quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Vai pela ciclovia ou pela rua?



Quem pedala (ou caminha) em Teófilo Otoni vive com esta dúvida o tempo todo.

Pedestres na ciclovia, ciclistas disputam o espaço das ruas com os carros.

Em primeiro lugar: há menos de 5 km de ciclovias na cidade, e estas são restritas a duas avenidas: a A maior parte das ruas não Luiz Boali, no trecho que vai da ponte próxima à rodoviária até a E. E. Alfredo Sá, e continua nos bairros Ipiranga e Castro Pires, sempre às margens do rio; e outro trecho, na Dr. Júlio Rodrigues, do bairro Marajoara até depois do Hospital Filadélfia.

Assim, na maior parte da cidade, a resposta é simples: vai pela rua mesmo, porque não tem ciclovia.

Mas, e nos trechos onde há, a resposta não seria um simples e direto sim? Não. Nos trechos onde há ciclovias, a resposta é variável. Entenda o por quê.


Avenida Luiz Boali Porto Salman

Quem chega a Teófilo Otoni pela rodoviária, encontra uma ciclovia bem demarcada, com meio-fio, jardinagem, calçada entre a ciclovia e o rio, em uma avenida larga e extensa. Entretanto, esta impressão vai embora rapidamente. Basta olhar para o outro lado do rio, na mesma avenida, onde não há ciclovia nenhuma. A ilusão se desfaz completamente quando o ciclista segue direto pela mesma avenida. Após a esquina da E. E. Alfredo Sá, a ciclovia é interrompida até que se chegue ao início do bairro Ipiranga.


Ciclovia ou pista de caminhada?

Ali, há uma estrutura semelhante. Meio-fio, jardinagem e uma boa sombra, graças às árvores existentes entre a ciclovia e o rio. Porém, ah, porém, este espaço também é utilizado por pedestres e atletas (de fim de semana ou não), como calçada ou pista de caminhada/corrida.

Mas, e então, este trecho é ciclovia ou pista de corrida?

Ciclovia. Mas algum "gênio", de alguma secretaria da prefeitura, em alguma administração passada (quando vim morar aqui, já existia toda essa bagunça e não vou procurar saber quem fez, nem quando fez - não é este o objetivo desta análise), teve a "brilhante" ideia de fazer marcações a cada 200 metros, sinalizando o local como pista de corrida.

Mas eu não acredito que a marcação tenha sido feita antes que as pessoas começassem a utilizar o espaço desta maneira, mas sim, por terem começado a usar.

E por que as pessoas usam a ciclovia como calçada?

Aqui vão alguns exemplos do por quê da troca:
(clique nas imagens para aumentar)


Degraus e rampas são obstáculos e dificultam o caminhar







Sem acessibilidade para pessoas com dificuldade de locomoção
Enquanto as ciclovias são planas e praticamente sem obstáculos, como degraus, rampas, mato, terra/barro, falta de acabamento e manutenção, as calçadas estão apenas no outro lado da avenida. O principal motivo para as pessoas andarem pela ciclovia é a ausência de uma calçada entre a ciclovia e o rio. A isto se dá o nome de princípio do menor esforço.


Avenida Dr. Júlio Soares

Início da ciclovia da Av. Dr. Júlio Soares
Mas nem tudo é tão confuso. A ciclovia da Av. Dr. Júlio Soares funciona bem e cumpre seu papel enquanto ciclovia. Não é comum ver pedestres caminhando pela ciclovia, pois a mesma se localiza na parte central da pista.
Subida da Av. Dr. Júlio Soares
Não há alerta para a localização da ciclovia no centro da pista
Acidentes: Entretanto, esta ciclovia apresenta um grave problema de segurança na área final, do Hospital Filadélfia em diante. Há uma curva para a esquerda, seguida de uma subida longa. Ao descer, motoristas, motociclistas e ciclistas devem ter muita atenção, pois apesar de haver uma placa alertando para o início da ciclovia, a mesma não indica sua localização no centro da pista. Há relatos de inúmeros acidentes registrados naquele local, inclusive fatais. O meio-fio que delimita a ciclovia nessa área já foi, em grande parte, quebrado por veículos que invadiram a pista em excesso de velocidade. Talvez por isto, no fim do morro (início da descida), na Rua Araguaia, há uma placa de alerta a ciclistas e motociclistas (motorista não precisa ser alertado?), instalada pelos próprios moradores. Além da descida ser longa e proporcionar alta velocidade, há uma curva que não permite que se veja o início da ciclovia, nem como está o trânsito no local - provável causa da maioria dos acidentes, juntamente com a imprudência, a falta de antenção e o excesso de velocidade.
Final da ciclovia da Av. Dr. Júlio Soares
Não há visibilidade do início da ciclovia - sentido bairro-centro



Rua Araguaia: alerta para quem desce
Detalhe da placa da Rua Araguaia
















Poder Público

Curiosamente, a atual administração municipal já enxergou as ciclovias da cidade, nestes primeiros meses de gestão. O trecho em frente à prefeitura é um dos mais bem conservados e sinalizados; a jardinagem é bem cuidada e há placas acima da pista da ciclovia, alertando para a segurança dos pedestres e ciclistas, desde as administrações passadas. E foi justamente isso que a atual administração municipal já enxergou: as placas. Já tiveram a preocupação de apagar das mesmas a logomarca da gestão anterior, que era de outro partido. Sobre a atual administração, eu já falei um pouco aqui.

Repare bem: ainda há uma sombra da logomarca da gestão anterior.

Placa em frente à prefeitura.











Por fim

E quando eu digo que ninguém sabe direito por onde anda, é ninguém mesmo. Até a Polícia Militar, que apesar de ter liberdade de parada e estacionamento garantida pelo CTB, abusa do poder, da boa vontade, da acomodação e da ignorância da população em geral.
PM abusa da liberdade de parada e prejudica circulação de ciclistas
Belo exemplo...

Pedala Teófilo Otoni

 

Um blog de ciclismo predominantemente urbano. A vi



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