Presidente conversava com apoiadores no Palácio da Alvorada, antes de partir, de férias, para o litoral de São Paulo
A apoiadores no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (28/12), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) questionou práticas de tortura durante a ditadura militar (1964-1985), inclusive contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Bolsonaro comentava o caso Celso Daniel, ex-prefeito petista de Santo André morto há 17 anos com 11 tiros. Na época, a Polícia Civil de São Paulo concluiu que o petista foi vítima de um crime comum. O Ministério Público, porém, sustentou que houve motivação política. O partido sempre negou as acusações.
“O PT sempre falava de tortura de militar, né? ‘Oh, tortura, não sei o quê, perseguição’. Quando foi torturado e executado um cara deles, o PT não quis investigar”, disse ele. “Os caras se vitimizam o tempo todo, fui perseguido…”, continuou Bolsonaro.
O chefe do Executivo questionou a tortura contra a ex-presidente Dilma e a fratura da mandíbula: “Tragam o raio-x para a gente ver o calo ósseo. E eu não sou médico, hein? Até hoje estou aguardando o raio-x”, disse, entre risos.
Em 2012, reportagens mostraram detalhes de sessões de tortura pelas quais passou a ex-presidente na década de 70, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Em 2002, ela foi indenizada em R$ 30 mil pela tortura sofrida.
“Minha arcada girou para o lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu. […] Só mais tarde, quando voltei para São Paulo, o Albernaz (capitão Alberto Albernaz, do DOI-Codi de São Paulo) completou o serviço com um soco, arrancando o dente”, contou Dilma, em depoimento em 2001 ao Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh-MG), criado para indenizar presos políticos torturados no estado.
Crítica a ambientalistas
Ao comentar uma liminar, concedida pelo ministro Nunes Marques, indicado por ele ao Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou uma lei estadual que impedia a pesca em mar territorial, Bolsonaro voltou a atacar ambientalistas e os chamou de “xiitas”.
“Lógico, ele [Nunes Marques] foi criticado por ONGs. Quando eu sou criticado por ambientalistas eu fico feliz, porque os caras são xiitas. Eles não praticam uma política séria ambiental, que todos nós defendemos no meio ambiente”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro repetiu uma acusação contra a China, o maior parceiro comercial do Brasil, por suposta “pesca predatória”. “Logo depois, veio essa notícia de, entre aspas, arrendar o mar, e eles [ambientalistas] não falaram mais nada. A gente não pode entregar isso para mais ninguém não, mar, terra. Não pode não e ponto final.”
No sábado (26/12), o presidente publicou nas redes sociais um texto que acusa a China de prática de “pesca predatória, ilegal, criminosa, pirata, bucaneira, em mares do mundo inteiro” e “saque de recursos naturais de outras nações sem pedir licença”.
Bolsonaro também criticou propostas de expropriação de terras em razão de crimes ambientais. “Não existe isso de expropriar nada”, afirmou.
Venda de terras da União
Sobre a venda de terras da União a estrangeiros, o presidente afirmou que “não pode ser favorável”. A posição contra o projeto, que está em análise no Congresso, coincide com a do PT e de ONGs ambientalistas que costumam ser alvo do presidente.
“Você pode entregar 8% do Brasil. E o pessoal vai comprar. Tem um país aí que vai comprar, e vai comprar coisa boa”, disse, sem citar nomes.
Em live na última quinta-feira (24/12), Bolsonaro classificou a proposta de antipatriótica e anunciou possível veto ao texto. A proposta restringe terrrenos em áreas de fronteiras e na região da Amazônia. Aprovado pelo Senado há cerca de duas semanas, o projeto ainda precisa passar pela análise da Câmara dos Deputados.
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