Há
um ano, Aécio Neves era celebrado como grande promessa da oposição.
Hoje, tornou-se um nome duro de roer. Tucanos e aliados viam nele a
melhor opção presidencial. Passaram a enxergá-lo como a pior decepção da
temporada.
Fonte:
Em qualquer roda de políticos ficou fácil reconhecer um
oposicionista: é o que está lamentando a popularidade de Dilma Rousseff e
falando mal de Aécio Neves. Nas discussões sobre 2014, o senador
mineiro é personagem indefeso.
Para perscrutar as razões do desencantamento com Aécio, o blog ouviu
cinco lideranças da oposição. Gente do PSDB, do DEM e do PPS. Um
dissidente de legenda governista. O compromisso do anonimato
destravou-lhes a língua.
Espremendo-se as opiniões e peneirando-se os exageros, obtem-se um
sumo uniforme. A desilusão dos oposicionistas assenta-se em três
avaliações comuns:
1. A atuação de Aécio em seu primeiro ano de Senado
foi apagada. Algo incompatível com a biografia de um ex-presidente da
Câmara. Ele não aconteceu, disse um dos entrevistados, no melhor resumo
do sentimento que se generaliza.
Como assim? Quando Itamar Franco era vivo, a voz de Minas no Senado
era a dele, não a de Aécio. O grande feito de Aécio no Senado foi a
relatoria do projeto que redefine o rito das medidas provisórias.
Proposta do Sarney, não dele. É pouco.
2. Dono de estilo acomodatício, Aécio é uma espécie
de compositor da política. Compõe com todo mundo. Governou Minas com o
apoio de partidos que, no Congresso, davam suporte a Lula. Em Brasília, o
espírito conciliador, por excessivo, foi tomado como defeito.
Aécio exagerou, queixou-se um ex-entusiasta do senador. Esmiuçou o
raciocínio: no afã de atrair para o seu projeto pedaços insatisfeitos do
bloco pró-Dilma, Aécio esquece que a oposição deve se opor. É
improvável que ganhe aliados novos. E está perdendo os antigos.
3. Imaginou-se que, livre dos afazeres de
governador, que o prendiam a Minas, Aécio viraria rapidamente um
personagem nacional. Por ora, nada. Por quê? A projeção exigiria
dedicação e ampliação do horizonte temático, palpita um dos queixosos.
Mas Aécio não é um obcecado pelo Planalto? Sim, mas revelou-se pouco
aplicado. Viajou pouco. No Senado, não foi dos mais assíduos em
plenário. Subiu à tribuna só de raro em raro. No geral, esquivou-se das
polêmicas.
O crítico citou um exemplo: PSDB e DEM decidiram quebrar lanças
contra a DRU, o mecanismo que permite ao governo dispor livremente de
20% do Orçamento. Entre os tucanos, apenas cinco votaram contra. Aécio
não estava entre eles.
Ninguém vira alternativa presidencial fugindo dos temas espinhosos,
lamuriou-se um expoente do próprio PSDB. Aécio continua sendo
alternativa graças à vontade pessoal e à ausência de um sucedâneo. A
sorte dele é que a maioria do partido não suporta o José Serra.
Parte da cúpula do PSDB tenta antecipar para depois da eleição
municipal de outubro a definição do nome do presidenciável da legenda.
Em âmbito interno, a aversão a Serra faz de Aécio um favorito.
Fora daí, é visto pela própria oposição como uma ex-promessa. Uma
liderança que se absteve de acontecer. Um candidato que depende do
fortuito para livrar-se da condição de favorito a fazer de Dilma uma
presidente reeleita.Fonte:
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