terça-feira, 24 de outubro de 2023

Policiais disfarçados em retiro: como foi a prisão de Victor Bonato

Influenciador evangélico Victor Bonato, que é acusado de estuprar três fiéis, teve a prisão renovada por mais 30 dias pela Justiça paulista

Reprodução/Redes Sociais

Em foto colorida homem branco segura microfone na altura do pescoço com o nome Jesus em um telão ao fundo - Metrópoles

São Paulo – Acusado de estuprar três fiéis, o influenciador evangélico Victor Bonato, de 27 anos, foi preso enquanto participava de um “retiro espiritual” em Cesário Lange, no interior paulista. A operação policial para capturá-lo foi detalhada em relatório, obtido pelo Metrópoles, e envolveu policiais disfarçados e cuidados para que os demais presentes não notassem a prisão.

A ação aconteceu em 27 de setembro e foi realizada por equipes da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Barueri, na Grande São Paulo, que é responsável por investigar o caso.

 

Na quarta-feira (18/10), a Justiça negou o uso de tornozeleira eletrônica e renovou a prisão temporária de Victor Bonato por mais 30 dias. Ele alega inocência e afirma que as relações sexuais foram consentidas.

Segundo o relatório da Polícia Civil, os investigadores receberam a informação que o influenciador evangélico estava hospedado em um acampamento, na Rodovia Presidente Castello Branco. Na ocasião, o acusado de estupro já tinha um mandado de prisão expedido contra ele.

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Operação policial

Com capela e cozinha que atende até 200 pessoas, o acampamento oferece pedalinhos, caiaques e caminhadas na natureza para os hóspedes. O espaço também é usado por diferentes igrejas para “encontros com Deus”.

“Nossas investigações deram conta de que Victor estaria participando de um encontro de cunho religioso nesse local, contudo não tínhamos a certeza de quando ele voltaria e se é que ele voltaria para sua residência, por essa razão decidimos detê-lo”, diz o relatório policial.

A ação foi discreta para “não constranger as pessoas” ou “o local onde ele se encontrava”. De acordo com o relatório, os policiais optaram por usar viaturas descaracterizadas e, antes de abordar e prender Victor Bonato, entraram em contato com a equipe de segurança do estabelecimento.

Segundo os policiais, Victor Bonato estava assistindo a uma palestra e era possível vê-lo “pois as paredes do auditório eram revestidas de vidros”. “Decidimos por esperar a palestra terminar e, no momento que Victor se levantou em direção à porta, ele foi interceptado por nós e conduzido para um local isolado”.

Prisão

No documento, os investigadores também registram que “muito provavelmente Victor já suspeitava que algo estaria acontecendo”. Ele não ofereceu resistência e foi levado para a Cadeia Pública de Carapicuíba, na Grande São Paulo.

Para a Polícia Civil, uma das razões da suspeita é o vídeo (veja abaixo) que o influenciador evangélico publicou, no dia anterior, confessando ter cometido “pecados” e pedindo “perdão às meninas”.

Victor Bonato é fundador do movimento religioso Galpão, em Alphaville, bairro rico de Barueri, e foi acusado de se aproveitar da sua posição de liderança para abusar sexualmente de três mulheres, com idades entre 19 e 24 anos. Os detalhes da violência constam no depoimento das vítimas.

Segundo afirmam, o influencer as convidava para ir até a casa dele para assistir a um filme. Em seguida, ele passava a mão nos corpos delas, sem consentimento, e as forçava a encostar em seu pênis. Em dois casos, ele teria forçado sexo oral e esfregou o órgão sexual no rosto de uma delas.

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Defesa

Em nota divulgada nas redes sociais de Victor Bonato, as advogadas que o defendem afirmam que vão trabalhar para “provar a inocência” do influenciador evangélico. Ambas acrescentam compreender “a sensibilidade do caso” e enfatizam “o respeito ao devido processo legal”. 

“Mantemos nossa crença na presunção de inocência e no compromisso com a busca de verdade. Trabalharemos para assegurar a justiça e contestar alegações injustas”, diz a nota. 

A defesa do investigado pediu que a prisão temporária fosse revogada, mas a Justiça paulista negou a liberdade para o influenciador.

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