sábado, 12 de outubro de 2013

Marido é preso por manter mulher em cárcere privado

Marido é preso por manter mulher em cárcere privado em Itanhomi

Segundo delegada, uma das três filhas do casal denunciou o próprio pai.
Testemunha disse que a mãe vivia presa na casa há pelo menos 7 anos.

Diego SouzaDo G1 Vales de Minas Gerais

As janelas da casa tinham telas de proteção e as portas eram trancadas com correntes e cadeados. (Foto: Div./Ass. Polícia Civil)

Um homem de 48 anos foi preso em São Francisco do Jataí, distrito de Itanhomi (MG), nesta quinta-feira (10), suspeito de manter a esposa, de 42 anos, em cárcere privado. Os dois eram casados há 31 anos e têm três filhos. A mulher vivia presa há pelo menos sete.

Uma das filhas do casal procurou a delegada Juliana Flávia Fiúza e denunciou o pai à polícia. De acordo com a delegada, após receber a denúncia, uma assistente social do município foi até o local e constatou as condições precárias em que a mulher vivia.

“Segundo a assistente ela não falava nada, apenas o marido respondia. Quando algo era perguntado diretamente para a mulher, ela olhava para ele e não respondia", fala a delegada.

Após a denúncia e a visita da assistente social, Juliana Flávia Fiúza solicitou um mandado de busca apreensão contra o suspeito. Ainda de acordo com a delegada, no local onde a mulher era mantida presa havia um banheiro em condições precárias, as janelas tinham telas e as portas estavam cadeadas por fora. Na geladeira havia restos de arroz que, segundo a vítima, era o única alimento que o marido a deixava comer. O banheiro também estava em condições precárias. Uma garrucha de fabricação caseira também foi encontrada na casa.

Em depoimento à polícia, a vítima disse não ter ideia de quanto tempo ficou presa na própria casa.

“Não sei dizer, mas sei que faz muito tempo, alguns anos. Eu pedia para visitar as minhas filhas, mas ele [o marido] dizia que se eu fosse eu nunca mais voltaria. As chaves dos cadeados que trancavam as correntes das portas viviam pendurados na cintura dele.”

Uma garrucha polveira de fabricação caseira também
foi encontrada no local.
(Foto: Divulgação/Assessoria Polícia Civil)

Ao lado da casa funciona um bar que é do marido da vítima. Nas dependências do estabelecimento a delegada encontrou um quarto bem arrumado com cama de casal, televisão com antena parabólica, som, fogão e várias peças íntimas femininas.

“Provavelmente este era um quarto onde o suspeito levava outras mulheres. É um local bem diferente daquele no qual ele mantinha a esposa presa. Ela mesma nos disse em depoimento que acredita que o marido utilizava este quarto para manter relações sexuais com outras mulheres”, diz a delegada Juliana Fiúza.

Suspeito rebate acusações

Em seu depoimento à polícia o marido da vítima negou que mantivesse a esposa em cárcere privado. Segundo ele, a mulher ficava trancada em casa, "se deixar ela solta, ela sai pela rua e some, além de agredir as pessoas".

Ainda em depoimento, ele alegou que as telas nas janelas serviriam para impedir a entrada de pássaros na casa e a residência estaria escura porque todas as lâmpadas estão queimadas. Ainda conforme o criminoso, a comida consumida pela mulher ficaria na geladeira do bar, já que segundo ele, "ela gosta de comer comida de restaurante”.

O suspeito também diz que a mulher tem problemas mentais e não aceita tomar remédios. Porém, segundo a delegada, a vítima estava abalada no dia em que foi libertada e, atualmente, apresenta um quadro depressivo em função do tempo que ficou presa em casa.

“Apesar do marido negar, ele permanece preso na cadeia de Governador Valadares. O inquérito deve ser concluído nesta sexta-feira (11). Já entramos com um pedido de proteção com a lei Maria da Penha”, revela a delegada.

O criminoso pode responder por cárcere privado e porte ilegal de armas.

http://g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2013/10/marido-e-preso-por-manter-mulher-em-carcere-privado-em-itanhomi.html

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