Por Clícia Oliveira
Direto de Munique, Alemanha
Breno bayern de munique tribunal julgamento (Foto: Agência Reuters)
Breno é condenado a três anos e nove meses de
prisão na Alemanha (Foto: Agência Reuters)
O zagueiro Breno foi condenado a três anos e nove meses de
detenção por ter colocado fogo na própria casa, em Munique, em setembro do ano
passado. A decisão foi revelada nesta quarta-feira no Tribunal de Justiça da
cidade pela juíza Rozi Datzmann, que acredita ter provas para considerar que o
jogador de 22 anos, revelado pelo São Paulo, provocou o incêndio de propósito.
A pena é imediata, e o atleta seguiu direto para a cadeia. A
juíza decidiu encerrar o julgamento alegando receio de que Breno fugisse da
Alemanha para o Brasil, já que está sem contrato com o Bayern de Munique. O
advogado do jogador, Werner Leitner, tem uma semana para recorrer.
- Peço desculpas por aquela noite. Sou uma pessoa que
acredita em Deus e agradeço a Ele por ter protegido a minha família. Eu sei que
tudo é muito difícil no momento, e eu prometi ao tribunal que não vou fugir -
disse Breno, após ouvir a decisão da juíza.
Casado com Renata e pai de dois meninos e uma menina, o
zagueiro também pediu desculpas aos filhos:
- Sei que eu não era um bom modelo.
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O promotor Nicholas Lanz, que chegou a pedir cinco anos e meio de prisão, afirmou que o fato de Breno estar alcoolizado no dia do incêndio não permitiria ao zagueiro saber se sua família estava em casa na hora do fogo. O advogado do brasileiro defendia uma pena máxima de dois anos.
Breno, que disputou as Olimpíadas de 2008 com a Seleção em
Pequim e foi medalha de bronze, foi negociado pelo São Paulo com o Bayern em
2008 por € 12 milhões (R$ 30 milhões atualmente). O jovem nunca se firmou no
time de Munique, sofreu com lesões e chegou a ser emprestado ao Nuremberg em
2010.
Breno ao lado do advogado e da intéprete no julgamento de
terça (Foto: Clicia Oliveira / Globoesporte.com)
Breno demonstrava calma no julgamento
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Zagueiro Breno bebia uma garrafa de uísque por dia, relata
psiquiatra
'Satanás havia tomado posse de seu corpo', teria dito esposa
de Breno
O GLOBOESPORTE.COM acompanhou um dia de julgamento do
zagueiro, terça, em Munique. O jogador de 22 anos aparentava estar calmo o
tempo todo e sempre contava com a ajuda de uma intérprete para entender o que
era dito, já que nunca foi fluente em alemão.
Na terça, o médico Aachen Henning Sass afirmou que o
zagueiro bebia regularmente e que no dia do incidente havia ingerido uma
garrafa de uísque, cinco a dez cervejas e vinho do Porto. Quando ficou detido
pela primeira vez, durante 13 dias, após o ocorrido, Breno recebeu a visita da
legista Jutta Schopfer, que afirmou que o atleta tinha 2,5 ml de álcool no
sangue, no dia do exame, mas que isso não seria motivo para não se lembrar de
nada no dia do ocorrido. O zagueiro não teria respondido a nenhuma pergunta
feita por Jutta e a única coisa que disse foi que não se lembrava de nada no
dia do incêndio. A juíza então insistiu no assunto e várias perguntas foram
feitas para a legista. Drogas não foram encontradas no sangue do brasileiro.
Em sua defesa, o advogado de Breno, Werner Leitner, afirmou
que o jogador tomou um medicamento chamado "Stilnox", remédio forte
para dormir, que não pode ser misturado com álcool, e por isso não se lembrava
de nada que acontecera naquela noite do incêndio. Esse medicamento teria sido
dado por um médico do Bayern de Munique.
Um diretor esportivo do clube, que esteve presente no
tribunal nesta quarta, afirmou que no clube não há remédios para dormir e que
portanto nenhum medicamento teria sido dado ao jogador. Breno afirmou em seu
depoimento que bebeu demais e fumou alguns cigarros também, por isso teria
entregado três isqueiros para a polícia.
Vizinho critica zagueiro: 'No Brasil, acaba tudo em pizza'
Vizinho de Breno no bairro de Grunwald, onde a casa pegou
fogo, Klaus Popping criticou o jogador e afirmou que o pensamento do zagueiro
estava no Brasil na hora do incidente.
- Ele deve ter achado que estava no Brasil e que nada iria
acontecer. No Brasil, se a pessoa é rica, ela dá dinheiro e consegue tudo. No
final acaba tudo em pizza. Aqui na Alemanha é mais sério e rígido. A justiça
daqui não está levando em consideração que ele é famoso e jogador de futebol.
Mas mesmo assim espero que ele receba apenas dois anos para não ter a vida
destruída – afirmou o vizinho do bairro de Grunwald.
Incêndio na casa do jogador Breno do Bayer de Munique (Foto: EFE)
Casa de Breno que sofreu incêndio em setembro era avaliada
em € 1 milhão (Foto: EFE)
A esposa do jogador, Renata, não compareceu a nenhum dia ao
julgamento. Em uma das sessões, a juíza revelou gravações de conversas
telefônicas de Renata com um amigo logo após o incidêndio, quando a brasileira
teria dito que "satanás havia tomado conta do corpo de Breno" na hora
do incidente.
Policiais que chegaram na casa de Breno durante o incêndio
afirmaram que o jogador estava completamente fora de si, que corria pela casa e
que gritava "schaise" ("merda" em alemão). Disse ainda que
tudo na sua vida estava ruim e que a única coisa que conseguiu fazer foi salvar
os cachorros.
Breno, que perdeu tudo no incêndio, inclusive os passaportes
de toda a família, não pôde sair da Alemanha sequer para visitar parentes no
Brasil. Na época do fogo, o zagueiro, a mulher e os filhos chegaram a ficar sem
roupas, sapatos e objetos pessoais. A família foi ajudada pelo companheiro de
clube, o lateral-direito Rafinha, que além de ter dado roupas, ainda os recebeu
em casa logo após o incêndio. O ex-atleta do Coritiba chegou a afirmar que
Breno era um “cara tranquilo até demais” e disse não entender o que teria
acontecido. O zagueiro também teria ficado em depressão por não estar jogando
(por problemas no joelho) e foi cogitada a hipótese de um incêndio proposital
para o jogador receber o dinheiro do seguro da casa, já que na Alemanha, quando
o atleta fica um tempo sem jogar, ele para de receber salários do clube e passa
a ganhar uma espécie de seguro no valor de € 5 mil, cerca de R$ 12 mil.
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