terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Influencer é ameaçada de morte após post de Michelle Bolsonaro e polícia investiga

 A Polícia Civil investiga ataques preconceituosos, incitação ao suicídio e ameaças de morte contra Karina Santos

Resumo

Karina Santos, influenciadora digital, sofreu ataques preconceituosos, incitação ao suicídio e ameaças de morte após Michelle Bolsonaro compartilhar uma de suas postagens. A Polícia Civil investiga.

Karina Santos foi ameaçada após ter post compartilhado por Michelle Bolsonaro

Foto: Reprodução/Instagram

Redação Terra 12 jan 2024


A influenciadora digital Karina Santos, de 30 anos, relatou nas redes sociais que vem sofrendo diversos ataques preconceituosos, incitação ao suicídio e ameaças de morte, após uma de suas publicações ser compartilhada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A Polícia Civil investiga.

Karina é do Recife, em Pernambuco, e se descreve nas redes sociais como "terrivelmente petista" e "comunicadora popular". Ela foi hostilizada com mensagens xenofóbicas e machistas nas redes sociais, e alguns seguidores de Michelle Bolsonaro chegaram a dizer que a matariam, segundo as mensagens que ela expôs.

Em entrevista ao Terra, Karina relata que tudo começou quando ela republicou um meme antigo que circulava na internet, ironizando Jair Bolsonaro e Michelle.

"No dia 4/1, esse meme foi exposto por uma pré-candidata a vereadora do PL e Michelle Bolsonaro pegou minha publicação e reagiu a ela, publicou em seu perfil no Instagram e me expôs para mais de 6 milhões de seguidores, que a partir dessa publicação começaram a me atacar em minha rede social", conta.

Post de Karina foi compartilhado por Michelle, e foi iniciada onda de ataques
Post de Karina foi compartilhado por Michelle, e foi iniciada onda de ataques
Foto: Reprodução/Instagram

A ex-primeira-dama postou uma foto da conta de Karina e escreveu na legenda: "Terrivelmente petista. Como uma boa comunista-caviar ama um dinheirinho?".

Ameaças

Karina diz que recebeu mensagens com diversos tipos de ameaças violentas. Uma delas fazia até referência a Adélio Bispo Oliveira, acusado de ter esfaqeuado o então candidato à presidência Jair Bolsonaro, em 2018.

"Quero um Adélio na sua vida", escreveu um internauta. Outra pessoa disse desejar que caísse uma bomba para "desaparecer (sic) todos vocês [nordestinos] lixos".

A influenciadora procurou a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência. Segundo ela, todas as pessoas já foram identificadas, mas ainda não foram intimadas a depor, por estarem em outros estados. Alguns chegaram a pedir desculpas após a repercussão do caso.

Karina compartilhou ataques recebidos por ela nas redes sociais
Karina compartilhou ataques recebidos por ela nas redes sociais
Foto: Arquivo pessoal/Karina Santos
Karina compartilhou ataques recebidos por ela nas redes sociais
Karina compartilhou ataques recebidos por ela nas redes sociais
Foto: Arquivo pessoal/Karina Santos

"Os ataques, depois que dei notícia nas redes das denúncias formais junto à Polícia Civil, diminuíram sensivelmente. Algumas pessoas chegaram a pedir desculpas nos comentários e nas mensagens inbox, mas não vou desculpar! As pessoas têm que ter responsabilidade com o que dizem e fazem nas redes, não pode ser terra sem lei", ressalta.

Apoio

Depois de expor a violência, Karina diz que tem recebido apoio de diversos setores da política onde atua. "Eu fico em estado de alerta, e preocupada com as repercussões disso na vida de meu filho", acrescenta.

Muitos bolsonaristas começaram a fazer denúncias em massa do perfil de Karina nas redes sociais, mas ela conta que cresceu em número de seguidores devido à solidariedade das pessoas. "Eles me ameaçaram e tentaram me calar ao mesmo tempo, pra não me dar chance de me defender publicamente", conclui.

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que registrou a ocorrência no dia 10 de janeiro. Um inquérito policial foi instaurado para apurar todos os fatos. As investigações seguem até o esclarecimento total do caso.

Terra procurou a assessoria de Michelle Bolsonaro através do PL Mulher, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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