Um cinegrafista da equipe da Inter TV, afiliada da Rede Globo, foi agredido por apoiadores do ex-deputado Roberto Jefferson e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele cobria a tentativa de prisão de Jefferson na porta da casa do político na tarde deste domingo (23), em Comendador Levy Gasparian, no interior do estado do Rio.
Segundo a própria emissora, Rogério de Paula, de 59 anos, levou um soco, caiu no chão, bateu com a cabeça e teria tido um início de convulsão.
Ele foi levado para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios, onde passa por exames. De acordo com a emissora, o repórter está lúcido e não há sangramento.
A afiliada da Rede Globo disse que vai registrar boletim de ocorrência. O agressor ainda não foi identificado.
Em nota ao UOL, a assessoria de imprensa da Rede Globo disse que a emissora repudia a agressão, se solidariza com o repórter da afiliada e que "todos aqueles que atacam o trabalho da imprensa estimulam esse tipo de ato".
Leia a nota:
"A TV Globo e a InterTV repudiam com veemência a agressão, se solidarizam com o repórter cinematográfico Rogério de Paula, da afiliada, e advertem que todos aqueles que atacam o trabalho da imprensa estimulam esse tipo de ato."
Fenaj repudiou agressão
No Instagram, a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) condenou a agressão ao repórter cinematográfico e destacou que sob o governo Bolsonaro agressões a profissionais da imprensa cresceram. A organização também cobrou apuração e punição ao agressor.
"Não podemos naturalizar e nem aceitar essa situação. Desde 2019, houve uma explosão da violência contra a categoria, a partir da chegada ao poder da extrema-direita. Passamos de 135 agressões, em 2018, para 430 em 2021. Com Jair Bolsonaro no governo, há três vezes mais agressões a jornalistas do que havia antes. É mais do que um caso por dia. Desde que chegou ao poder, o presidente é o principal agressor: em 2021, Bolsonaro realizou 147 agressões a jornalistas, 34% do total nacional", diz a organização.
A nota é assinada também pelos Sindicatos de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro e do Estado do Rio.
Associação de Jornalismo Investigativo cobra segurança para jornalistas
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) pediu celeridade na investigação da agressão ao cinegrafista por parte das autoridades fluminenses e disse que é "inadmissível que profissionais de imprensa sejam impedidos de realizar o seu trabalho de levar informações de interesse público para a sociedade".
A associação afirma que as entidades que prezam por um ambiente democrático no Brasil devem permanecer vigilantes em defesa do exercício do jornalismo e pediu atenção das autoridades de segurança pública para garantir condições de trabalho seguras para os jornalistas.
Políticos se pronunciaram em apoio ao repórter
Nas redes sociais, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede) e Flávio Bolsonaro (PL) se solidarizaram com o cinegrafista.
Roberto Jefferson foi preso às 19h deste domingo. Ele resistiu à prisão determinada pelo STF durante toda a tarde. O ex-deputado chegou a atirar contra policiais federais, ferindo dois agentes.
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