Gilmar João Alba (PSL), de Cerro Grande do Sul, foi flagrado
no último dia 26 de agosto com a quantia em espécie. Em entrevista à Rádio
Gaúcha, ele não deu detalhes do que faria com o dinheiro e sustentou que o
montante faz parte de seu patrimônio e é declarado à Receita Federal.
Por G1 RS
'Eu boto o dinheiro onde quiser', diz prefeito do RS flagrado pela PF com R$ 505 mil
O prefeito de Cerro Grande do Sul, Gilmar João Alba (PSL),
afirmou que o dinheiro apreendido enquanto ele tentava embarcar no Aeroporto de
Congonhas, em São Paulo, era dele e seria usado em "oportunidade de
negócios". Ele deu entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta sexta-feira
(3). Ouça no vídeo acima.
A apreensão aconteceu no dia 26 de agosto. Segundo a Polícia
Federal, o dinheiro estava armazenado em caixas de papelão dentro da bagagem de
mão do passageiro.
"Eles [a PF] dizem o que querem. Eu boto o dinheiro
onde quiser, na caixa de papelão, no sapato, é meu", disse o prefeito.
Na quarta-feira (1º), o senador Humberto Costa (PT-PE) disse
à CPI da Covid ter indícios de que o valor seria utilizado para financiar atos
antidemocráticos. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), então afirmou
que a denúncia seria levada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes, relator do inquérito da milícia digital.
À rádio, o prefeito sustentou que o dinheiro faz parte de
seu patrimônio e é declarado à Receita Federal. Questionado sobre o motivo pelo
qual transportava R$ 505 mil em espécie, ele não deu detalhes sobre que tipo de
negócios faria.
"Esse dinheiro eu ando pra oportunidade de negócios. E
como é declarado e diz na receita que declarado anda em qualquer parte do
Brasil. Então eu ando com meu dinheiro pra onde eu quiser", afirmou o
prefeito, eleito em 2020 para governar a cidade do Norte do RS.
Conhecido como Gringo Loco, Alba recebeu mais de 2,4 mil
votos na cidade de 12 mil habitantes.
Apreensão no aeroporto
A carga foi detectada pelo aparelho de raio-x do terminal. A
Polícia Federal relata que o passageiro, inicialmente, atestou não saber o
valor que carregava, para depois dizer que levava R$ 1,4 milhão. Sem explicitar
de onde vinha o dinheiro, o prefeito só teria afirmado que a quantia tinha
origem lícita.
"Agora também ninguém vai me proibir de ter dinheiro
pra comprar gado nos leilão, terra mais barata porque tenho dinheiro vivo.
Pessoa com dinheiro vivo é outro mundo", afirmou.
Em virtude da dúvida, a PF recolheu o montante, fazendo a
contagem de R$ 505 mil. Um procedimento investigativo será instaurado para
apuração da origem do dinheiro. Depois do resultado da apuração, o passageiro
poderá responder por delitos como lavagem de dinheiro, na modalidade de
ocultação, e crime contra o sistema financeiro nacional.
Portar moeda nacional dentro do país, independentemente do
valor, não constitui crime, informa a PF. Contudo, o portador deve saber
justificar e comprovar a origem dos valores.
Confira abaixo os trechos da entrevista
Apresentadora: O senhor não tem medo?
"Como é que eu vou ter medo se ninguém sabe? Quem é que vai saber que eu to com 500 mil na minha mala?"
Apresentadora: Se é lícito, porque o senhor não quis dizer o
destino da mala?
"Te passaram notícia ruim, não é verdadeira. Eu quando
cheguei no aeroporto, botei a minha mala no raio X, passou, acusou. Eu chamei o
rapazinho, ele perguntou se eu tenho alguma irregularidade na mala, eu falei
"não tem irregularidade nenhuma, a minha mala tem dinheiro,
declarado". [ele perguntou] Quanto? Eu não sou obrigado a dizer quanto eu
tinha, mas eu disse pra ele R$ 1,4 mil. Ele disse "tá de brincadeira
comigo", eu disse não, eu digo, é R$ 1,4 milhão. Pensando até que era uma
brincadeira".
"Mas ele disse "nesse caso eu tenho que falar com
a Polícia Federal", eu digo "pode chamar o órgão que você
quiser". Eu não seria idiota de passar uma mala no raio x que a gente
sabe, se o dinheiro fosse ilícito porque a polícia não me prendeu lá?"
Apresentadora: Porque estava em caixas de papelão?
"Eles [a PF] dizem o que querem. Eu boto o dinheiro
onde quiser, na caixa de papelão, no sapato, é meu. Não quer dizer que tudo o
que eles dizem é verdade".
Apresentadora: O senhor pode dizer pra onde estava indo esse dinheiro?
"Pra onde estava indo esse dinheiro? Se eu tenho a
passagem que comprei pra São Paulo, e tenho a passagem que ia voltar pra Porto
Alegre, onde eu tava com o dinheiro? Em São Paulo".
Apresentadora: No que o senhor ia gastar esse dinheiro?
"Eu não sou obrigado a falar pra vocês o que eu ia
fazer com o meu dinheiro. Poderia até ser uma festa".
Apresentadora: O senhor não confia no sistema bancário?
Porque o senhor anda com R$ 500 mil e porque o senhor não pode dizer pra onde o
dinheiro ia?
"Se você insistir muito eu vou parar de falar com você.
Eu não confio no sistema bancário? Não fala assim porque eu peguei o resto do
dinheiro que eu tinha, fiz alguns investimentos, e o resto tá no banco, eu
botei na poupança".
"Como é que eu não confio no sistema bancário? Agora
também ninguém vai me proibir de ter dinheiro pra comprar gado nos leilão,
terra mais barata porque tenho dinheiro vivo. Pessoa com dinheiro vivo é outro
mundo".
"Tem um risco. claro que tem. Só que agora eu jamais
vou sair com dinheiro porque com esse bafafá todo, os meninos do mal tão tudo
louco pra tentar que eu vou ter o dinheiro em casa".
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