segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Polícia do DF investiga ameaças ao Senado e STF feitas por Sérgio Reis

Inquérito foi aberto pelo Departamento de Combate à Corrupção (Decor) e está prevista a intimação do cantor

atualizado 16/08/2021 16:04

Reprodução/Instagram

O cantor e ex-deputado federal pelo PRB-SP Sérgio Reis está mobilizado na defesa do governo Bolsonaro e teve um vídeo divulgado nas redes sociais convocando caminhoneiros para um cerco a Brasília no feriado da Independência. Em áudio que circula desde o fim de semana, o tom é mais ameaçador: 

“Vou dizer ao presidente do Senado que eles têm 72 horas para aprovar o voto impresso e tirar todos os ministros do STF. Isso não é um pedido, é uma ordem”, diz o cantor.

Por causa desse áudio, o Metrópoles apurou que foi aberto um inquérito no Departamento de Combate à Corrupção (Decor).

A previsão é de que o cantor seja intimado a depor nos próximos dias, antes do início de setembro, quando ele estaria promovendo a mobilização com caminhoneiros e empresários do setor da soja – ainda segundo o áudio que circula pesadamente nas redes sociais bolsonaristas. Reis será investigado por suposta associação criminosa voltada à prática dos crimes previstos nos artigos 129 (ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem), 147 (ameaçar alguém, por palavra, escrita ou gesto), 163 (dano ao patrimônio) e 262 (expor a perigo meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento) do Código Penal.

A esposa do cantor, Ângela Bavini, disse em entrevista à colunista Mônica Bérgamo, da Folha de S.Paulo, que o cantor “está muito triste e depressivo porque foi mal interpretado. Está magoado demais”.

Ainda segundo Bavini, “Sérgio foi induzido por pessoas que dizem estar em um movimento tranquilo. No fim, todo mundo vaza [desaparece], e sobra para ele, que é uma celebridade”. Sobre o áudio, ela disse que Reis “falou no impulso, mas estava conversando com um amigo” e não queria que o teor fosse divulgado.

A ameaça foi ecoada pelo jornalista e influenciador Oswaldo Eustáquio. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele também dá “prazo de 72 horas para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cumpra a lei, coloque em pauta pedidos de impeachment de Moraes e Barroso”. Segundo ele, “caso contrário, vamos parar o Brasil. Não há outro caminho, senão, fazermos valer o artigo 1 da Constituição, que diz que todo poder emana do povo”.

Eustáquio, que esteve preso por descumprir ordens de Moraes em inquérito que corre no Supremo, recentemente se filiou ao PTB, presidido por Roberto Jefferson, que está preso.

As ameaças

No áudio, Sérgio Reis, diz que um ultimato será entregue a Pacheco dia 8 de setembro por ele, dois líderes dos caminhoneiros e dois grandes produtores de soja.

“Eu vou dizer ao presidente do Senado: se você não cumprir em 72 horas, vamos dar mais 72 horas, mas vamos parar o país. Plantadores vão colocar colheitadeiras nas estrada; só polícia e ambulância vão passar. E se em 30 dias não tirar aqueles caras [ministros do STF], nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra, pronto”, diz o áudio de Sérgio Reis.

Reações

Metrópoles mostrou no domingo (15/8) que a convocação por Sérgio Reis de uma manifestação de caminhoneiros em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e à intervenção militar está causando reações ruidosas entre lideranças da categoria.

Um dos organizadores da greve de caminhoneiros de 2018, que parou o país por 10 dias, o sindicalista Wallace Landim, conhecido como Chorão, gravou um vídeo reclamando do uso da categoria e dizendo que seus companheiros de profissão precisam se mobilizar por pautas próprias e não em apoio a políticos.

“Precisamos nos unir pra nós lutar pelas nossas demandas. Nós não nos envolvemos com pauta política nem a favor de governo nem contra governo, nem a favor de STF nem contra o STF”, discursou ele.

“Eu quero deixar claro aqui pra vocês, nós não participamos disso. Não deposite dinheiro na conta de malandro! Tem muita gente aí pedindo dinheiro pra fazer manifestação no dia 7 de setembro. Não faça isso, não faça isso”, pediu Chorão, que é presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava).

Veja o vídeo do líder caminhoneiro:

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