Ramon SAHMKOW
Pelo menos três pessoas morreram e outras 11 ficaram feridas, nesta sexta-feira (25), quando um ex-aluno de 16 anos, adornado com símbolos nazistas, atacou com uma arma de fogo duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo - incidente que evidencia um aumento da violência armada em escolas brasileiras nos últimos anos.
O atentado ocorreu pela manhã, em pleno horário de aulas. Três professores e um aluno, cuja idade não foi revelada, permanecem em estado grave, segundo as autoridades.
Com o rosto coberto, vestindo roupas camufladas e com uma suástica nazista, o jovem entrou na Escola Estadual Primo Bitti, da qual foi transferido em junho, segundo os investigadores.
Após arrombar o portão traseiro, dirigiu-se para a sala dos professores e atirou contra vários dos que estavam reunidos lá, matando duas pessoas e ferindo outras nove, informaram autoridades estaduais.
Depois, ele seguiu para o Centro Educacional Praia de Coqueiral, uma escola privada, onde assassinou uma adolescente e feriu mais duas pessoas, antes de ser preso pela polícia.
O jovem "não tinha alvo definido" ao abrir fogo, informou o delegado da Polícia Civil João Francisco Filho em uma coletiva de imprensa, mas vinha planejando o ataque há "dois anos", segundo ele mesmo confessou.
As duas armas utilizadas no ataque pertencem a seu pai, um policial, e uma delas era sua arma de serviço, detalharam as autoridades, que investigam se o jovem, que estava em "tratamento psiquiátrico", tem vínculos com grupos extremistas.
O rapaz foi detido em sua casa horas depois do ataque e, com a colaboração dos pais, se entregou sem oferecer resistência, informou a polícia.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, decretou três dias de luto oficial.
- "Tragédia absurda" -
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva chamou o episódio de "tragédia absurda".
"Com tristeza soube do ataque às escolas de Aracruz, Espírito Santo. Minha solidariedade aos familiares das vítimas dessa tragédia absurda. E o meu apoio ao governador @Casagrande_ES na apuração do caso e amparo para as comunidades das duas escolas atingidas", escreveu no Twitter.
Casos de violência com armas de fogo em escolas aumentaram nos últimos anos no Brasil, de acordo com especialistas.
Em 13 de março de 2019, dois ex-alunos mataram a tiros oito pessoas em Suzano, São Paulo, antes de cometerem suicídio.
Em 7 de abril de 2011, um ex-aluno de 24 anos abriu fogo numa escola de Realengo, no Rio de Janeiro, matando 12 pessoas e ferindo várias outras, antes de se matar.
Segundo Bruno Langeani, do instituto de pesquisa Sou da Paz, esses episódios no Brasil são geralmente protagonizados por homens com um "discurso radicalizado" em fóruns da internet e "muitas vezes com discurso de ódio contra as mulheres".
Também houve casos em que os agressores haviam sido vítimas de assédio.
Para o especialista, a maior disponibilidade de armas de fogo também contribui para que esses ataques deixem mais vítimas e sejam mais letais.
O acesso a armas foi facilitado por decretos do presidente Jair Bolsonaro em seus quatro anos de governo. Até a noite desta sexta, o presidente em fim de mandato ainda não havia se manifestado sobre o incidente. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, existem cerca de 4,4 milhões de armas em mãos privadas no país.
"A política de armas precisa ser revista", tuitou o senador Wellington Dias (PT), aliado de Lula, em reação ao ataque.
bur-mel/mls/gm/ic/am/rpr/ic
https://br.noticias.yahoo.com/ao-menos-tr%C3%AAs-mortos-e-205039073.html
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