Zé Trovão ainda afirmou que 'ninguém' foi às ruas por causa do presidente
Oposição quer investigação sobre financiamento dos protestos
pró-Bolsonaro
Parlamentares querem saber de onde saiu o dinheiro que
bancou as caravanas que vieram a Brasília, no 7 de Setembro, para endossar a
campanha antidemocrática de Bolsonaro
FS
Fernanda Strickland
LP
Luana Patriolino
postado em 10/09/2021 06:00
A organização e a estrutura montada para os bolsonaristas ocuparem a Esplanada no Dia da Independência chamou a atenção de parlamentares - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
Parlamentares de oposição pediram que o Supremo Tribunal
Federal (STF) e o Ministério Público Federal (MPF) investiguem a origem do
financiamento das manifestações pró-governo, realizadas no feriado do 7 de
Setembro. Deputados e senadores querem que seja apurado possível envolvimento
de empresários nos atos bolsonaristas.
Um desses vídeos mostra um homem de camiseta amarela, dentro de um ônibus, distribuindo R$ 100 a cada um dos passageiros. Outra pessoa filma a ação e diz: “Olha isso, cara. Eu achei que era brincadeira. Uma camiseta para cada um, mais o ônibus e mais R$ 100 para alimentação. Deus abençoe!”
Uma das empresas citadas nas imagens é a Máquinas Agrícolas
Jacto S.A, que nega qualquer participação nos atos bolsonaristas. O senador
Humberto Costa (PT-PE) afirmou que vai acionar o ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF). “Estou oficializando para que ele determine
a investigação do financiamento dos atos antidemocráticos, que pedem o
fechamento do Congresso e do STF. Precisamos saber quem está pagando essa conta
e com que dinheiro”, disse por meio de seu perfil no Twitter.
O deputado Túlio Gadelha (PDT-PE), por sua vez, afirmou que o vídeo não tem indícios de manipulação e pedirá ao Ministério Público Federal a abertura de investigação contra a empresa. “Ele (pessoa que grava o vídeo) cita explicitamente que a família Nishimura está patrocinando aquele ato. Cabe investigar, procurar saber quem são as pessoas, quanto receberam, como aquele dinheiro foi parar ali. Existe um financiador, mas também organizadores; quem participou do processo de organização, quem contratou esses ônibus, fez essas camisas”, afirmou.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, 13
grupos foram cadastrados pelo Núcleo de Atividades Especiais (Nucae), da
SSP/DF.
Impeachment
Na avaliação do advogado Karlos Gad Gomes, especialista em
direito público, caso fique comprovado que o governo ou empresas financiaram a
manifestação, não há nenhum crime de fato. No entanto, a origem da verba
poderia levantar suspeitas e justificar a abertura de uma investigação. “Se
comprovando que houve desvio de finalidade do dinheiro público para incentivar
e patrocinar manifestações contra os demais poderes, o responsável pode vir a
responder por crime de responsabilidade — o que pode gerar um impeachment do
presidente”, explicou.
Em Brasília, a manifestação realizada na Esplanada dos
Ministérios reuniu cerca de 400 mil pessoas, segundo a Polícia Militar do
Distrito Federal (PMDF). O ato em apoio ao presidente contou com pessoas de
diversas partes do Brasil. As principais reivindicações do grupo foram a adoção
do voto impresso e a destituição de ministros do STF.
Desde então, os bolsonaristas seguem acampados na capital.
Um grupo de caminhoneiros quer uma reunião com o presidente do Congresso,
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para pedir que os senadores analisem os processos de
impeachment contra ministros da Corte — o que o presidente remeteu ao Senado
contra Luís Roberto Barroso foi devolvido.
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