Jornal Diário Teófilo Otoni
13 de dezembro às 18:42
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Animador do Trenzinho vestido de homem aranha enforca e
derruba criança de 11 anos que seguia veículo de bicicleta
Caso aconteceu no sábado, na Av. Luiz Boali, em Teófilo Otoni
TEÓFILO OTONI - Chegou até o Diário um vídeo com um animador
do Trenzinho vestido de Homem Aranha agredindo uma criança de 11 anos de idade.
O caso aconteceu no último sábado (11), na Avenida Luiz Boali.
O vídeo foi originalmente publicado na página @fa_drinks ,
com mais de 11 mil seguidores.
Segundo relatos de uma familiar o homem alegou que o garoto
estava “pongando” no Trenzinho.
No momento que o animador do Trenzinho esgana o garoto pelo
pescoço ele diz: “Não te falei, não te falei”.
Porém a familiar foi enfática em defender a criança.
“Nada justifica ele fazer isso com uma criança. É revoltante
porque ele pegou o menino pelo pescoço e nem respeitou as duas crianças que
estava perto. E mais revoltante ainda é que ninguém fez nada, nem mesmo o
pessoal do Trenzinho”, desabafou ela.
A mesma disse ainda que as agressões continuaram depois que
o garoto foi derrubado da bicicleta, e que animador vestido de Homem Aranha
trabalhou normalmente no domingo (12) no Trenzinho.
O Diário conversou com o tio do garoto, Valter Kalil. Ele
foi até o local no dia do fato pegar a criança e levar para casa, no bairro São
Jacinto.
Na ocasião o menino passeava de bicicleta com familiares
pela cidade.
O jornal tentou contato com os responsáveis pelo Trenzinho,
mas sem sucesso. O espaço está aberto para comunicação.
https://www.facebook.com/jornaldiario.teofilootoni
Enquete popular não oficializa Bolsonaro como Personalidade
do Ano da Time
É enganoso que Jair Bolsonaro (PL) tenha sido eleito
Personalidade do Ano pela revista Time. O presidente venceu votação popular na
internet, o que é diferente da escolha feita pelos editores, que determina o
título oficial
Conteúdo verificado: Vídeos no Facebook expõem montagens de capas da Time com imagens de Jair Bolsonaro como Personalidade do Ano. Uma das gravações traz um compilado de publicações anteriores da revista e finaliza com uma foto do presidente. Em outra, autor questiona a ausência da notícia no Jornal Nacional.
É enganoso que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha sido
eleito a Personalidade do Ano pela revista Time, ao contrário do que afirmam
postagens no Facebook. O resultado citado pelos autores e divulgado em 7 de
dezembro se refere à enquete feita anualmente pela publicação na internet, o
que não representa o resultado final. A escolha definitiva virá a público em 13
de dezembro. Uma votação não tem relação direta com a outra, embora os editores
possam concordar com o resultado da enquete.
Bolsonaro recebeu 24% dos 9 milhões de votos totais
computados de forma online. Na sequência, aparecem o ex-presidente dos Estados
Unidos Donald Trump, com 9%, e, em terceiro, com 6,3% dos votos, profissionais
de serviços de saúde que atuaram contra a covid-19. Na matéria sobre os
primeiros colocados da enquete, a revista destaca que a escolha da
personalidade de maior influência no ano é feita “para o bem ou para o mal”.
O Comprova entrou em contato com os perfis que publicaram
informações enganosas, mas não obteve retorno até a publicação desta
investigação. Enganoso, segundo o Comprova, é todo conteúdo retirado do seu
contexto original de modo que seu significado sofra alterações.
Como verificamos?
Inicialmente, realizamos busca no Google com as
palavras-chave que envolvem o tema: Bolsonaro, Time e personalidade.
Uma matéria do Estadão sobre o assunto, publicada no último
dia 8, diferencia a votação popular da escolha feita pelos editores da revista
norte-americana, esta, sim, definitiva. Outro texto consultado, do site alemão
DW, estabelece a mesma distinção entre as duas etapas.
A reportagem também recorreu ao banco de dados da própria
revista Time para esclarecer fatos históricos sobre as edições da revista.
De quatro publicações com mesmo teor investigadas pelo
Comprova, duas são marcadas como inverídicas pelo Facebook. A reportagem entrou
em contato com os autores dos posts que contêm desinformação, mas não teve
retorno até a publicação deste texto.
Verificação
Enquete popular
A votação vencida por Bolsonaro foi aberta ao público e
apoiadores do presidente se articularam em grupos no Telegram para incentivar a
participação. “Vote em Bolsonaro na enquete da revista americana e faça o
Bonner chorar dando a notícia da vitória do presidente”, escreveu um usuário no
grupo “Bolsonaro Presidente”, que contabiliza 10.276 membros.
Outro membro do mesmo grupo compartilhou uma capa falsa, com
uma montagem da imagem de Bolsonaro em um fundo neutro da revista, com o título,
em inglês, “Person of the Year”. Há ainda uma legenda ao lado da foto com os
dizeres “Jair Bolsonaro, presidente do Brasil e líder do mundo livre”.
Diferentemente de apoiadores, o perfil do presidente no
Twitter reconheceu que Bolsonaro não foi escolhido oficialmente. O mandatário
agradeceu os votos recebidos e manifestou o desejo de que a revista conceda a
ele o prêmio final.
Antes disso, em uma live semanal transmitida em 25 de
novembro, Bolsonaro chegou a comentar a abertura da enquete popular. “A revista
Time está fazendo aí uma enquete, como faz há décadas, personalidade do ano.
São cem pessoas. Eu estive entre as cem pessoas em 2019 e em 2020. E, agora em
21, estamos liderando. Então, eu agradeço quem votou em mim. Quem não votou, eu
peço que entre no site da Time e vote. Você vota nos cem se você aprova ou
não.”
O presidente segue: “O voto, pessoal, é se você achar se
aquela pessoa te agrada ou não. E a gente está disparado nisso aqui. Espero que
ganhe, né? Espero que ganhe. Se ganhar, se merecer, até agradeço quem votou em
mim. Quem não votou tem a oportunidade aí de votar nessa possível personalidade
do ano”.
Capas históricas
Um dos vídeos aqui verificados mostra uma linha do tempo com
imagens de pessoas que, de fato, estamparam a capa da revista como
Personalidades do Ano, como o pacifista indiano Mahatma Gandhi (1930), o
ex-líder da antiga União Soviética Josef Stalin (1939), os ex-presidentes dos
Estados Unidos Barack Obama (2008-2012) e Donald Trump (2016). O post foi feito
em um grupo público, com apoiadores de Bolsonaro, que soma mais de 95 mil
membros. Ao final do vídeo, Bolsonaro aparece em uma capa falsa, como se
fizesse parte da sequência de pessoas que verdadeiramente receberam o destaque.
A tradição da Personalidade do Ano começou em 1927, quando o
pioneiro da aviação nos Estados Unidos, Charles Lindbergh, foi escolhido o
homem mais influente. De acordo com a revista, a escolha surgiu por acaso. As
capas da época haviam acabado de adquirir a emblemática borda na cor vermelha e
priorizavam retratos de figuras que se destacavam nos eventos da semana. Mas,
naquele fim de ano, os editores não chegaram a um consenso sobre quem deveria
levar o título.
Foi aí, então, que nasceu a ideia de reconhecer uma
Personalidade do Ano, e não apenas da semana, segundo um editorial publicado em
1945. O texto pondera, no entanto, que a escolha por Lindbergh foi também uma
espécie de retratação da revista por não ter dado destaque, até então, a um dos
heróis da época. Na semana em que se noticiou o feito histórico do aviador, que
realizou o primeiro voo transatlântico sem escalas, a Time optou por estampar
uma imagem do Rei Jorge V e da Rainha Maria, do Reino Unido.
Desde o início da publicação da revista, em 1923, quatro
brasileiros foram retratados na capa da revista norte-americana em edições
semanais. São eles: o advogado e político Julio Prestes (1930), o ex-presidente
da República Juscelino Kubitschek (1956), o também ex-presidente da República
Jânio Quadros (1961) e o ex-líder do regime militar Costa e Silva (1967).
Segundo matéria do site alemão DW, a eleição popular
realizada atualmente sobre a Personalidade do Ano não tem influência sobre a
escolha feita por profissionais do periódico. O principal objetivo da enquete é
gerar engajamento no site do veículo.
Em 2019 e 2020, Bolsonaro foi incluído na lista das 100
pessoas mais influentes daqueles anos, também elaborada pela revista Time. O
documento inclui figuras de artistas, empresários, empreendedores e líderes
mundiais. No ano passado, o youtuber Felipe Neto também foi um dos agraciados.
Agora, em 2021, a única brasileira na lista é a empresária Luiza Trajano.
Essas escolhas também ficam a cargo dos editores da revista.
Os nomes são selecionados de acordo com o grau de influência, não importando o
mérito das ações de cada um dos ali citados. As fotos dos escolhidos também são
acompanhadas de um texto com uma breve descrição feita não apenas por
jornalistas, mas também por autoridades e outras figuras públicas.
Mais peça de desinformação
Outro vídeo que circula no Facebook, intitulado “globo lixo
é assim mesmo, lixo de mentiras…
”, resgata uma gravação do Jornal Nacional de dezembro de 2019, quando foi
noticiada a escolha da ativista Greta Thunberg como Personalidade do Ano pela
Time. Neste caso, a eleição foi feita pelos editores da revista e, portanto, se
trata de um resultado oficial.
A mesma peça compila outro momento do jornal, de dezembro
deste ano, em que os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos anunciaram a
conquista de dois Prêmios Caboré por profissionais da Globo. A cerimônia é
realizada anualmente desde 1980 pelo Grupo Meio & Mensagem, e reconhece
funcionários, agências e empresários ligados ao setor de propaganda no Brasil.
O vídeo, que teve mais de 19 mil visualizações até a
publicação desta reportagem, inclui uma montagem do autor, que, com tom de
ironia, questiona o motivo de os jornalistas não terem noticiado a conquista de
Jair Bolsonaro como Personalidade do Ano, como fez com Greta Thunberg. A
afirmação é enganosa, pois, como já explicado, o presidente levou o título
apenas na votação online, e isso não fica claro no vídeo. Há ainda uma capa
falsa, em que o autor coloca outra montagem da imagem de Bolsonaro na revista.
Em determinado momento do vídeo, o autor desdenha do Prêmio
Caboré e faz críticas à imprensa: “(…) É o presidente da República, o
presidente do país, e eles não deram uma nota, uma notinha sequer, mas deram 5
minutos para duas maritacas deles que ganharam o Prêmio Caboré não sei das
quantas, coisinha deles lá. O presidente do Brasil ganhou a Celebridade do Ano
da revista Time, a revista mais importante do mundo, e essa ‘rede Goebbels’
[referência a Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha nazista] não
deu uma nota. É esse o nível de jornalismo que temos aqui, principalmente o da
Rede Globo”.
Depois, conclui: “Não é lixo, não é lavagem de esgoto, é
muito abaixo disso. É uma coisa deprimente, deplorável, e um desrespeito à
classe deles, que se julgam jornalistas. Parabéns, presidente Bolsonaro, o
Brasil está com o senhor. Mais um gol de placa para o nosso País e para o
senhor também. Fiquem com Deus.”
O perfil do responsável por compartilhar o material no
Facebook traz uma série de outros vídeos com críticas ao Supremo Tribunal
Federal, à imprensa e a partidos políticos.
O que diz a Time
Na primeira vez em que Bolsonaro foi escolhido uma das 100
pessoas mais influentes do ano pela Time, em 2019, o editor Ian Bremmer definiu
o presidente como um “personagem complexo”. O texto coloca que o político
representava a “melhor chance em uma geração de ordenar as reformas econômicas”
e que sua eleição marcava uma “quebra brusca em décadas de corrupção de alto
nível”.
O editor também diz que Bolsonaro é um “garoto propaganda de
masculinidade tóxica, um ultraconservador homofóbico” e um propulsor de uma
guerra cultural que poderia se estender para um “revés no progresso do Brasil
com as mudanças climáticas”. A mesma descrição defende que o país vive uma
democracia dinâmica, com instituições robustas, e que o presidente teria que
“aprender a trabalhar com o sistema” para avançar na agenda.
No ano seguinte, o editor internacional da revista Dan
Stewart ficou responsável pelo breve contexto negativo que levou Bolsonaro a
ser incluído, pela segunda vez, na lista dos 100 mais influentes. O jornalista
destacou o números de mortos pela covid-19 (à época, 137 mil), os efeitos
negativos da pandemia na economia, as exonerações de cinco ministros da alta
cúpula do governo federal, e as queimadas na Amazônia.
Depois, define o presidente como um “homem teimoso e
cético”, cuja aprovação, até então, era de 37% da população brasileira. O
editor argumenta que parte desse apoio se deve ao pagamento do auxílio
emergencial aos mais pobres, mas pondera que, na visão dele, há também uma
“espécie de culto ao comando” de Bolsonaro.
O último texto faz parte da matéria que traz o resultado da
enquete popular. O site descreve o cenário com o qual ele tentará novo mandato:
“O polêmico líder, que será candidato à reeleição em 2022, está enfrentando uma
desaprovação crescente sobre seu manejo da economia e enfrentou críticas
generalizadas de políticos, tribunais e especialistas em saúde pública por
minimizar a gravidade da covid-19 e exibir ceticismo em relação à vacina”.
A publicação cita também dois episódios recentes envolvendo
Bolsonaro: os pedidos de indiciamento feitos pela CPI da Pandemia e o inquérito
no Supremo Tribunal Federal que apura a declaração do presidente relacionando
vacinas ao desenvolvimento de Aids.
Por que investigamos?
Em sua quarta fase, o Comprova investiga conteúdos suspeitos
que tenham viralizado sobre pandemia, políticas públicas e eleições. As
postagens aqui investigadas, juntas, contabilizam mais de 28 mil interações,
incluindo curtidas, compartilhamentos e visualizações no Facebook.
Os conteúdos foram compartilhados por perfis de apoiadores
do presidente para promover a falsa compreensão de que o mandatário realiza um
governo reconhecido como positivo por uma influente revista estrangeira.
Para isso, os posts partem da premissa enganosa de que as
tradicionais capas da Time têm como finalidade prestar homenagens. A escolha de
Personalidade do Ano, como mostrado nesta checagem, é o reconhecimento de nomes
que tenham exercido influência positiva ou negativa. O tom dos comentários no
Facebook é de comemoração.
“Ele fez por merecer, por mais que a esquerdalha o bata, ele
mais vai crescendo mundo afora. Viva o nosso presidente que Deus continue
abençoando, vamos firmes pra 2022”, escreveu um usuário. “Que orgulho ter esse
homem como presidente”, celebrou outra.
O conteúdo aqui verificado também foi investigado pelo UOL
Confere, pela AFP Checamos e pelo Estadão Verifica.
Para o Comprova, enganoso é todo conteúdo retirado do seu
contexto original de modo que seu significado sofra alterações.
*Esta checagem foi postada originalmente pelo Projeto
Comprova, uma coalizão formada por 33 veículos de mídia, incluindo o CORREIO, a
fim de identificar e enfraquecer as sofisticadas técnicas de manipulação e disseminação
de conteúdo enganoso que surgem em sites, aplicativos de mensagens e redes
sociais. Esta investigação foi conduzida por jornalistas de O Povo e BandNews
FM, e validada, através do processo de crosscheck, por quatro veículos: Folha
de S.Paulo, Correio de Carajás, SBT e A Gazeta.
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