Escrito en POLÍTICA el 9/6/2023 · 17:22 hs
Por Raphael Sanz
Na última semana, o empresário e ex-deputado pelo Paraná Tony Garcia denunciou que foi usado como uma espécie de “agente infiltrado” pelo ex-juiz Sergio Moro durante vários anos, no âmbito da Operação Lava Jato. Garcia afirma que foi coagido a realizar uma série de atividades ilegais, como instalar escutas clandestinas em celas de presos da operação e instigá-los a dar declarações que incriminassem o presidente Lula, o PT e pessoas ligadas a ambos.
Nas redes sociais, Moro rebateu as denúncias, chamando Tony Garcia de “patife”. “Qual é a credibilidade da palavra de patifes como Tacla Duran e Tony Garcia que falsificam até mesmo áudios de vídeos e os postam em redes sociais?”, declarou o ex-juiz, fazendo referência a uma montagem em vídeo na qual Moro era vaiado em um aeroporto, compartilhada por Garcia.
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Por que Tony Garcia resolveu denunciar a ‘República de Curitiba’
Para explicar o que o levou a fazer as denúncias, Garcia se disse traído pelo ex-procurador Deltan Dallagnol. “Pergunta recorrente. Por que você trouxe as denúncias somente agora? Vou tentar ser o mais didático possível ao responder. Toda ação, enseja reação, e foi isso que se deu comigo. Tudo começou em 2018 quando a Força-Tarefa da Lava Jato queria a todo custo uma gravação de um empresário”, disse.
Tony Garcia então explicou que esse empresário era presidente de uma empreiteira que foi chantageada pelo chefe de gabinete do então governador Beto Richa, Deonilson Roldo, no gabinete do mesmo ao lado do gabinete do governador no Palácio Iguaçu. “Essa gravação foi feita com um celular IPhone 4 de minha propriedade que emprestei ao empresário. Somente eu tinha a gravação onde a higidez da prova era incontestável. Nem mesmo o empresário tinha uma cópia”, destacou.
Ele relata que ainda em 2013, fui ao MPF onde ficava a Força-Tarefa da Lava Jato. “Falei com o Carlos Fernando e Januário Paludo sobre a gravação. Disseram não poderem atuar, visto ser o caso de alçada estadual e não federal. Ao saberem do conteúdo me alertaram que ali teria uma linha muito tênue entre o legal e o ilegal sobre minha atuação no caso concreto. Cinco anos após esse encontro, duas operações da Lava Jato em que estava envolvida a Odebrecht, a gravação passou a ser a cereja do bolo para chegarem ao Beto Richa. Deltan, sabendo o conteúdo bombástico da gravação, delegou ao Diogo Castor a missão de ‘caça ao Tony’”, contou.
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“Eles tinham conhecimento de que eu havia procurado o Gaeco estadual espontaneamente onde fiz uma denúncia. Essa denúncia gerou um acordo, e o Deltan queria porque queria que eu entregasse a gravação ao Gaeco onde teriam prova ‘emprestada’. Irado, Deltan iniciou a retaliação determinando ao condomínio do prédio onde fica meu escritório a lista de todas as pessoas que acessaram meu andar e imagens de câmaras do mesmo. Ele achou que isso me intimidava, mas como nada tinha a me preocupar, ignorei. Impus uma condição para entregar a gravação ao MPF. Teriam que anuir em meu acordo com o Gaeco. Desesperado para ser protagonista na prisão do Beto e dos dois maiores empresários do Paraná, Deltan concordou e meu advogado foi ao MPF entregar a gravação mediante anuírem. Foi recebido por Deltan, Carlos Fernando, Januário Paludo e Diogo Castor. Deltan se dirigiu ao meu advogado dizendo que ele poderia ‘confiscar’ o pen drive e não assinar nada. Foi contido pelo Carlos Fernando por se tratar de um incidente grave que poderia anular a prova. Deltan, após prender o Beto, determinou que outro procurador pedisse a quebra de meu acordo já transitado em julgado em 2008 como forma de retaliação por tê-lo enfrentado. A soberba e a vaidade fizeram com que cometesse esse ato de deslealdade me proporcionando a reação”, concluiu o empresário.
Sargento Luis Marcos dos Reis, auxiliar de Bolsonaro
Material trata “da possibilidade de emprego das Forças Armadas em caráter excepcional destinados a garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União”
Publicado em 08/06/2023 às 11:44
A perícia no celular apreendido do tenente-coronel Mauro
Cid, braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), encontrou uma minuta
para decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), e estudo para dar
“suporte” a um golpe de Estado com intervenção militar.
As informações foram publicadas pelo Globo nesta quarta-feira (7). A GLO é uma operação militar que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública. Com ela, Bolsonaro se manteria na Presidência da República mesmo após derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).21
Segundo a jornalista Malu Gaspar, colunista do jornal carioca, Cid esteve na sede da Polícia Federal em Brasília nesta terça-feira (6) para depor sobre esse novo conjunto de evidências.
No despacho que autorizou o depoimento de Cid, o ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), diz que o ex-ajudante
de ordens “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal
para a execução de um golpe de estado”.
O material trata “da possibilidade de emprego das Forças
Armadas em caráter excepcional destinados a garantir o funcionamento
independente e harmônico dos poderes da União”, de acordo com a colunista.
A PF queria saber, no interrogatório de Cid, quem preparou
os tais estudos e para quem eles estavam sendo compilados, entre outras coisas.
“Não há, por enquanto, sinal de que o material tenha sido enviado a Bolsonaro
pelo celular”, observa Gaspar.
A subprocuradora da República Lindora Araújo acompanhou o
depoimento de forma virtual, mas Cid preferiu se manter em silêncio, ainda de
acordo com a jornalista do Globo.
Mensagens foram trocadas com sargento também preso
Gaspar explicou que os documentos recolhidos por Cid estavam
em mensagens trocadas com o sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, preso
com ele no início de maio na operação que apura fraudes nos cartões de
vacinação contra Covid-19 de diversas pessoas, entre elas Bolsonaro e sua filha
Laura. Reis deve ser ouvido nesta quarta-feira (7) pela PF.
O material apreendido durante a operação dos cartões de
vacinação deu origem a um novo inquérito, este sobre a participação do mesmo
grupo em preparativos para um golpe de estado. Foi no âmbito dessa investigação
que Cid foi ouvido terça.
Em áudios que já tinham vindo a público e que foram
revelados pela CNN, Cid e o ex-major Ailton Barros, também preso,
conversam com o coronel e ex-secretário executivo do ministério da Saúde Elcio
Franco sobre como mobilizar o comandante do Exército para um golpe de Estado.
O assunto também domina essas novas mensagens sobre as quais
a PF está debruçada. Além da minuta e dos pareceres que recebiam de diversas
pessoas, Cid e Reis também trocam ideias sobre como convencer outras
autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a GLO.
Como esse novo conjunto de mensagens foi compartilhado em
dezembro, a PF acredita que faziam parte de um esforço do grupo de auxiliares
de Bolsonaro relacionado aos atos de 8 de janeiro que visavam uma intervenção
militar.
Outra hipótese em investigação pela PF é de que o plano
fosse editar o decreto de GLO e, depois, a chamada "minuta do golpe"
encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O documento
apreendido no armário de Torres criava um "estado de defesa" no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dava a Bolsonaro poderes para interferir na
atuação da corte, o que é inconstitucional.
Fonte: O Tempo
Fonte: PF encontra plano de intervenção militar no celular
de ex-auxiliar de Bolsonaro - https://jmonline.com.br/politica/pf-encontra-plano-de-intervenc-o-militar-no-celular-de-ex-auxiliar-de-bolsonaro-1.280791
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