quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Violência e humilhação durante formação de policiais na Rotam

 

Termo “adestrar” na descrição oficial da missão da Rotam gera controvérsias e Diário debate o assunto com policiais e especialistas

TEÓFILO OTONI - O especialista em Segurança Pública e Ciências Criminais (Unipac) Nathan Rodrigues, criticou a presença do termo adestrar na descrição da missão da Rotam (Rondas Táticas Metropolitana) da PMMG.

Consta na descrição que a Rotam é “uma força especial […] totalmente adestrada”.

Segundo Nathan Rodrigues, que também é especialista em Direitos Humanos pela UFVJM e foi policial por vários anos, “essa é mais uma situação que demonstra como a formação policial está ultrapassada e precisa atualizar conforme os padrões de humanização e dignidade. Muitas vezes os policiais tem seus direitos violados sob a premissa de uma hierarquia e disciplina exarcebada”.

O especialista frisou ainda que a ROTAM é um dos melhores grupos da PMMG.

“Eles merecem todas as honrarias. Esse fato nao pode desabonar toda a tropa, pois são todos voluntários e capacitados para qualquer confronto”.

O Diário também ouviu o oficial da reserva capitão Kretli, que atuou vários anos na região.

“Quando se fala adestrar estamos falando de cavalo, cachorro, um animal. E quando vemos uma formação em que o aluno toma tapa na cara para aprender é adestramento mesmo”.

O debate é enriquecido pelo subtenente Roberto. Atualmente na reserva ele foi professor de cursos de formação policial no 19• BPM.

Primeiramente ele salientou que a violência não é utilizada na formação policial. “Em vários anos lecionando em cursos da PM nunca presenciei algo do tipo”.

Depois falou sobre a expressão adestrar.

“A palavra adestrar pega mal sim. O PM precisa de formação ampla, social, humana, e não só tática, afinal não é um adestramento”.

Por sua vez, o policial da ativa Alex Gonçalves, pondera que as palavras mudam do ambiente civil para o militar.

“Algumas palavras não tem o mesmo sentido no mundo civil, como forjar o caráter. Muita gente entende a palavra forjar como aquela coisa de colocar droga em outras pessoa, e não tem nada a ver com isso, mas sim que o policial tenha seu caráter forjado na lei e nos bons princípios “.

E você, leitor, o que acha?

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