em nome de Andressa Rodrigues Ornelas).
POSTOS INUNDADOS E VACINAS
Conforme o secretário Alexandre Amador, dois postos do PSF
usados para a vacinação contra a COVID-19, um situado no Bairro Pirulito e
outro no Centro da cidade, foram inundados. Nas duas unidades de saúde eram
armazenados estoques de vacinas contra o coronavírus, que estão debaixo d'água.
A prefeitura ainda não tem o levantamento sobre a quantidade do imunizante que
foi perdida devido à enchente.
Por outro lado, Amador diz que, apesar da “situação de caos”
provocada pelas chuvas em Machacalis, a vacinação contra a COVID-19 não será
interrompida. As doses continuam sendo aplicadas em duas unidades de saúde do
município que não foram atingidas pelas águas.
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