Fotógrafo Anderson Marques relatou episódio de preconceito contra a filha de 4 anos em igreja no DF: “Os autistas não precisam se adequar ao mundo. Somos nós que deveríamos buscar entender, respeitar e acolher qualquer criança com deficiência”
RELIGIÃO
“O meu vídeo, além de ser um desabafo, foi uma forma de alerta não só para a igreja, mas para a sociedade como um todo. Os autistas não precisam se adequar ao mundo. Somos nós que deveríamos buscar entender, respeitar e acolher qualquer criança com deficiência”, desabafa.
“Havia centenas de crianças, mas, naquele momento, a minha filha, que é autista, não era bem vinda”, conta o pai. Anderson relata que após uma rotina difícil durante a semana, ele e a esposa decidiram levar os dois filhos do casal, ambos diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), para um “Culto da Família”.
“Buscando uma palavra de consolo, uma luz no fim do túnel, a gente teve a ideia de ir para a igreja. Pensei que não tinha dia melhor para a gente estar lá”, relata.
Quando a família chegou na igreja, a celebração já havia começado, logo eles se dirigiram para um espaço na lateral do local, onde havia uma porta de vidro que dava acesso ao espaço de evento e ao palco. A menina de 4 anos teve uma crise de ansiedade e começou a chorar.
“Em menos de cinco segundos que eu estava tentando acalmá-la, para ela não se machucar também, um membro da igreja apareceu e pediu para nos retirarmos, porque estávamos atrapalhando”, relembra.
Ele teria explicado para o homem que a filha estava em crise e que tinha autismo. Mas, o funcionário ignorou a informação e fechou a porta de vidro que dava acesso à igreja para que a família não entrasse.
“Ele não se dispôs a ajudar e também não nos direcionou para outro espaço da igreja. Espero que o que aconteceu conosco sirva de exemplo para que isso não se repita”, continuou.
“A Luísa, com 4 anos, não fala. Ainda usa fraldas, não sabe dar funcionalidade às coisas e é totalmente dependente de nós. Só quem convive com pessoas autistas sabe como a nossa rotina não é nada fácil. Ela usa medicamentos para a ansiedade, para tentar dormir, que custam milhares de reais por mês. Damos todo o suporte possível”, explica
O fotógrafo não quis revelar o nome da igreja e acrescentou que a intenção é somente chamar a atenção para o preconceito.
Após a repercussão do vídeo, o líder da igreja entrou em contato com o fotógrafo por meio de uma psicóloga. “Ela pediu desculpas pela situação e explicou que eles iriam realizar ações para ter mais inclusão no espaço”, contou.
AUTISMO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente.
São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Ainda não se conhece a cura definitiva para o transtorno do espectro do autismo. Da mesma forma, não existe um padrão de tratamento que possa ser aplicado em todos os portadores do distúrbio.
Cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado que exige a participação dos pais, dos familiares e de uma equipe profissional multidisciplinar visando à reabilitação global do paciente. O uso de medicamentos só é indicado quando surgem complicações e comorbidades.
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