A servidora pública Fabiana de Abreu Silva também foi detida na Baixada Santista (SP). Investigação do MP-SP aponta fraudes nos processos de contratação de mão de obra terceirizada em prefeituras e Câmaras de todo o Estado.
Por Ágata Luz, Luiz Linna, g1 Santos
Vereador Ricardo Queixão (à esquerda) e advogado Aureo Tupinamba (à direita) foram presos em operação do MP-SP — Foto: Reprodução/TV Tribuna e Redes sociais
Uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) prendeu na Baixada Santista, no litoral paulista, três suspeitos de integrar um grupo criminoso investigado por fraudes em licitações em todo o Estado de São Paulo. Segundo apurado pelo g1, na manhã desta terça-feira, o vereador Ricardo Queixão, o advogado Aureo Tupinamba e a servidora pública Fabiana de Abreu Silva foram detidos.
Realizada por agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Polícia Militar, a ‘Operação Muditia’ foi deflagrada na manhã desta terça-feira (16) para dar cumprimento a mandados de busca e apreensão e prisão temporária expedidos pela 5ª Vara Criminal de Guarulhos.
A investigação do MP-SP apontou empresas que atuavam de forma recorrente para frustrar a competição nos processos de contratação de mão de obra terceirizada no Estado em diversas prefeituras e Câmaras Municipais.
A suspeita é que o grupo investigado tenha envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Diversas cidades do estado, entre elas, Cubatão e Guarujá, estão com contratos sob análise. Entre os mandados a serem cumpridos na Baixada Santista, três são de prisão temporária e cinco de busca e apreensão em Cubatão, Praia Grande e Santos.
O vereador de Cubatão e ex-presidente da Câmara, Ricardo de Oliveira, conhecido como Ricardo Queixão (PSD), e Fabiana de Abreu Silva, servidora pública da Prefeitura de Cubatão, foram presos em Praia Grande.
Vereador de Cubatão, Ricardo Queixão foi preso em Praia Grande. — Foto: Redes sociais
O advogado criminalista Aureo Tupinamba foi preso em Santos. Ele é diretor da Câmara de Cubatão e também foi acusado de envolvimento no esquema. Conforme apurado pelo g1, Tupinamba atuou na defesa do traficante de drogas André do Rap, apontado como um dos chefes do PCC e condenado a 25 anos por tráfico internacional de drogas. Ele está foragido e é procurado, inclusive, pela Interpol.
Ao g1, o advogado Marcelo Cruz, que representa Tupinamba, informou que o acompanhou na delegacia. "Ele se mostra sereno, pois afirma, categoricamente, que não tem envolvimento com nenhuma atividade irregular, muito menos ilícita".
Cruz disse ainda que solicitou informações dos autos para demonstrar "a atipicidade da conduta" de Tupinamba, que está à disposição das autoridades para esclarecer o que for necessário.
Em nota, a Câmara Municipal de Cubatão informou que tomou ciência da referida operação nesta manhã (16) e que está colaborando com as equipes de investigação, fornecendo todos os documentos solicitados pelas autoridades.
Também em nota, a Prefeitura de Cubatão informou que não foi citada na investigação que apura eventuais irregularidades em contratos da Câmara Municipal.
O g1 não conseguiu localizar a defesa do vereador e da servidora pública até a última atualização desta reportagem.
O advogado Aureo Tupinamba foi preso em Santos (SP) — Foto: Redes sociais
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Operação Muditia
As equipes da Operação Muditia cumprem mandados de busca e apreensão em 42 endereços e 15 de prisão temporária em todo o Estado. Para isso, participam 27 promotores, 22 servidores e 200 policiais militares.
De acordo com promotores do MP, o grupo atuava de forma a simular a concorrência com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico. Além disso, há indicativos da corrupção sistemática de agentes públicos e políticos (secretários, procuradores, presidentes de Câmara de Vereadores, pregoeiros etc.) e diversos outros delitos – como fraudes documentais e lavagem de dinheiro.
Ainda segundo o MP, as empresas do grupo têm contratos públicos que somam mais de R$ 200 milhões nos últimos anos. Alguns atendiam ao interesse do PCC, que tinha influência na escolha dos ganhadores de licitações e reparte os valores ilicitamente auferidos.
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