Dilma
Há cinco anos, Dilma Rousseff sofria um impeachment e o
Brasil e a democracia, um duro golpe. Segundo as palavas da ex-presidenta, em
discurso feito duas horas após a votação do seu impedimento no Senado,
"Senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição
Federal".
Contudo, mesmo em meio à comoção de seus apoiadores, Dilma
Rousseff fez uma análise do momento político do País à época, e projetou
algumas das perdas que a população sofreria no futuro próximo.
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"Políticos que buscam desesperadamente escapar do braço
da justiça, tomarão o poder unidos aos derrotados das últimas quatro eleições."
Após a retirada de Dilma da presidência da República, o
PSDB, partido de Aécio Neves, que perdeu a eleição contra ela em 2014,
tornou-se um dos partidos que mais apoiou os projetos de Jair Bolsonaro na
Câmara e no Senado. Até 2020, o PSDB votou a favor de 90% das pautas do governo
conforme o índice de governismo, ferramenta criada pelo Congresso em Foco.
"Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las
a serviço do mais radical liberalismo econômico e de retrocessos sociais."
A maior vitoriosa após o impeachment foi a corrente de
pensamento neoliberal, que busca o esvaziamento do papel do Estado na economia.
Já durante o governo Temer foram tomadas medidas que impedem a ação do País nos
rumos da economia, como o Teto de Gastos. Porém, foi com a chegada de Bolsonaro
e Paulo Guedes à presidênca da República que a população viu a corrosão de seus
direitos trabalhistas e previdenciários. Além de uma onda de privatizações que
afetou setores estratégicos do País.
"O golpe vai atingir indistintamente qualquer
organização política progressista e democrática".
Dilma foi "conservadora" nessa análise. O que
temos visto é que não só organizações políticas progressistas, mas sim todos os
tipos de organizações estão sob ataques do governo. Sindicatos e partidos
políticos de oposição sofrem tentativas constantes de descrédito, mas também
conselhos profssionais, a Ordem dos Advogados (OAB), cientistas e até poderes
constituicionais, como o Supremo Tribunal Federal (STF), vêm sendo alvo de
campanhas de ódio e desinformação desde o golpe.
"O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e
contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções, direito ao trabalho
e a proteção de leis trabalhistas, direito a uma aposentadoria justa, direito à
moradia e à terra, direito à educação, à saúde e à cultura."
Uma das primeiras medidas após a retirada de Dilma do poder
foi a tentativa de aprovação de uma Reforma da Previdência. Sob Temer, a
tentativa falhou, mas sob Bolsonaro ela prosperou, assim como as sucessivas reformas
trabalhistas. No mesmo sentido, os governos que sucederam Dilma se preocuparam
em manter a terra e a moradia na mão de poucos. O PL da Grilagem, a falta de
demarcação de terras indígenas e quilombolas são exemplos. A Educação sofreu
com um troca-troca de ministros, enquanto a cultura foi rebaixada de Ministério
à Secretaria, e mostrou-se tão volátil quanto o "pum do palhaço".
"É a imposição da cultura da intolerância, do
preconceito e da violência."
O índice de feminicídios cresceu, a intolerância religiosa
vitima fiéis de cultos de matriz africana, o acesso às armas aumentou e o
debate público nunca havia sido travado de forma tão violenta. Jornalistas têm
sido constantemente ameaçados e agredidos e há pessoas que saíram do Brasil com
medo de represálias. O assassinato da veradora Marielle Franco levou à mídia a
violência política e a sensação de impunidade tão conhecida dos mais velhos.
O Discurso de Dilma durante sua defesa no Senado
Antes desse fatídico discurso, Dilma havia falado no dia anterior no Senado durante a sua defesa. Na sua fala, a ex-presidenta ainda se deteve em analisar ainda mais pormenores sobre o que estava em jogo com a sua retirada do cargo.
Segundo ela, estava em jogo "O respeito às urnas, a
vontade soberana do povo brasileiro e da Constituição". Desde 1996, quando
as urnas eletrônicas foram utilizadas pela primeira vez, jamais houve
contestação de sua efeiciência. Entretanto, essa foi uma das principais
bandeiras, ou cortina de fumaça, promovidas por Jair Bolsonaro nos últimos
tempos.
A incontestável derrota que a proposta do voto impresso
sofreu, parece ter colocado a pá de cal sobre a questão. Mas ainda paira o
receio de que Jair Messias não aceite a derrota eleitoral que os institutos de
pesquisa vêm apontando.
Outra questão apontada acertadamente por Dilma foi o fim da
política de valorização do salário mínimo. Desde Jair Bolsonaro, o salário
mínimo não passa por aumento real, e com a subida da inflação, seu poder de
compra vem diminuindo.
Há ainda uma lista de fatos que o País vive hoje que foram
previstos pela presidenta na época do seu impedimento. Relembrar esses fatos é
entender que não há mágica no futuro do Brasil, na previsão e nem na escolha de
um messias para salvar a nação.
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