FICOU PRO DIA DE SÃO NUNCA
Câmara de Montalvânia derruba projeto que reduziria para o mínimo salário de vereador
Fachada da Câmara de Vereadores de Montalvânia: sem redução de salários para os próximos parlamentares
Quando ainda se achava o bam-bam-bam da República, o ministro Paulo Guedes (Economia) propôs a extinção de todos os municípios brasileiros com menos de cinco mil habitantes. Apesar de representar uma economia significativa de recursos públicos, a proposta nunca foi levada a sério pela classe política e o ministro vegeta por aí, em lives quase diárias, e sob o mais absoluto descrédito dos políticos e até de economistas.
Moralistas há aos montes, mas essa turma prega no deserto. Veja o caso do vereador eleito com 223 votos em Montalvânia Marconi Edson Rodrigues Barbosa (Podemos) com a plataforma de campanha de reduzir os salários dos vereadores do município dos atuais R$ 5 mil para R$ 1.045 - o valor do salário mínimo a partir de janeiro.
O eleito Marconi Edson chegou até mesmo a apresentar a proposta na Câmara Municipal antes das eleições municipais, na condição de cidadão. Como não tinha mandato eletivo, ele não tem poder para apresentar proposições na atual legislatura. Nem mesmo na condição de vereador eleito seria possível assinar a propositura.
MELHOR ESQUECER
Eleito, Marconi pediu para que a proposta fosse esquecida - mesmo com a boa intenção de poupar recursos públicos nesse período difícil da pandemia do Sars-Cov-2.
A desistência de Marconi sugere que tudo não passou de mera demagogia - um jeito de se destacar entre as dezenas de candidatos a um assento na Casa legislativa.
Marconi só não contava que seu argumento de campanha fosse encampado pelo ainda vereador Flávio Macedo (MDB), para contrariedade geral de suas excelências atuais e - principalmente - dos futuros parlamentares, justamente a turma que seria diretamente afetada pelo encolhimento dos subsídios.
O projeto de lei apresentado por Flávio Macedo foi rejeitado por sete votos a dois, em sessão realizada na sexta-feira (18). Nem poderia ser diferente. Imagine se político vai aprovar medida que contrariasse seus interesses.
O advogado Flávio disputou o cargo de prefeito e saiu das urnas com apenas 176 votos - 200 a menos do que conquistara há quatro anos, quando disputava uma vaga na Câmara de Montalvânia.
FALA FLÁVIO
O advogado Flávio Macedo disse ao site que não é favorável à redução dos salários. Sua tese é de que o eleitor precisa mandar para o Parlamento pessoas que efetivamente vão trabalhar para justificar seus salários.
“Entrei com o projeto porque entendo que a redução dos salários é a única forma de tirar os malandros da política. Se o salário é baixo o sujeito não vai entrar para a política. Eles entram para a vida pública porque cinco mil reais é um bom salário para Montalvânia", explica o advogado e agora ex-vereador (a Câmara local já entrou em recesso).
Segundo Macedo, se “os vereadores realmente trabalhassem" ao longo do mandato, ele seria o primeiro a defender um valor até maior do que os atuais R$ 5 mil. “Se o cara é eleito e não faz nada, é muito caro para o povo”, resume.
BOM COMEÇO
O site não conseguiu localizar o vereador eleito Marconi Edson para comentar o assunto e saber se ele vai resgatar a proposta após assumir o cargo para o qual foi eleito. Seu posicionamento será incluído aqui caso entre em contato.
A medida não terá efeito na próxima legislatura. Ficaria para o mandato subsequente, mas já seria um bom sinal para, como diz Flávio Macedo, expurgar os “malandros” da política.
Por enquanto, o único recurso que resta ao eleitor é não votar em quem não avalia como digno do seu apoio. Mas não é fácil, como já deve ter se dado conta aquele ministro que sonhava vender o Brasil na bacia das almas.
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