Diagnosticado com Covid-19, Olavo de Carvalho morreu aos 74 anos. Brigas com bolsonaristas e críticas a vacinas marcaram últimos comentários
atualizado 25/01/2022 13:28
Considerado guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, 74 anos, morreu na noite dessa segunda-feira (24/1), madrugada de terça (25/1) no horário brasileiro. Nos últimos tempos, o polêmico escritor tinha aumentado as críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), brigado com alguns bolsonaristas e questionado a vacina contra a Covid-19.
Um dos maiores aliados do filósofo e entusiasta do trabalho, o jornalista Felipe Moura Brasil virou alvo de Olavo no fim do ano passado. Ele foi um dos organizadores de uma das obras mais conhecidas de Carvalho — O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.
Brasil chegou a processar o filósofo por danos morais e queria a quantia de R$ 80 mil, pela “gravidade e extensão das ofensas”. Veja tuítes de Olavo sobre o jornalista:
Outra alvo foi o empresário Luciano Hang. No mesmo vídeo, em que ameaçou “derrubar o governo” do presidente Bolsonaro, o filósofo também chamou Hang de “palhaço” e que o chefe do Executivo estaria sendo aconselhado por “generais covardes ou vendidos”.
Veja o vídeo no qual Carvalho direciona críticas a Hang:
Ex-secretária especial da Cultura, Regina Duarte não escapou das críticas de Olavo. O guru bolsonarista, que já tinha elogiado a atriz, mostrou arrependimento.
“Eu a recomendei. O presidente me deu a honra de perguntar o que eu achava dela. E eu disse que achava uma boa pessoa. Eu recomendei a desgraçada. E ela vem me dizer que estou querendo tirar o cargo dela. Não, ajudei a dar o cargo. Mas ela não sabe nada e sai falando do que não sabe”, afirmou.
Veja a crítica a Regina Duarte:
Outro aliado ao governo Bolsonaro que trocou farpas com o filósofo foi o pastor evangélico Silas Malafaia.
“Prezado bispo Malafaia: ninguém pode negar que as igrejas evangélicas ajudaram um bocado na derrocada do petismo. Mas também não pode negar que elas entraram nessa luta com um atraso formidável. Pelo menos até 2009 ainda se davam muito bem com o partido governante. Nesse ano Lula em pessoa oficializou em lei a Marcha Para Jesus. Será que o senhor já esqueceu?”
Algum tempo depois que Carvalho disse que poderia derrubar o governo, Malafaia foi pra cima do filósofo questionando “quem ele era” para cumprir tal promessa.
Olavo de Carvalho e Bolsonaro não se falavam há mais de um ano. Sem contato, o escritor não criticava diretamente o presidente, mas questionava a gestão dele. E começou a deixar claro que odiava ser chamado de “guru” do chefe do Executivo, porque, segundo ele, não havia se encontrado com o presidente mais de quatro vezes na vida.
As últimas palavras sobre Bolsonaro foram ditas em uma live no dia 20 de dezembro último, da qual participaram em silêncio os ex-ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles; da Educação, Abraham Weintraub e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
O escritor chegou a dizer que o presidente é um “excelente administrador”, mas o comparou a um prefeito de “cidade do interior”, acusando-o de covardia. Descartou a ideia de que Bolsonaro representa a direita brasileira: “No Brasil, ou você é comunista ou é neutro. Não existe direita. Existe bolsonarismo”.
Em uma das numerosas críticas ao presidente que ajudou a eleger, o professor foi enfático ao chamá-lo de “covarde” e, inclusive, chegou a falar em entrar com um processo na Justiça contra Bolsonaro por causa de uma suposta “prevaricação”.
“Você presencia o crime em flagrante e não faz nada contra eles. Isso se chama prevaricação. Quer tomar um processo de prevaricação de minha parte? Se esse pessoal não consegue derrubar o seu governo, eu derrubo”, falou o escritor, na ocasião.
Olavo e a Covid-19
A causa da morte de Olavo de Carvalho não foi divulgada, mas ele recebeu o diagnóstico de Covid-19 há oito dias. Ele foi um dos influenciadores que em diversos momentos desacreditou a letalidade do vírus, assim como o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Ainda em 2020, o filósofo disse que o coronovírus não passava de uma “historinha de terror” para “acovardar a população”. Naquele ano, a Covid-19 já havia matado quase 200 mil pessoas.
Assim como Bolsonaro, que sempre foi crítico às medidas de isolamento social para conter a doença, Carvalho também gastou algum tempo para classificar a recomendação como um “sórdido crime”. Veja tuítes do astrólogo sobre a Covid-19:
O guru também era antivacina, principalmente para as crianças. Em uma citação, no Twitter, chegou a dizer que vacinas “matam ou endoidam”.
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