Conclusão é da Polícia Civil. Garota de 10 anos agonizou enquanto mãe e padrasto jantavam
26/08/2021 10:38 - atualizado 26/08/2021 16:12
A brutalidade do assassinato da menina de 10 anos encontrada morta nessa terça-feira (24/8) em um barracão de Contagem, Grande BH, chocou a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG)
Segundo a corporação, que deu detalhes sobre o caso esta manhã (26/8), A.L.C foi impiedosamente torturada e estuprada pelo padrasto, com a conivência da mãe, em uma espécie de ritual supostamente orientado por entidades sobrenaturais. Ambos estão presos desde ontem e confessaram os crimes. O corpo da criança foi achado por um vizinho dentro da residência em que a família morava, no Beco Maracanã, no Bairro Perobas.
"Faz 12 anos que eu trabalho como delegado, eu nunca vi algo nem semelhante. Ficamos todos muito consternados, comentou o delegado Resende Kopke, à frente da investigação.
Fanatismo
Segundo a PCMG, Lucas Melo da Silva, de 25 anos, e Déborah Almeida da Silva, 31, afirmaram ter oferecido a vítima como sacrifício a seres místicos. Tais entidades teriam exigido a vida de A.L.C e da irmã dela, S.C., de 4 anos, morta no início de março, como compensação por um aborto sofrido por Déborah em fevereiro.
Grávida de seis meses, a suspeita também disse aos investigadores que a oferenda macabra também seria uma condição imposta pelos espíritos para que a atual gestão vingasse.
Grávida de seis meses, a suspeita também disse aos investigadores que a oferenda macabra também seria uma condição imposta pelos espíritos para que a atual gestão vingasse.
Violência
As circunstâncias da morte de A.L.C exigem estômago forte. Conforme a apuração, ela vinha sendo espancada desde fevereiro, com direito a perfurações com objetos cortantes e contundentes. Além disso, sofreu abusos sexuais que resultaram em lesões gravíssimas na genitália.
A criança chegou a presenciar o homicídio da irmã mais nova. O corpo dela foi descartado na Grande BH, em local ainda desconhecido pelas autoridades. A família então fugiu para Porto Seguro, na Bahia. Por lá, chegou a tirar fotos e postar nas redes sociais.
"Um casal de fanáticos religiosos. Eles se declararam possuídos por essas entidades espirituais. E ela (a mãe) submissa o Lucas, o via como representante dessas entidades", disse o delegado Kopke.
De acordo com o policial, Déborah só admitiu a participação nos crimes quando o companheiro autorizou.
"Desde o início, ela se mostrava muito arredia, não queria falar com a gente. Até que o Lucas confessou o crime. Ela só foi admitir a participação dela depois que o Lucas autorizou que ela confessasse".
Agonia
Agonia
A polícia calcula que a volta do litoral baiano tenha ocorrido em meados de agosto, já para o barracão alugado pelo casal em Contagem. No local, durante o último fim de semana, A.L.C sofreu novas agressões do padrasto, incluindo pauladas, golpes de faca e queimaduras com cigarro. A sessão de tortura, segundo a corporação, teria ocorrido na presença da mãe. Enquanto a criança agonizava deitada num colchão, o casal jantou.
Os suspeitos contaram aos agentes que a jovem morreu na madrugada seguinte. Eles, então, a enrolaram em uma capa de colchão e inseriram o cadáver debaixo da cama. Em seguida, deixaram a casa às pressas levando apenas a roupa do corpo, pois temiam sofrer represálias por parte dos traficantes locais que, por vezes, agem como justiceiros.
"Quando a PM e a perícia localizaram o corpo, não foi possível nem identificar se era a criança de fato, ou se era algum outro indivíduo morto, descartado ali, tamanho o grau de degradação do cadáver", relata o delegado.
"Quando a PM e a perícia localizaram o corpo, não foi possível nem identificar se era a criança de fato, ou se era algum outro indivíduo morto, descartado ali, tamanho o grau de degradação do cadáver", relata o delegado.
Morte da irmã mais nova
Até essa quarta (24/8), S.C., de 4 anos, irmã mais nova de A.L.C, era dada como desaparecida. A polícia procurava pela criança desde março. Nos registros da corporação também consta que a menina havia sofrido abuso sexual e o pai dela, ex-marido de Déborah, era apontado como principal suspeito. A Justiça chegou a emitir uma medida protetiva para afastar o homem da filha.
Durante o interrogatório, contudo, Déborah e Lucas acabaram confessando que também mataram S.C.
"A Deborah, sabendo que o ex-marido era suspeito de ter praticado abuso sexual, tentava culpá-lo pelo desaparecimento de S.C o tempo todo. Ela e o Lucas. Até que eles confessaram o assassinato", diz o delegado.
Os investigadores descobriram que este homicídio - igualmente brutal - ocorreu em Divinópolis, Região Centro-Oeste de Minas.
"De lá, o casal chamou um carro de aplicativo e então retornou a Belo Horizonte levando o cadáver da garota no colo. Tudo indica que eles disseram ao motorista que ela estava dormindo. Ainda estamos apurando se o motorista, de fato, não sabia de nada, mas a história é factível, já que a distância entre BH e Divinópolis é pequena", observa Resende Kopke.
Denúncia de vizinho
O corpo de A.L.C foi encontrado na madrugada de terça-feira (24/8) pelo proprietário de um barracão situado no Beco Maracanã, no Bairro Perobas, em Contagem, Grande BH, onde a família morava.
Segundo informações do boletim de ocorrência, ele afirma ter alugado a casa para Lucas, seu conhecido, desde meados de março. Os inquilinos não eram vistos desde sábado (20/8).
O denunciante afirmou à PM que, durante o fim de semana, sentiu um cheiro forte vindo da residência e então bateu na porta para verificar a causa. Ele encontrou o espaço trancado. Diante da situação, pegou a chave reserva e chamou um vizinho para ir até o barracão.
Lá dentro, o proprietário viu um saco enrolado debaixo de uma das camas do quarto, além de manchas de sangue no banheiro. Ele chamou a PM, que verificou que o saco continha um corpo do sexo feminino.
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