Prisão pode levar a polícia a desbaratar quadrilha que vende drogas na região
As prisões aconteceram depois que foi deflagrada uma operação para cumprimento de mandado de busca e apreensão, após levantamentos de que os envolvidos teriam alugado um apartamento, na área central da cidade.
Os policiais descobriram, também, que o casal utilizava um sítio, na área rural, para suas operações. Lá havia, dentro de um tambor, 49 barras de maconha, além de um revólver calibre 38.
O casal diversificava suas operações, pois além da casa do cabeça do casal e do sítio, a casa da mulher também era utilizada como base. Lá foi encontrada uma balança de precisão, papel filme e cerca de dois quilos de maconha.
50 postos de combustíveis são suspeitos de terem sido usados
para lavagem de dinheiro de facção, diz PF
Segundo a Polícia Federal, PCC lavava dinheiro
principalmente por meio de postos e distribuidora de combustíveis, movimentando
R$ 30 bilhões. Justiça determinou bloqueio de R$ 730 milhões e interdição de 70
empresas. 13 pessoas foram presas em operação nesta quarta (30).
Por Kleber Tomaz, Lívia Machado e Isabela Leite, G1 SP, TV
Globo e GloboNews — São Paulo
Cerca de 50 postos de uma rede de combustíveis são
investigados como suspeitos de terem sido usados pelo Primeiro Comando da
Capital (PCC), facção que atua dentro e fora dos presídios do país, para
lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, segundo a Polícia Federal (PF).
"O que nós percebemos? Foi a utilização de uma grande
quantidade de pessoas jurídicas vinculadas a uma rede. Eu não quero dizer que
essa rede, ela é envolvida, mas ela tem algo em torno de 110 postos. De 110, eu
acredito que algo em torno de 40 a 50 que nós identificamos", disse o
delegado federal Rodrigo Costa durante coletiva à imprensa na sede da PF em São
Paulo, sobre a Operação Rei do Crime.
A ação teve o objetivo de desarticular o esquema e ocorreu
em quatro estados do Brasil. A rede de postos Boxter foi um dos principais
alvos da operação. A reportagem tentou contato com a empresa, mas não obteve
retorno. A PF não informou onde estão localizados os postos suspeitos.
"Ou seja, é uma marca sólida no mercado, são
empresários que se envolvem em atividade ilícita, mas em meio a atividade
ilícita você tem a atividade lícita. Só o que acontece: a atividade lícita
quando envolvida, ela se permeia dentro da atividade ilícita. E isso é muito
difícil de ser identificado”, completou o delegado da PF.
Para não quebrar a empresa e evitar a depreciação, a PF pediu - e a Justiça autorizou - que sejam nomeados administradores, que vão tocar o negócio até o fim do processo..
4 estados
A operação foi deflagrada no Paraná, em Santa Catarina e na
Bahia. Foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão e sequestro de
bens usados pela quadrilha, como iates, motos-aquáticas, helicópteros, carros e
relógios de luxo, além de dinheiro, joias e bebidas importadas.
A facção movimentou ao menos R$ 30 bilhões com a lavagem de
dinheiro, segundo a PF. Ao todo, 13 pessoas foram presas. Quatro delas em um
hotel em Salvador e nove na capital paulista.
Entre os presos está um homem conhecido como Alemão,
principal alvo da operação, detido em São Paulo. A família dele é dona de cerca
de 50 postos de combustíveis.
As investigações apontam o envolvimento dele com os
assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue, e
Fabiano Alves de Souza, o Paca, em 2018, no Ceará. Os dois mortos eram
importantes membros da facção, sendo que Gegê era um dos chefes.
Foram cumpridos 43 mandados de busca e apreensão em
apartamentos de luxo e empresas. No estado de São Paulo, a operação ocorreu nas
cidades de Bauru, Igaratá, Mongaguá, Guarujá e Tremembé. Também são cumpridos
mandados em Londrina e Curitiba, no Paraná; em Balneário Camboriú, Santa
Catarina; e Salvador, na Bahia.
Dentre os presos em São Paulo está Antônio Carlos Martins Vieira, conhecido como “Tonhão”. Segundo a investigação, ele foi identificado como responsável por parte das empresas usadas na lavagem de dinheiro.
Empresários do setor de combustíveis e uma pessoa que foi
condenada pelo envolvimento no furto ao Banco Central do Brasil, ocorrido em
Fortaleza, em 2005, também foram alvos.
Mais de 70 empresas são investigadas e foram interditadas.
A Justiça determinou bloqueio de R$ 730 milhões de contas
bancárias suspeitas. Também foi determinado o bloqueio de 32 automóveis, nove
motocicletas, dois helicópteros, um iate, três motos aquáticas, 58 caminhões e
42 reboques e semirreboques, com valor aproximado de R$ 32 milhões.
Bens e imóveis apreendidos em operação da PF contra o tráfico de drogas — Foto: Divulgação/PF
Dinheiro e joias apreendidas pela PF em operação contra o tráfico de drogas — Foto: Divulgação/PF
Crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro
Ao todo, 20 pessoas foram indiciadas. Eles responderão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal pediu à Justiça que as 73 empresas usadas
para lavagem sigam em funcionamento e passem a ser administradas pela Secretaria
Nacional de Políticas Sobre Drogas do Ministério da Justiça – medida que era
inédita até aqui, de acordo com a corporação.
Facção e postos
Não é a primeira vez que a facção criminosa usa postos de
combustíveis para lavagem de dinheiro obtido do tráfico de drogas e outros
crimes. O Ministério Público Estadual de São Paulo (MPE-SP) tem inúmeras
investigações nesse sentido.
Alguns fatores justificam essa opção do PCC por lavar
dinheiro com a participação de postos, segundo o promotor Arthur Pinto de Lemos
Júnior. "Tais estabelecimentos comerciais têm como característica o uso
constante de dinheiro em espécie, o que favorece a liquidez e a ocultação da
origem dos valores", disse nesta quarta ao G1.
"De outro lado, a constituição de postos de
combustíveis é precedida de diversos formalidades legais e tributárias, as
quais são vencidas por meio da prática da corrupção", falou Arthur.
Segundo o Ministério Público Estadual, o nicho dos postos de
combustíveis está principalmente na capital paulista e tem sido infestado por
valores de procedência ilícita.
"Já há algum tempo lavadores de dinheiro assumem a
propriedade de tais estabelecimentos comerciais, com o amparo de forte e
sofisticada organizações criminosas", explicou o promotor.
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