Nada se sabe sobre as motivações do atentado a duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo. Na ação, um adolescente armado de pistola e revólver invadiu duas escolas e disparou contra professores e alunos, deixando até o momento três mortos e 13 pessoas feridas.
Informações que circularam por grupos de Whatsapp da cidade de 100 mil habitantes sugerem um ambiente familiar no mínimo suspeito. O pai do atirador é tenente da PM, na categoria QOA (designação dada a quem entra como soldado e não por meio do curso de formação de oficiais).
No instagram, o militar se declara psicanalista, parapsicólogo e oferece serviços de terapêuticos, inclusive com uso de hipnose. Na lista dos problemas supostamente tratados estão depressão, fobias, pânico, insônia e ideações positivas.
A maioria das postagens são de cards com design amador divulgando os trabalhos terapêuticos. Não haveria nenhuma referência política se não fosse um post com a bandeira nacional estilizada e a legenda “#TMJ Brasil”, indicando a predileção partidária do militar.
Fora disso, dois posts com o filho, um durante um passeio ecológico e outro em que o garoto, de 16 anos, aparece dirigindo um carro ao lado do pai, e posts com foto de um galo. Sim, a ave, sugerindo que o militar seja admirador de rinha de galos.
Horas depois do atentado, surgiram prints de um post com uma foto do livro “Minha Luta”, de Hitler e a legenda:
“Ler é uma das chaves de expansão da consciência. Ativa regiões neurais ligadas as recompensas, que é o sistema Accumbens. Núcleo Accumbens Humano (Acc) é a principal estrutura do Estriado Ventral”.
Mas esse post foi apagado, embora o perfil continuasse aberto.
É no mínimo suspeito que o filho de um autointitulado terapeuta tenha cometido um tipo de crime intimamente ligado a transtornos mentais. O atirador, inclusive, tinha símbolos nazistas no uniforme tático que usou no atentado.
Com 26 anos de serviço na Polícia Militar, o tenente tem registradas em sua ficha funcional 86 dias de licença médica. Com exceção de um dia em janeiro de 2014, todos os outros 85 dias foram após março de 2017. Foram 24 dias entre março e abril e 46 entre outubro e novembro de 2017. Depois, teve um dia em 2018 e 14 dias em 2020.
A informação é esclarecedora. Em 2017 ocorreu um motim da Polícia Militar do Espírito Santo, que durante 20 dias deixou de fazer os trabalhos de policiamento. Na época, houve uma onda de violência no Espírito Santo, com saldo de mais de 200 mortes.
Após a manifestação, muitos policiais militares pediram afastamento devido a problemas psicológicos. Há registros, inclusive, de casos de suicídio relacionados ao motim.
Não é exagero supor que o atentado de hoje em Aracruz seja mais uma consequência das manifestações de 2017. Vamos aguardar o desenrolar das investigações.
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/pm-fa-de-briga-de-galo-leitor-de-hitler-o-que-revela-o-perfil-do-pai-do-atirador-do-espirito-santo/
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