quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Vídeo mostra discussões e agressões momentos antes de delegado matar esposa e enteada a tiros em Curitiba

 Mãe e filha foram assassinadas em casa por Erik Busetti. Crime foi em 2020. g1 aguarda resposta da defesa do delegado, que está preso e vai a júri popular.

Por Mariah Colombo, Narley Resende, g1 PR e RPC — Curitiba

 06/12/2023


Vídeo mostra agressão antes de delegado assassinar enteada e esposa a tiros em Curitiba

Vídeo mostra agressão antes de delegado assassinar enteada e esposa a tiros em Curitiba

Vídeos de câmeras de segurança registraram discussões e agressões cometidas pelo delegado Erik Busett momentos antes de ele assassinar a esposa, Maritza Guimarães de Souza, e a enteada, Ana Carolina de Souza. 

O crime aconteceu março de 2020, e Erik está preso. Maritza tinha 41 anos e era policial civil, a filha dela tinha 16 e era estudante. Elas foram mortas na própria casa. Segundo a polícia, uma filha de 9 anos do casal estava dormindo no quarto no momento do crime e ouviu os disparos. 

Nas imagens é possível observar que, por volta das 21h13, Erik e Maritza discutem. A discussão dura cerca de três horas - o casal aparece brigando em vários cômodos da casa. Por volta de 0h16, Maritza pega a bolsa, desce a escada, e vai para a saída da casa. 

Em seguida, Erik bate na porta do quarto de Ana, que levanta da cama e abre a porta. Ele a agride com chutes e tapas. Maritza volta para tentar defender a filha. 

O vídeo mostra que Erik dispara contra as duas, que caem abraçadas no chão. Por serem imagens fortes, o g1 optou por congelá-las. A câmera não mostra qual das duas vítimas foi baleada primeiro. 

As investigações apontaram que o delegado disparou pelo menos sete vezes contra a esposa e seis contra a enteada. 

O então delegado anda de um lado para o outro na sala onde as duas estão mortas. Em seguida, ele desce e sai na garagem com a arma na mão. 

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Delegado Erik Busetti (em imagem de arquivo da RPC) é suspeito de matar a esposa e a enteada a tiros, em Curitiba — Foto: Arquivo/RPC

 

Erik Busetti está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, desde os assassinatos. Ele foi preso em flagrante e admitiu o crime para dois policiais militares. No interrogatório, Busetti preferiu ficar em silêncio.

 

O g1 procurou a defesa do delegado, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.

 

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Duplo feminicídio

Ana Carolina Souza, de 16 anos, era filha de Maritza e enteada de Busetti — Foto: Arquivo pessoal  

O delegado foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por duplo feminicídio. As promotoras apontam que Ana Carolina e Maritza não puderam se defender. 

No caso do assassinato de Maritza, também incide a qualificadora de motivo torpe porque, segundo a acusação, ele não aceitava os termos do fim da relação.

 O casal estava junto havia, aproximadamente, dez anos, e estava em processo de separação, pelo menos, um ano antes do crime, conforme o relato de testemunhas e familiares. 

Dias antes de ser denunciado pelo Ministério Público, Busetti foi indiciado pela Polícia Civil por duplo feminicídio com incidência de aumento de pena por ter cometido o crime próximo da filha de nove anos. 

A menina estava no quarto dormindo, mas, de acordo com a delegada responsável pelas investigações, estava muito próxima e acordou com os disparos. 

A criança não ficou ferida e foi levada para a casa de um vizinho pelo acusado após o ocorrido. 

A Justiça determinou que ele vá a júri popular, previsto para ocorrer no dia 15 de maio de 2024. 

O delegado estava lotado na Delegacia do Adolescente e, até janeiro de 2019, estava à frente do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria). 

Maritza trabalhava como escrivã na Divisão de Planejamento Operacional da Polícia Civil. 

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Delegado preso acessou sistema restrito

Em agosto de 2023 a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o acesso do delegado Erik Busetti ao sistema policial de acesso restrito. O login e a senha dele foram usados enquanto ele estava na cadeia.

 

A portaria que determinou a investigação afirma que Erik teria acessado indevidamente os sistemas da Polícia Civil para consultas pessoais o que pode, em tese, caracterizar crime de violação de sigilo funcional.

 

A comprovação dos acessos está em relatório emitido pela Companhia de Tecnologia de Informação do Paraná (Celepar). Pelos dados do documento, o delegado preso acessou o sistema várias vezes para consultar o próprio nome.

 

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Segundo consulta feita pelo g1 no Portal da Transparência do Governo do Paraná, mesmo detido, Erik Busetti consta como servidor ativo e recebe salário pelo cargo público. Em novembro de 2023, a remuneração bruta foi de R$ 26.762,70.

 

Até a última atualização desta reportagem, a Polícia Civil não deu detalhes de qual situação o inquérito se encontra.

https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2023/12/06/video-mostra-discussoes-e-agressoes-momentos-antes-de-delegado-matar-esposa-e-enteada-a-tiros-em-curitiba.ghtml

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