O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, decidiu nesta quinta-feira, 28, revogar a nomeação da cientista política Ilona Szabó de Carvalho para assumir uma suplência no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP).
A decisão do ministro foi tomada depois de uma intensa repercussão negativa da escolha de Ilona entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que se voltaram contra o ministro depois da escolha da cientista política, especialista em segurança pública e diretora do instituto Igarapé, em virtude de posições suas contra pautas do bolsonarismo, como a flexibilização da posse e do porte de armas.
A decisão foi divulgada por Moro em uma nota na qual o juiz deixa transparecer sua insatisfação com a situação. O Ministério da Justiça pediu escusas à Ilona pela situação e reforçou que ela havia sido escolhida pelos “relevantes conhecimentos da nomeada na área de segurança pública” e “pela notoriedade e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé”.
Na nota, a pasta informa que a cientista política foi comunicada da decisão e admite que esta se deveu à “repercussão negativa em alguns segmentos”. Ontem, procurada por VEJA, a assessoria do Ministério da Justiça havia dito que Moro considera importante em conselhos como esse que houvesse pluralidade de ideias. O cargo que Ilona Szabó ocuparia é uma suplência e não teria remuneração.
Entre as mensagens que se destacavam no Twitter, onde a hashtag #IlonaNão chegou aos temas mais comentados, estavam as compartilhadas pelo ativista pelo armamento Bene Barbosa, do Movimento Viva Brasil (MVB), que a colocava como “inimiga do governo Jair Bolsonaro”, e a do deputado Paulo Martins (PSC-PR), que classificava como “decepcionante” a escolha da especialista pelo ministro.
Leia a íntegra da nota
O Ministério da Justiça e Segurança Pública nomeou Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, como um dos vinte e seis componentes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), órgão consultivo do Ministério. A escolha foi motivada pelos relevantes conhecimentos da nomeada na área de segurança pública e igualmente pela notoriedade e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé. Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o Ministério respeitosamente apresenta escusas.
Repercussão
Após o anúncio da decisão do ministro Sergio Moro, Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), protocolou um ofício ao titular da Justiça renunciado a uma vaga que ocupa em um outro órgão consultivo da pasta, o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social.
O FBSP é a entidade cujos dados basearam o critério regional do decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibilizou a posse de armas no Brasil. No documento, Lima diz a Moro que deixa o cargo em função da “situação constrangedora”, tomada”fruto da pressão de grupos nas redes sociais”.
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