quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Loja é acusada de racismo após colocar manequim preto para 'quebrar' vitrine

 Caso foi em uma loja de um shopping em Salvador, na Bahia, e repercutiu nas redes

Cliente diz que procurou a administração do shopping para prestar queixa na segunda-feira (14/2)

(foto: @ashleymlia/Twitter/Reprodução)
A montagem de uma vitrine de promoção está causando consternação nos clientes do Shopping Barra, em Salvador. A loja Reserva, localizada no centro comercial, resolveu colocar um manequim preto com a perna encaixada em uma vidraça, como se estivesse prestes a estilhaçá-la.
Em um país onde a população negra está mais exposta à violência urbana — a taxa de homicídios entre negros é 2,6 vezes maior que entre brancos, segundo o Atlas da Violência 2021 — a campanha gerou revolta. “Isso é racismo escancarado, nem sei como reagir”, escreveu a influenciadora Ashley Malia ao comentar o caso no Twitter na terça-feira (15/2).

Ela continuou o texto pedindo que posturas como essa sejam passíveis de punição. “Empresas e pessoas precisam ser responsabilizadas por práticas racistas. É inconcebível a população negra continuar sendo violentada dessa forma. Isso continua acontecendo porque o Brasil não tem compromisso com a pauta racial e não trata isso como uma questão importante”, argumentou.

Empresas e pessoas precisam ser responsabilizadas por práticas racistas. É inconcebível a população negra continuar sendo violentada dessa forma. Isso continua acontecendo porque o Brasil não tem compromisso com a pauta racial e não trata isso como uma questão importante.

A denúncia foi feita na segunda-feira (14/2) por uma cliente do shopping ao jornal Correio 24h. A administradora Rafaela Santos disse ao portal que achou a montagem de muito mal gosto e ofensiva e que foi à administração do shopping registrar queixa do ocorrido. “Não sei qual a mensagem que quiseram passar, mas ficou ofensivo. Já é raro ver esses manequins de cor preta e quando vemos é associando a vandalismo? Eu fiquei muito chateada”, declarou.

Ela lembrou os fatos recentes de racismo no país, como o de Durval Teófilo Filho, assassinado por um vizinho enquanto abria a mochila para pegar as chaves da própria casa. Para a administradora, esse tipo de campanha só reforça o risco para a população negra.

Essa não é a primeira vez que uma loja de grife é acusada de racismo em shoppings da cidade. Há pouco mais de um mês, a loja Zara do Shopping da Bahia também esteve envolvida em um caso similar. Na ocasião, funcionários da loja e do shopping revistaram e constrangeram um cliente que tinha acabado de comprar uma mochila, mesmo depois que ele apresentou nota fiscal.

Resposta

O Correio procurou o Shopping Barra e a loja Reserva para pedir informações sobre o caso, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestações das empresas.

https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2022/02/16/interna_nacional,1345465/loja-e-acusada-de-racismo-apos-colocar-manequim-preto-para-quebrar-vitrin.shtml

                                                        


BRUNA TORLAY

Jovem Pan demite comentarista que acusou Receita Federal de corrupção

KELLY MIYASHIRO

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 8/2/2022 - 15h05

Bruna Torlay no programa 3 em 1 da Jovem Pan; comentarista é processada por agentes da Receita

A Jovem Pan demitiu a comentarista Bruna Torlay na última segunda-feira (7) após a analista de política acusar agentes da Receita Federal de corrupção e ser processada pela instituição. Ela integrava o programa 3 em 1, e o Notícias da TV apurou que a saída foi provocada por pressão interna da emissora.

O comentário feito por Bruna havia sido feito na edição de 22 de dezembro do ano passado, mas teve consequências apenas neste mês. O programa apresentado por Paulo Mathias naquela ocasião discutia o pedido de demissão coletiva de agentes da Receita Federal após a categoria ficar sem reajuste salarial, enquanto o presidente Jair Bolsonaro havia concedido aumento para membros da Polícia Federal. 

"É só o setor público que vive nesse planeta mágico e encantador em ano de pandemia, discutindo um bilhão pra cá, um bilhão pra lá, Bruna?", perguntou o Mathias. 

"Paulo, que observação pertinente, porque é esse o mundo que a gente tem que ver. A gente ainda tem que comentar o orgulho ferido dos auditores da Receita Federal, sendo que a Receita é aquela que apresentou esse ano a pior proposta de reforma tributária que a gente poderia ter tido no Brasil", começou a professora de Filosofia.

"Reforma tributária com a cara do pessoal da Receita Federal. Ainda bem que não foi aprovada lá. Ela nada mais foi do que um malabarismo pra manter a arrecadação. A Receita Federal tá preocupada com isso. E muitas vezes a malha fina é usada como pretexto para corrupção", continuou a então funcionária da Jovem Pan.

"Muitos agentes da Receita, quando a pessoa cai na malha fina, eles ficam esperando a pessoa trazer um 'presente' para eles fingirem que não viram aquela sonegação. É assim que funciona a Receita Federal. Então, os auditores deveriam estar mais preocupados com a instituição em que eles atuam do que ficarem ofendidos que uma categoria ia receber aumento e a outra não", acusou Bruna Torlay.

"Embora muitas pessoas já tivessem esperando que essa concessão à Polícia Federal criasse problemas para o próprio Bolsonaro, ontem a gente comentou esse aumento à Polícia Federal, e muita gente já começou a falar que os outros servidores vão criar problemas. Parece que não demorou", provocou.

"De qualquer maneira, a Receita Federal, os agentes, atuam contra o cidadão. Porque eles simplesmente têm a tarefa de arrecadar a contribuição máxima possível para segurar esse leviatã voraz que vive das nossas energias. E ainda querem um aumento. Que lindo, né?", concluiu a comentarista.

Processo na Justiça 

A reportagem teve acesso a um processo aberto pelo Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) e Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) contra Bruna Torlay no Tribunal de Justiça de São Paulo. Os grupos pedem explicações da ex-Jovem Pan sobre os comentários.

Em 26 de janeiro, a juíza Luciana Piovesan, da 27ª Vara Criminal da Barra Funda, definiu um prazo de dez dias para que a ré apresentasse explicações. 

Advogado do sindicato e da associação, Odel Mikael Jean Antun explicou que se trata de uma "ação preparatória para futura ação penal condenatória por crimes contra a honra, que poderá ser interposta caso ela não se explique satisfatoriamente".


Outros lados

Questionada sobre a saída da funcionária e se houve pressão do órgão federal para tal, a Jovem Pan informou que não comenta assuntos internos da emissora.

Já Bruna Torlay declarou que sua demissão foi justificada por uma mudança no quadro de comentaristas do programa 3 em 1 e ressaltou sua boa relação com os agora ex-colegas. Além disso, a diretora da revista Esmeril disse que ainda não foi informada de nenhum processo, mas que atenderá qualquer demanda feita pela Justiça. Ela também publicou vídeo de despedida da empresa nas redes sociais: 

empresa nas redes sociais: 

Assuntos relacionados à integridade, à ética e aos desvios funcionais são tratados com rigor máximo pela instituição, que possui uma das corregedorias mais atuantes do Poder Executivo Federal.

A chamada malha fina do imposto de renda é um mecanismo automatizado e, atualmente, aponta a irregularidade detectada para que o contribuinte, na grande maioria dos casos, possa se autorregularizar sem qualquer intervenção humana.

Portanto, diante da crítica desmedida, infundada e sem qualquer elemento probatório, a Receita Federal repudia veementemente as declarações emitidas pela profissional."

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